Procura-se um namoradinho

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NOTAS INICIAIS:

Shortfic original escrita por mim, portanto, sem plágio.  A história foi desenvolvida para o desafio de dezembro do grupo Ficwriter Facts - Fábrica de Histórias. A capa é um modelo do Canva. O livro "Procura-se um marido" da diva Carina Rissi serviu como fonte de inspiração. Ela terá 7 capítulos e, como já está bem adiantada, não resisti e tô postando. Será concluída até 31/12/2018, fé em Cher. Boa leitura e comentários são bem-vindos ♥



De uma maneira geral, adoro essa época do ano. Ver a cidade colorida por enfeites polares que não combinam com o nosso verão infernal é controverso, porém muito engraçado. Trocar presentes com a brincadeira de amigo oculto pode ser bem divertido e uma ótima oportunidade para pedir algo que queremos há muito tempo — claro, dentro de um orçamento viável a todos os participantes. Receber o décimo terceiro salário e ter a falsa ilusão de que ficamos ricos é maravilhoso. Reclamar, mas não conseguir ficar indiferente à música Então é Natal, da Simone, que toca à exaustão nas lojas e supermercados abarrotados de gente. Testemunhar o misterioso descongelamento anual do rei Roberto Carlos, que sempre ressurge para mais um especial natalino. Enfim, são tantas emoções, bicho!

Por outro lado, tem uma coisa que me irrita profundamente nas celebrações de fim de ano. Os parentes que brotam de todos os lados e se instalam na casa dos meus pais durante elas. Para ser mais específica, uma pergunta inconveniente que adoram soltar no ar como quem não quer nada. Muito pior do que a batida É pavê ou pacumê?, temos a terrível e muito sem noção E os namoradinhos?

Sério, poucas coisas no mundo despertam um instinto assassino em mim. Essa pergunta é uma delas. Já perdi as contas de quantas desculpas inventei e quantas respostas atravessadas disparei para minar essa piadinha imbecil. Mas ela sempre volta no ano seguinte como uma assombração de arrepiar a nuca e, cada vez mais, com um tom de cobrança que não faz o menor sentido.

Como se fosse fácil encontrar alguém que valha a pena namorar. Como se fosse minha obrigação encontrar a alma gêmea perdida nesse mundo enorme. Ou como se tivesse algo errado comigo por simplesmente ter cansado de procurar e preferido ficar solteira mesmo. Aliás, estou muito bem assim, obrigada. Aquele ditado popular — Antes só do que mal acompanhada — é meu lema de vida.

Além disso, sempre tive prioridades muito importantes com as quais me preocupar. Até os 17 anos, eram os estudos regulares. Depois, a preparação ensandecida para o vestibular. Em seguida, não enlouquecer com a faculdade de Letras. Atualmente, me concentrar nos trabalhos, no estágio, no emprego que tenho em paralelo com os estudos cada vez mais puxados, em conciliar tudo isso com os meus pequenos prazeres que se resumem a: livros e quadrinhos para me entreter das leituras complicadas da faculdade, séries maravilhosas para maratonar sempre que posso e o que restou da minha vida social.

Veja bem, não sou nenhuma santa. Entre uma etapa e outra, tive alguns rolos — e não eram de papel higiênico, juro! Alguns namoricos breves, ficantes e paixões que infelizmente não deram certo. Mas relacionamento sério do tipo que fazemos questão de expor no status do Facebook? Namoro firme que sobrevive até o fim do ano e evita a perguntinha idiota dos parentes chatos que tanto me atormenta? Nunca.

— Já sei! É isso! — grito de repente, ao me dar conta de algo muito elementar. — Como eu não pensei nisso antes? É uma ideia brilhante!

Olho para o meu melhor amigo, André, que está deitado na minha cama, com as costas apoiadas na cabeceira e os olhos marejados por mais uma morte trágica em Greys Anatomy. Ele também parece ter levado um baita susto, já que levou a mão ao peito e me encara um tanto abismado. Será que gritei muito alto?

E os namoradinhos?Onde histórias criam vida. Descubra agora