Toda vez que você me toca
Eu fico um pouco sem fôlego
Eu não deveria querer... mas é você.
Calum Hood estava rabiscando em um pedaço de papel que encontrara meio amassado embaixo do caixa, na farmácia 24 horas em que trabalhava cinco dias por semana. Entediado, sentou-se no banquinho de descanso e fechou os olhos, suspirando preguiçosamente e largando o lápis de qualquer jeito em cima do balcão. Estava com as costas doloridas por passar muito tempo em pé, porque os farmacêuticos matutinos sempre faziam uma tremenda bagunça nas medicações e Calum, que tinha um complexo quase doentio por arrumação, via-se obrigado a ajeitar tudo antes de finalmente se permitir descansar.
O movimento na farmácia, à noite, era quase nulo. Raramente alguém entrava para comprar alguma coisa decorrente a alguma dor que a fizera sair da cama no meio da noite. Seus pais superprotetores odiavam que o filhinho caçula trabalhasse no período noturno, sempre dizendo que a farmácia poderia ser assaltada e que não haveria ninguém para protegê-lo caso acontecesse. Sabia que era perigoso, mas era a melhor coisa que conseguira arrumar quando passava quase o dia inteiro na faculdade e não tinha como trabalhar durante o dia. As pouquíssimas horas de sono diárias fizeram com que olheiras cansadas marcassem seus olhos chocolates, que sempre pareciam graciosamente sonolentos e o davam uma aparência fofa e quase infantilizada, mesmo que constantemente ficasse irritado com quem lhe dizia que parecia criança demais para agir como se fosse um adulto – o que, de fato, não era. Calum mal completara seus vinte anos.
O farmacêutico responsável, que deveria estar com Calum, sempre dormia no depósito, mandando-o se virar e acordá-lo caso se atrapalhasse com alguma coisa. O moreno, entretanto, nunca o chamava. Conhecia muito bem seu trabalho, mesmo com pouco tempo. No curso que fizera antes de começar a passar noites atrás do balcão, era o aluno mais aplicado. Mesmo que não fosse exatamente o mais inteligente da turma, era o que se dedicava mais. Sabia que uma medicação errada poderia até matar alguém, e carregar a culpa por uma morte não era exatamente os planos que tinha para sua vida.
Foi acordado dos seus devaneios quando alguém entrou na farmácia. Imediatamente saltou no banquinho e pôs-se ereto, sorrindo condescendente para o homem desconhecido que entrara e passava meio hesitante entre as prateleiras baixas, como se procurasse alguma coisa. Parecia meio hesitante, quase atrapalhado, enquanto mordia de leve o lábio inferior e começava a olhar os rótulos de produtos aleatórios. Calum tamborilou os dedos no balcão algumas vezes, observando-o melhor com seus olhos curiosos. De alguma maneira, ele parecia com um dos príncipes saído de algum dos livros que lia quando pequeno. Era alto e bonito, dentro dos jeans apertados e escuros, sobretudo preto e cabelos castanhos levemente bagunçados e cacheados; sua figura, com certeza, se destoava completamente de todas as pessoas que geralmente entravam ali.
Algum tempo depois, ele se aproximou do balcão com um desodorante corporal em mãos. Calum murmurou um "boa noite" educado e passou o produto no caixa, dizendo-lhe o preço logo em seguida enquanto guardava o produto em uma sacolinha com o slogan da farmácia. O desconhecido o pagou em silêncio e pegou a sacola, agradecendo antes de virar para ir embora. Calum suspirou, mordendo levemente o lábio inferior. Nos últimos meses andava sentindo-se estranhamente carente e constantemente tinha vontade de flertar com alguém, e quando via homens tão bonitos sua vontade de finalmente ter algum contato humano aumentava ainda mais.
Havia dado seu primeiro beijo aos dezessete anos e depois demorou dois anos para beijar alguém novamente. Não tinha muito tempo para namorar, porque além de ser meio tímido quando o assunto era romance, passara tempo demais estudando para conseguir entrar na faculdade e acabou deixando sua adolescência passar sem fazer aquelas loucuras que algumas pessoas costumavam se orgulhar e contar quando se juntavam para beber em algum pub. E também, como tinha certa preferencia por beijar garotos, era difícil encontrar alguém interessante que tivesse as mesmas vontades proibidas. Viviam em uma sociedade muito conservadora para que encontrasse um homossexual em cada esquina que passasse.
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(Cashton) Problem
Fanfic| CASHTON | OS + LEMON + 18 | Calum mordeu a língua enquanto a pergunta que queria fazer quase escapou dos seus lábios contra a vontade. Seria algo como: “você já conseguiu ter uma ereção?”