Encontros de Famílias

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4 dias se passaram e resolvemos procurar a mãe da Sarah, ela disse que estava não tão distante do aeroporto então tínhamos mais esperança de encontrá-la.

Foi dito certo, a mãe dela morava tão perto que encontramos ela no mercado, eu confesso estava morrendo de vergonha. Lá vou eu em direção a ela e Sarah estava muito contente, a primeira coisa que fez foi me apresentar a sua mãe após abraçá-la.

- Mãe esse é meu namorado, ele me ajudou a chegar até a senhora.
- Olá é um prazer te conhecer e obrigado por ajudar minha filha.
- Igualmente senhora... eu que agradeço por me dar este presente maravilhoso.

Começamos a rir, peguei intimidade muito rápido com a mãe dela, um amor de pessoa, a melhor pessoa de 1 metro e 46 centímetros que conheci na vida.

Ela foi pra casa com a mãe e eu fiquei no hotel, passaram-se 2 dias e ela não voltou, então decidi dar uma volta pelo bairro pra conhecer.

Saí a noite, chuva, frio mas não estava tão tarde então não estava com pressa para voltar. Caminhando pela calçada havia um velhinho que vinha em minha direção.

- Oi Ricky
- Oi? Me conhece?
- Sim, mais do que qualquer um aqui nessa cidade.
- Como assim?
- Sei quem você é, quem são seus pais, onde sua mãe mora e o que passou. Quer vir comigo?

Eu não acreditava nele, afinal isso seria impossível, nunca tinha visto ele antes na minha vida.
Mas decidi arriscar, segui o coroa até o local desejado.

Chegando lá eu vi uma coisa familiar,  o cheiro que meu pai tinha era o mesmo cheiro daquele ambiente. Apareceram pessoas e vinheram me cumprimentar.

- Meu Deus você é o Ricky? Filho do Akira?
-Ricky?
- Príncipe Ricky?
- Sim...mas como...sabe? Pera aí, príncipe?
- Deixem o garoto em paz. Eu irei lhe contar tudo rapaz.

Eu não estava entendendo nada, várias pessoas vestidas de preto, com sapatos estranhos e máscara me chamando de capitão e príncipe? O que estava havendo ali?

O velhinho então me leva a um local totalmente lindo, havia um caminho de pedras e um degrau circular que ficava no centro dali.  E o lugar tinha uma cobertura de plantas e flores, com um lago logo a frente. Era totalmente lindo a luz da lua.

- Foi  aqui Ricky...onde seu pai e sua mãe vinheram quando estava grávida de você. Eu estava bem ali, atrás daquela árvore.
- Mas...quem é você?
- Eu sou seu "avô"
- A-avô?
- Sim, não de sangue, mas o seu pai ele era o nosso líder do Clã antes dele eu liderava, agora como legado dele você deve liderar.
- Clã? Eu líder? Deve está havendo alguma confusão.
- Não é. Porque acha que eles te chamam de príncipe?
- Eu não sei...
- Olha deixe-me explicar melhor. Eu treinei o seu pai quando pequeno, ele cresceu teve você e te treinou, ou pelo menos espero que sim.
- Sim...
- então é seu dever continuar a tradição do clã, você é o nosso futuro.

Caramba eu estava torcendo para que fosse mentira, mas era verdade. O colar do meu pai era de uma tradição bem antiga do Japão era usado por líderes da família Ushio o tal clã pelo qual eu iria liderar.

Os Ushios era uma família praticantes da arte de luta Ninjutsu, bem conhecida no Japão dos tempos de guerra. Mas da pra acreditar? Logo eu ? Líder de um clã? De ninjas ainda por cima.

Ele me levou para conhecer tudo, salas de treinamento, alunos, os antigos líderes que já estavam mortos mas seus quadros ficavam em uma sala que era super respeitada por todos. Eu tive até que lutar com um deles para testar minhas habilidades. E...minha força era absurdamente fora de contexto perto deles.

O coroa ria que nem louco " É, você é bem mais forte que o seu pai,mas vai ter que aprender a controlar seu instinto de assassino, aqui quem mata acaba sendo preso."
Eu não queria mais aquilo pra mim, matar, machucar as pessoas, já não me fazia mais bem.

Depois de algum tempo perguntei sobre minha mãe. E para a minha sorte ele sabia onde ela morava, fiquei tão contente em saber que era em um bairro dentro daquela cidade.
Peguei a localização correta e fiquei estudando como chegar lá.

