1 mês de namoro. Finalmente, eu encontrei a felicidade que tanto queria estava muito, muito feliz por estar ao seu lado.
Eu sorria a todo tempo até mesmo sozinho, pensava nela a todo momento, tudo me lembrava a Ester. Os caminhos em que eu andava, flores, livros, a praia literalmente qualquer coisa. Até o ônibus, porque era o pior momento do dia, o momento em que ela voltava pra casa.Eu estava amando aquela garota como nunca tinha amado ninguém na minha vida nem mesmo a mim, mas, eu sabia que nem tudo ia ser um mar de rosas.
Se passaram dois, três, quatro, cinco meses... E nosso relacionamento estava...como posso dizer? Desequilibrado. Discutimos muito, o ciúmes era grande, ainda mais do meu lado e a gente se via muito pouco com o passar tempo.
Estava insatisfeito com aquela situação, mas eu não queria me separar dela, então, a chamei para conversar e decidi que não queria mais discutir com ela e tentaria controlar mais o meu ciúme. Bom... eu tentei mas tem horas que é impossível segurar.
Quando completamos 7 meses estava tudo de cabeça pra baixo entre nós, mas, acho que a culpa foi minha. Por não conversar, por não me esforçar mais...ou talvez não.
Nesta parte eu estava certo, deveria conversar mais. Acho que todo relacionamento é assim, nós passamos por dificuldades com o parceiro e ficamos calados, segurando o peso de tudo.
Mas eu, eu estava sobrecarregado, o passado me atormentava, o peso de nossos problemas eram demais para mim junto com a rotina cansativa, família, lutas e etc.
Infelizmente nesse mês nós nos separamos. Ela decidiu dar um fim. E eu? eu aceitei...Aceitei com uma dor muito grande no coração, eu não conseguia fazer nada durante aquela semana. Estava tão triste que até quem queria me fazer mal me ofereceu ajuda.
Mas vida que segue, ainda voltamos a nos falar, mas parece que tudo entre nós esfriou. Tentamos recomeçar, mas, sentia que a vontade dela não era essa. Então eu me afastei.
Afinal de contas o que há comigo? Porque tudo tem que dar errado? Será que eu fui condenado a não ser feliz?
Eu sempre me fazia essas perguntas e sempre que aconteciam coisas boas sequencialmente eu já sabia que algo ia dar errado no final, então já ficava preparado.
Enfim. Depois do término eu tentei me relacionar com outras garotas, mas, não era a mesma coisa. Eu ainda amava a Ester e por mais que eu ficasse com outra pessoa minha cabeça estava totalmente voltada para ela, e eu não me sentia bem com tudo aquilo.
Então 4 meses depois do término eu decidi que ia parar, parar de ter esperanças em que um dia ela fosse voltar, parar de ter esperanças que ela ainda me amasse, parar de lutar pela minha felicidade.
Eu me envolvi em lutas de rua, por incrível que pareça aquilo me deixava mais leve. O calor da batalha me fazia esquecer dos meus problemas. Infelizmente não era sempre que podia estar ali, mas, era relevante.
Numa terça-feira voltando desses eventos de luta eu me distrai enquanto atravessava a rua. E a minha direita vinha um ônibus. Não estava em alta velocidade, mas, foi o suficiente para me jogar uns 5 metros dali.
O motorista desceu morrendo de preocupação, me abraçou perguntou se eu queria que chamasse uma ambulância, mas, não achei que havia necessidade. Então pedi desculpas pela minha falta de atenção e fui embora.Aquilo doeu, mas, eu precisava de uma pancada daquela. Por um momento vi minha vida inteira passando em minha frente e percebi o quanto o tempo de nossa vida é curto. Você pode estar totalmente bem no momento e do nada pode morrer. Talvez bebendo água, por uma queda, um acidente ou nos mais simples dos casos o coração parar. Para morrer basta apenas estar vivo, não importa a idade, o lugar. Uma hora vai ter que acontecer.
Eu estava tão confuso sobre mim. Por qual motivo eu estaria vivo depois daquele acidente? Será que eu tenho algum propósito nesta terra? E todos os dias que eu acordava eu me sentia cada vez mais distante do mundo, como se eu não estivesse mais vivo. Não sei o que aconteceu parecia que minha alma não pertencia mais a mim.
