10 de Outubro. Então entra um breve silêncio. Consigo ouvir as folhas caírem ao meu lado, o vento soprava ao meu corpo e pude ver meus dois irmãos novamente.
Meus olhos encheram-se de brilho. Anna estava tão linda naquele vestido branco com seus longos cabelos que voavam a cada sopro que o vento frio passava entre nós.
Falando em frio...lá estava ele. Agnus tão frio quanto o inverno do Sul, seu olhar era como de um leão faminto sedento por carne, ele olhava pra mim de forma tão escura que até as flores do pátio murcharam. Talvez por medo, talvez por falta de vida naquele lugar.
Dei um passo a frente, respirei fundo fechando os olhos, dava pra sentir o cheiro da terra molhada. Minha morte já era evidente pois nesses 2 anos que se passaram eu fiquei muito doente, mal conseguia respirar, não tinha ânimo para comer. Tive hemorragias intensas e meus olhos ficaram azul tão claro que você podia ver o seu reflexo perfeitamente em meu olhar morto. Meu corpo doía tanto que era como se eu estivesse sido fuzilado e jogado de uma montanha em pedras afiadas.
Até fui em médicos, me disseram que não tinha cura que eu poderia morrer a qualquer momento, era uma doença tão rara que acontecia de menos 1 em 1 milhão. Eu não tinha dúvidas, era a minha hora, mas eu só queria que me perdoassem pelo que fiz. A tamanha desgraça que causei em suas vidas.
Mais chega de enrolar é hora de acertar as contas. Agnus saca sua lâmina de um metro e meio.
Ela brilhava tanto quanto o sol naquele dia, ele vem andando devagar, seria nossa última conversa... "-Porque fez tudo aquilo? Porque tirou a vida de nossos pais? Nossa felicidade ?" Disse Agnus, um exemplo de coragem pra mim.Eu não conseguia dar uma palavra...mas eu amava tanto os dois, poderia muito bem partir pra cima cortar suas gargantas e tudo estaria acabado. Mas eu os amava demais para isso,seria como estivesse cortando um pedaço de mim...
Então puxo minha espada para o meu próprio irmão, aquele que me salvou quando criança,o qual eu pude contar para qualquer problema.
Ok...começou! O primeiro golpe foi o meu, torci tanto para que ele pudesse se defender. E sim ele conseguiu ! Nossas espadas se chocam com tanta força que os corvos que assistiam nossa luta esperando por nossas mortes acabam voando para um outro local por conta do barulho que faziam nossas poderosas Ken's de quase 2 metros.
Minha lâmina contra a dele, força contra força, amor contra ódio, sinto meu corpo arrepiar a cada barulho de nossas espadas. Saíam faíscas a cada golpe desfrutado de nossos braços, meu suor voa sobre o vento, minha lâmina reflete o reflexo do olhar de ódio do meu irmão. Luto sem demonstrar nenhuma expressão facial pois eu já não tinha mais vida.
Abaixo a guarda por um segundo e...(shin!) Ele consegue acertar um corte não tão profundo em meu peito. Eu não sinto a dor física, talvez porque a dor que senti por esses anos superaram por completo qualquer dor física que eu poderia sentir hoje.
Fico surpreso por Agnus conseguir me ferir, é sinal de que ele estava mais forte.
Começo a cuspir sangue, minha doença já estava me matando por dentro, meus pulmões quase parando por completo. Não havia o que fazer,então decidi contar a verdade.Anna chorava e gritava para pararmos com aquela briga tão violenta, mas ele não ouvia. Pobre alma...estava tão motivada por sua vingança que não conseguia ouvir mais a voz doce de sua querida irmã.
E então Agnus me corta diversas vezes,sangue se espalham por todo lado. Meu corpo esfria. E mais uma vez...(shin!) Agnus penetra sua espada em meu peito, atravessando a ponta do outro lado e me empurra contra a parede. Eu conseguia ver a felicidade no rosto do meu irmão por concluir a vingança que teve sobre um demônio como eu.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Alma Da Dor.
Historical FictionUm menino que perdeu seu pai ainda quando criança, parte em busca de um lugar para sobreviver e lá encontra novos amigos sobreviventes da guerra, também órfãos assim como ele que logo se consideram irmãos. Ele trai a confiança de seus novos irmãos o...