Passei uma semana no clã, morando, treinando e me adaptando ao país, e eu estava pronto. Finalmente dia 22 de Fevereiro iria encontrar minha mãe depois de tantos anos sem ao menos saber se estava viva.

Peguei o ônibus, estava nervoso, tímido e ansioso para encontrá-la. Duas  horas naquele bendito ônibus num dia de sol rachando que chega causava arrepios em meu corpo. Mas não importa,desci do ônibus e fui guiando-me em direção a sua casa.

Chegando no portão, era a hora.  Aproximava minhas mãos do portão pronto para bater. Meu coração batia mais rápido do que hélice de helicóptero,estava suando de tão nervoso até que...

Minha mãe abre o portão, ela e um garoto pequeno ao seu lado. Me identifico e ela me abraça com seus olhos em lágrimas, não demora muito e acabo chorando também. Era tudo o que eu queria naquele momento abraçar minha mãe.

Vocês devem estar se perguntando. E o garoto ao lado dela? Então... sabe quando minha mãe estava doente e saí com meu pai para comprar remédios? A verdade era que minha mãe estava grávida e aquele garoto era meu irmão.

Nos abraçamos botamos os papos em dia e tudo mais. Voltei para o clã no final do dia para agradecer a todos, falei com a Sarah que também encontrei minha mãe. Ela ficou feliz e comemoramos em uma pizzaria perto de sua casa.

1 mês e 7 dias se passaram. Passei meu aniversário de 15 anos com minha mãe,foi o primeiro depois do sumiço, já estava morando com ela, foi algo maravilhoso, tinha intimidade com meus tios, tias e meu irmão caçula.

1 ano depois fui morar com meus avós adotivos, é os pais do meu pai eram adotivos. Mas isso não interferia pra mim até porque o meu avô era importante pra mim. Nesse ano que se passou eu e a Sarah tivemos muitas brigas e terminamos por conta do clã, não queria que ela se machucasse era muito perigoso. Então tomei a decisão de ir pra um lado e ela para o outro.

Eu chorei muito por saudades dela, nunca mais nos falamos, tive que tratar ela de forma ignorante e fria senão ela não iria se afastar, tudo começa de novo.

Me afundo em uma escuridão incontrolável, sofri demais, tive que deixar de comer para ajudar a minha mãe os tempos estavam difíceis para todos nós.
Escola ? Eu saía 04:00 horas de casa, não havia um brilho do sol ao céu, pegava ônibus totalmente cheios e abafados chegava no colégio às 07:00 e ai de mim se chegasse às 07:01 nem passava do portão. O colégio era tempo integral então tinha aula das 07:00 da manhã  as 17:45 da tarde.

Saía correndo do colégio para ir ao clã, treinar e dar aula, estava aprendendo a liderar ainda.
23:50 em ponto era o horário que eu saía de lá e voltava pra casa, cansado para no outro dia fazer a mesmas coisas.

Foram assim por 2 anos. Feito 17 anos já era capitão de elite do Clã Ushio,mas foram muitas lutas nesses anos. Fui torturado,recebi altas cargas de eletricidade,envenenado, caminhei sobre brasa, tomei surras e tudo que você pode imaginar para um ser humano sentir dor, tudo isso para ter o máximo de resistência possível. Estava pronto para liderar, mas eu não queria aquilo pra mim, passei meu legado para o Kim, um amigo, mais que amigo um irmão que tive ali. Ele estava comandando bem, fui em suas graduações e todos estavam contentes com ele no comando.

Mas certo dia, acordei com uma notícia que eu não esperava acontecer. Sarah, assassinada brutalmente. Ninguém sabe o que de fato aconteceu ou quem foi o culpado, mas ela estava toda destruída...irreconhecível.

Naquele dia desde o momento em que acordei até a madrugada do dia seguinte. Eu chorei, chorei tanto que meus olhos sangraram. Dali pra frente eu já não sabia mais o que era ser feliz, não havia mais motivos para viver, eu saí na rua, nada me distraía, liguei para minha mãe e disse que a amava. Pensei em cometer uma loucura mas sei que ela não iria querer que eu fizesse isso.

No dia seguinte um amigo veio me consolar, o nome dele era Alexandre, ele disse que sabe como era perder alguém assim tão importante, pois sua mãe estava internada no hospital perto de morrer e a única saída  era um tratamento de 30 mil reais.


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