Crônica

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Uma boa roupa
Uma boa cara
Um belo par de sapatos
E todos os dentes na boca
De cidadão comum
A cidadão privilegiado
Uns dizem que é mérito
quando meritocracia nem existe no nosso dicionário
Fazemos jus a nossa fama e morremos de fome
Todos os dias da semana
Exceto sexta
a sagrada e bendita
que nos alimenta com seu excesso e nos enche de vaidade
Que se consagra no domingo
Junto com o pão e com o vinho
Partilhados em corpo e espírito
De um rei morto
julgado e torturado
por homens justos
Os mesmos que agora
assentam a sua mesa
E pedem prosperidade
ao invés de perdão

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