Deadly Betrayal [ChanBaek]

.quando eu lia, lento e triste

"Cara, você tem certeza de que vai sobreviver sem mim?"

"Vai tomar no seu cu." Respondi sem hesitar. Diante de mim estava Wu Yifan. Formávamos uma dupla de postes desde que nos entendemos por animais. Aparentemente ele esperava uma despedida bem melosa, visto que em menos de poucas horas ele estaria em uma avião para a puta que pariu (China). Estávamos no banco traseiro do carro dos pais dele. Depois de acompanhá-lo até o aeroporto, eu pegaria um táxi para casa. Olhem onde estou gastando meu precioso dinheiro.

"Sei lá, nos filmes essas despedidas são todas cheias de frescura. Na vida real é esquisito."

"Cala a boca antes que eu comece a chorar." Reclamei. Percebam que estou expressando minhas emoções agressivamente ao invés de me afogar em lágrimas. Não há nada de errado, Park Chanyeol, disse para mim mesmo. Seu melhor amigo e seu pai não abandonaram sua vida. Não há um buraco na sua existência. Está tudo bem. Wu Yifan, quem era esse? Seu melhor amigo de infância. Foda-se. Vai ficar tudo bem.

Aquele projeto de ser pensante havia almoçado em minha casa antes que seus pais o buscassem. Na tarde anterior ele e sua família preparam as malas, assim deixando a manhã seguinte livre para emoções babonas se manifestarem. E é isso aí. Minha vida estava uma tremenda bagunça, eu precisava voltar para ajudar minha mãe com o restante da mudança. Ainda não havia dado tempo de desencaixotar e organizar todas as tralhas em nosso apartamento novo. Por isso, após chegarmos ao aeroporto e tirarem tudo do carro, eu abracei Yifan todo meloso, abandonando a carranca que sustentei durante o trajeto. Não podia chorar na frente desse cuzão, ou ele me zoaria pelo resto da vida. Isso se algum dia nos víssemos novamente. Enquanto eu o abraçava, ele ria de nervoso. Maldito.

"Te odeio porra." Eu disse me afastando um pouquinho.

"Também te odeio, caralho." Pude ver que seus olhos estavam um tiquinho mais úmidos que o normal. Estendi a mão em frente a seu rosto, esperando. Meu melhor amigo enfiou a mão do bolso da calça e de lá tirou uma nota, depositando-a em minha destra para pagar a aposta de quem choraria primeiro. "Você é uma pedra."

Não neguei, apenas enfiei o pagamento em meu próprio bolso. Dei um sorriso torto e me despedi mais uma vez enquanto ele e a família se afastavam cada vez mais. Usei o dinheiro da aposta para pagar um táxi. Durante o trajeto de volta para minha casa, uma lágrima desceu por meu rosto. Só uma.

Vejam bem, Park Chanyeol & Wu Yifan sempre foram a dupla do século. E de um dia para o outro, não eram mais, pois estariam em países diferentes. Aparentemente algo acontecera com os avós dele e mesmo seus pais não tendo qualquer vontade de voltar a morar na China, família vem em primeiro lugar. Não venham achando que nós só conversávamos um com o outro, sem frescura aqui. Falávamos com um monte de gente, mas era um no outro que a gente mais confiava.

O novo apartamento localizava-se no quarto andar. Se não consegue calcular precisamente o quão alto isso é, basta saber que eu morreria se caísse da janela. Fui de elevador mesmo (preguiça) e fiquei encarando a lágrima, imperceptível se não soubesse onde procurar, que havia escorrido minutos atrás pelo reflexo. Meu cabelo até que estava arrumadinho, mas as roupas pareciam de mendigo.

Seria esse meu visual habitual? Não costumo fazer comparações entre minhas roupas e trapos de moradores de rua. Em poucos segundos a porta abriu-se. Quando eu estava passando por ela, um cara brotou do nada tentando entrar. É sério. Juro que ele não estava na frente esperando nem nada. Só brotou. Desnecessário dizer que foi constrangedor. Quase caí. Mas a culpa não foi minha, ele é quem estava com pressa.

Encarou-me, nitidamente irritado. "Mas que caralho, presta atenção." Só não mandei o fulano se fuder porque ele estava bem vestido e era bonito, então poderia ser alguém importante. Não era baixinho, pelo contrário, tinha uma boa estatura, cabelos pretos, rosto sério. Além disso, não parecia estar tendo um dia dos melhores, compreensível. Basicamente, deixei pra lá e segui em frente, até a porta do apartamento correto. Abri usando minha cópia da chave e entrei pronto para descansar por 5 segundos antes de pensar em fazer qualquer coisa útil. Minha mãe eu sabia que estaria me esperando para algo. Minha irmã eu já não tinha certeza.