10.

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Luísa acordou num espaço que lhe era completamente estranho, com o teto branco e um cheiro demasiado forte a água oxigenada.

Hospital.

Ela pensou ao relembrar o seu desmaio.

- Luísa. - ouviu aquela voz e logo olhou ao seu redor, notando Rúben sentado na pequena poltrona, um pouco afastada da cama da morena.

- Rúben. - o jogador não hesitou em levantar-se, sentando-se do lado da órfã.

Pegou as mãos dela, deixando um beijo demorado nos dedos da amada. A milhas de distância, era possível notar o olhar transtornado e preocupado do atleta encarnado.

- Tu não devias estar a jogar, Dias? - ralhou com o moreno que, apenas erguiu os seus ombros.

- Não conseguir ficar a segunda parte. Pedi ao treinador para sair. - abanou negativamente com a cabeça. - Esperei pelo teu telefonema, tal como te pedira assim que chegasses ao Estádio. Nunca aconteceu. Comecei a ficar bastante preocupado pois, desde manhã que sentira que algo não estava bem. Liguei-te, por diversas vezes mas, tu não atendestes. Não consegui sair logo no início pois o jogo estava a prestes a começar. Pedi ao Ivan que fosse a tua casa. Foi ele te trouxe para aqui e no intervalo, não conseguiu esconder-me o que, realmente, se passara contigo, devido à minha insistência. - detalhadamente, partilhou os acontecimentos das últimas horas. - Solicitei autorização do mister para que ele me pudesse dispensar. Não estavam em condições de continuar a partida. Iria apenas prejudicar a minha performance e, mais do que isso, o desempenho de toda a equipa. Não o poderia permitir. - continuou.

- Desculpa por fazer-te passar por isto. - ela pediu perdão, acariciando os dedos do moreno.

- Foda-se, Luísa, pára de pedir desculpa. O meu lugar é aqui. Junto de ti. Por favor, não me afastes e pára de te culpar. Desde que te conheci que sou, ainda mais, feliz. - a rapariga quase desatou a chorar ao ouvir tais palavras.

Ao menos se ela as pudesse ouvir para o resto da vida..

- Eu juro que tentei ligar-te, tentei alcançar o telemóvel mas, não consegui. A última coisa que me lembro foi de ter caído ao chão. - pausou por meros segundos. - Eu pensava que ia morrer logo ali. - engoliu em seco. - Eu só pensava no quanto eu precisava de me despedir de ti e, não tivera a oportunidade. - Rúben comprimiu os olhos, o seu semblante de dor visível.

- Eu só queria que tivéssemos mais tempo.. - num murmúrio, o jogador confessou.

- Eu também, jogador. - ela sorriu-lhe em forma de conforto. - Mas, estou tão mas tão grata pelo tempo que, junto, passámos. - genuinamente proferiu.

Rúben esboçou um fraco sorriso, o melhor que podia dar numa altura como aquelas e, deixou um beijo nos lábios da amada, este que tinha o sabor amargo da despedida.

- Por favor, fica comigo. - num sussurro desesperado, com a sua testa encostada à dela, o número seis das águias, implorou.

- Não posso, meu amor. Eu, realmente, preciso de ir. - no mesmo tom de voz, a lisboeta refutou.

Para além de perder a sua família, nunca algo lhe custara tanto.

Adeus Amor Adeus | Rúben Dias Onde histórias criam vida. Descubra agora