Parece até um casal de verdade

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Quem diria? O tal Daniel está saindo melhor do que a encomenda. Nosso piquenique no Ibira acaba se mostrando bem divertido, a manhã está sendo bem agradável e é muito legal conhecer melhor o meu namoradinho fajuto. Talvez, quando a farsa acabar, nós possamos ser amigos. No momento, tudo o que sei é que seria uma pena perder o contato com ele. É um cara bacana no fim das contas e o seu senso de humor afiado tem certo charme.

Enquanto o dito cujo atualiza o status de relacionamento no Facebook sob meu pedido, me dou conta que estou olhando demais para ele. Em minha defesa, a luz do Sol realçou o tom castanho do seu cabelo e achei... meio bonito.

Afasto esse pensamento e pego meu celular na bolsa. Abro a rede social e checo as notificações. Para todos os efeitos, somos um casal, então para que todos se convençam disso é melhor expor para Deus e o mundo antes do Natal.

— Muito bem. — Finjo um suspiro ao ver o status atual. — Daniel Rodrigues está em um relacionamento sério com Marina Gonçalves. Você é um cara de muita sorte, sabia?

— E você é muito doida. — Ele ri, sacudindo um pouco os ombros. — Que tal uma foto?

Antes que eu assimile a proposta, Daniel se aproxima de mim, encosta o corpo no meu — me causando um calor engraçado e... bom? — e abre a câmera do smartphone junto com um largo sorriso.

Faço um esforço para retomar o foco e encarno o papel, aninhando a cabeça no seu ombro e sorrindo do jeito mais apaixonado que imagino que as pessoas sorriem nessas horas.

Daniel ainda propõe mais duas fotos depois. Uma com nós dois fazendo um coraçãozinho com as mãos. Outra das nossas mãos entrelaçadas junto à toalha quadriculada do piquenique. Sinto aquele calor impróprio de novo quando minha pele encosta na dele.

Enquanto ele posta tudo imediatamente e faz as marcações em todas as redes sociais possíveis, me pego olhando para o seu rosto de perfil. Não tinha reparado quando o conheci naquele Starbucks, mas até que Daniel é bem bonitinho. Não no sentido de feio arrumadinho, longe disso. Tem algo nele que o torna bonito e só agora notei. Uma beleza natural e acolhedora.

— O que está olhando?

Ah, não... Ele me pegou no flagra! Será que eu olhei demais? Por que diabos fiquei olhando? Será que babei? Não! Minha boca está bem seca...

Estranhamente nervosa, disfarço como posso:

— Nada! Digo... É que eu quero tirar uma foto também.

Daniel estreita o olhar e um leve sorriso brinca em seu rosto.

— Tudo bem. E o que eu tenho que fazer?

Penso rápido.

— Encosta a testa na minha.

Eu podia ter pensado melhor, mas agora não posso voltar atrás na sugestão. Posso?

— O quê...

— Encosta a testa na minha, príncipe — reforço, sorrindo para ele do jeito mais descompromissado que consigo, tentando convencê-lo de que não tem nada demais nisso, tentando convencer a mim mesma. — Vem logo, eu não mordo.

Daniel hesita e, por um momento, acho que ele também está exalando algum nervosismo misterioso. Seja impressão minha ou não, ele assente com um meneio de cabeça depois e se aproxima. Com cuidado, faz exatamente o que eu pedi.

Não sei dizer o que sinto quando a pele quentinha roça a minha testa e se apoia nela suavemente, só sei que me arrependo da sugestão porque isso exige um contato visual contínuo. E constrangedor. Ainda assim, muito bom. Os olhos de Daniel são castanhos, mas têm uma borda meio esverdeada...

E os namoradinhos?Onde histórias criam vida. Descubra agora