Uma Alma Perdida

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Eu apaguei assim que meu corpo se chocou ao chão. 15 minutos depois a ambulância chega e fui de imediato a emergência.

Meu corpo estava totalmente destruído, minhas costelas estavam quebradas, meus pulsos, pé esquerdo, alguns órgãos estavam danificados e estava tendo uma hemorragia fora de normal.

Eu fiquei 2 meses desacordado, e quando acordei estava tudo muito diferente. Eu enxergava um pouco cinza e azul, meus membros não se mexiam, eu estava com muito medo. Fechei os olhos e uma lágrima desce. Achei que era apenas uma lágrima, mas novamente era uma lágrima de sangue.

Os médicos estavam preocupados, chamaram diversos especialistas ninguém sabia o que eu realmente tinha de errado, era como se tudo estivesse normal mas aquele sangramento ainda estava ali.

2 meses se passaram e minha regeneração foi rápida demais, eu já estava melhor fisicamente, ou só aparentemente. Mas eu ainda não conseguia me mexer.

Numa segunda-feira a tarde uma garotinha passou pelo meu quarto e foi até mim, ela nunca tinha me visto e muito menos eu a ela. Mas assim que a vi meus olhos brilhavam.

" Oi. Tudo bem?"
Eu não conseguia dar uma palavra...então ela segurou minha mão e disse:
- Você vai conseguir sair dessa tá bom? Você está igualzinho ao meu pai, mas ele morreu. Só que eu sei que você não vai morrer tá bom? Você vai conseguir eu sei que vai, estou esperando minha mãe me visitar mas faz 1 ano e ela ainda não me ligou.

Ela derrama lágrimas de seu pequeno rosto angelical, eu fiquei totalmente triste e acabei chorando também, ela era tão linda seu nome era Aurora e tinha apenas 7 anos. Os dias foram se passando e toda manhã exatamente às 07:45, pela tarde às 15:00 horas e a noite 19:00 horas ela passava por lá me abraçava contava uma história e ia embora.

Se passou mais 1 mês, eu já conseguia me mexer e falar, mas algo estranho aconteceu. Eu nunca mais tinha visto a Aurora perguntei a todos daquele hospital e ninguém sabia quem ela era e de onde veio.

Bom recebi alta e voltei para casa, ainda pensando na garota. Queria apenas agradecer sua coragem e bondade e talvez poder ajudá-la.
Tomo um banho quente e vou deitar, novamente as lembranças vem, faltava motivos pra eu prosseguir nessa vida, faltava razão pra falar, razão pra sorrir, razão para respirar. Na minha balança da vida viver pesava mais do que sofrer.

Depois de um breve descanso saio em meio à chuva, sento num banco da praça e olho as estrelas. Até a chuva me deixava deprimido, eu já não sabia mais o motivo de estar nesta terra mas eu ainda tinha o meu avô, líder do clã. Em alguns minutos para minha surpresa uma pequena mão tampa meus olhos por trás de mim.

Eu não fazia idéia de quem seria, mas assim que ouvi sua doce voz me recordei.

-Aurora ?
- Sim! Eu tinha ido te visitar mas você. já havia saído então voltei para casa.
- Como me encontrou?
- Eu não te encontrei bobinho, eu moro do outro lado da rua aí estava passando e te vi aqui. Estava morrendo de saudades.

Ela me dá um breve abraço e foi o suficiente para arrancar um sorriso do meu rosto. Eu me senti vivo por estar ao lado dela, podia ser estranho mas eu já estava amando aquela garotinha, amando como uma irmã, uma pessoa a qual eu me sentia tão feliz que todos os problemas naquele estante desapareceram.

-Você é bem baixinho moço.
- Ah olha só quem fala!
(risos)
- Então está melhor não é?
- Sim estou e você mocinha? Já encontrou sua mãe?
-An...minha mãe...? Ela morreu em um acidente de carro, estou morando com minha avó.

Naquele momento eu pensei. " Então eu não sou o único com os sofrimentos, ela tem apenas 7 anos, tudo bem que está com a avó...mas mesmo assim. Cada um tem suas lutas...ela deve sofrer muito, talvez até mais do que eu."

-  Tchau, eu tenho que ir antes que minha avó brigue.
- Tá bom !
- Há como é seu nome ?
- Meu nome...an...Ricky...
- Tá bom muito obrigado, até logo então Ricky.
- Até.

Ela parecia estar tão feliz. Saiu caminhando tão rápido, era pequena, esperta e tão engraçada.
Mas no momento em que atravessou a  rua um carro que estava fugindo da polícia acaba passando o sinal e atropelando a pequena Aurora.

Meus olhos se arregalaram e eu congelei com aquela cena. Seu corpo foi quebrado ao meio e jogado para 15 metros do local onde estava.
Uma multidão cercava a garota e eu me ajoelho ao chão. " por que? Por que todos que se aproximam de mim tem que morrer? Eu não posso ser feliz com ninguém?"

Eu tomo coragem me levanto e vou até o corpo da minha pequena amiga, sento ao seu lado abraçando a mesma e fico ali até a polícia chegar.
Eu chorei, mas não era um choro de tristeza, não era de mágoa era apenas ódio, ódio de mim mesmo.

A polícia chega e me retira a forças de perto do corpo da menina. Sua avó aparece e se desmancha em lágrimas, e assim que levaram o corpo da menina em uma maca, sua avó acaba tendo um enfarto.

Que droga 2 mortes em uma noite nunca senti meu coração tão apertado, eu fiquei pela rua mesmo não tive ânimo para voltar pra casa.

Moradores de rua vinheram conversar comigo,perguntaram se eu precisava de alguma ajuda, me deram cobertor e me abraçaram, mas eu não queria nada naquele momento apenas morrer. 

Eu passei horas olhando pro nada sentado na calçada. Pensando o que eu fiz pra merecer isso e pensei em me suicidar.
Mas... então decidi continuar, fazer cada momento valer, muitos morreram pra por na mesa o pão, já pensei que tudo foi em vão, mas sou a única pessoa que vai fazer dar certo, cansei de me iludir pelos meus erros e não iria mais me cobrar.

Voltei pra casa correndo. Abracei todos da minha família e pedi desculpa por tudo. Tomei banho, troquei de roupa  e peguei o livro que tinha sobrado do meu pai.

E se eu parar de escrever? Como posso me encontrar nessa caminhada ? Escrevi tudo o que sentia e o que se passou desde o hospital até aquela noite.

Pensei horas e horas, peguei o meu celular e mexendo no whatsapp encontrei o contanto de uma garota que eu não falava com tanta frequência. Perguntei como ela estava e ela me disse que estava com uns problemas, nós dois estávamos na verdade. Chamei ela para dar uma volta e conversar talvez para nos distrair e jogarmos conversa fora.

Ela aceitou. Marcamos para uma Segunda-Feira, eu estava ansioso para aquele di. Tanto que nem consegui dormir.

Pasaram-se os dias e finalmente Segunda-Feira. Agora é a hora de eu me desabar com alguém. Liguei para ela e ela já estava a caminho...


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