Andando pela rua conheci uma garota. Ela era gente boa, bonita, tinha uma voz linda e um belo sorriso. Estávamos indo para o ponto de ônibus e começamos a conversar um sobre a rotina do outro, sobre nossas famílias o que gostávamos de fazer nos dias livres e tudo mais.
Aí ela vem dizer algo que me doeu. " Gostei de você." cara a dor era como se estivesse batido o dedo mindinho do pé numa quina de um móvel. Eu por educação respondi o mesmo, mas, até que eu gostei mesmo. Só que estava traumatizado não queria que passasse daquilo, então eu fui me afastando aos poucos.
Era domingo, fui até o telhado de casa olhar as estrelas. E que sorte. Poder estar tão alto, livre, e brilhar em meio a escuridão. Era tudo o que eu queria, sair deste mundo ir para o além. Ou simplesmente deixar de existir quando o sol aparecer.
No dia seguinte eu fui lutar e pra minha linda "sorte" tive que lutar com 5 oponentes ao mesmo tempo. Eu já não estava muito bem, estava fraco, machucado, e meio doente, mas, fui lutar assim mesmo e dane-se.
No meio da luta já com alguns hematomas um dos oponentes acertam um chute em minha costela fraturando a mesma. Dou 3 passos para trás lentamente cuspindo um pouco de sangue e abraço minhas costelas tentando conter a dor. Respiro devagar e armo minha base, não tinha como fugir então é tudo ou nada.
Avanço em cima dos oponentes e foco em acertas as pernas para ter mais controle da luta, um adversário com as pernas machucadas, é um adversário lento, adversário lento, alvo fácil.
Ainda bem que não eram tão experientes em termo de estratégia em luta então foi " fácil " escapar. Bom, fim de luta e eu saio com a vitória e direto para o hospital. Se tem algo que eu odeio é hospital. É um clima chato, pessoas doentes com uma cara triste e as atendentes com cara mais mortas do que os pacientes.
Fiz um raio x e tive que colocar as costelas no lugar. Que dor, era como se estivesse passando uma navalha por dentro de minha pele, demorou mais ou menos 15 a 20 minutos. Parecia 1 ano naquela sala meu Deus. Dava pra ouvir meus gritos naquele corredor inteiro.
Saindo da sala mancando, suado e arrependido de ter ido naquele hospital. Eu deveria ter ido pra casa nem estava doendo tanto antes.
Então vem a pior parte, chegar em casa. Chegar em casa nem foi o desafio, o desafio mesmo foi permanecer em casa. Meu irmão e primos me abraçaram, aquilo me deu uma agonia por conta da costela. Minha mãe perguntou se eu estava bem e eu com a maior cara de ator sorrindo dizendo que sim.
Hora do banho, cara que alívio. Um banho quente pra relaxar era tudo que eu precisava. Passei horas no banheiro pensando na vida, no colégio, em arrumar um emprego nas pessoas que perdi. Acho que o banheiro é o melhor lugar para se pensar, é incrível você se inspira, você consegue pensar melhor, você se sente seguro.
Após terminar o banho, visto uma roupa leve e vou me deitar. O corpo todo tenso, pesado, machucado. Parecia que eu tinha saído da guerra.
Fecho os olhos e penso no passado, eu sei. Passado é passado, mas, vamos aceitar. Ninguém esquece o passado. Mesmo que você ignore ele ainda vive em você.
Naquela noite ainda deitado na cama sinto algo pesado em meu coração, o peito rasgando e apertando, como se eu fosse ter um infarto. Me levanto e vou para o sofá, com o corpo gelado abraço a mim mesmo até cair no sono.
05:00 da manhã me levanto para arrumar a casa ainda meio lento e cheio de dor. Comecei varrendo, lavei as louças, lavei as roupas, fiz o café e resolvi sair para caminhar pelo bairro.
Obrigado
por acompanhar até aqui
Por favor aguarde o próximo capítulo.
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Alma Da Dor.
Historical FictionUm menino que perdeu seu pai ainda quando criança, parte em busca de um lugar para sobreviver e lá encontra novos amigos sobreviventes da guerra, também órfãos assim como ele que logo se consideram irmãos. Ele trai a confiança de seus novos irmãos o...