Amor perfeito

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     -Bia, acho que desconfio do Rodrigo. Pode ter sido ele quem me trouxe o chapéu de volta. Pelo que conversamos na festa, ele disse que nunca me deixaria sozinha. Eu estava sozinha quando você e a Giulia voltaram para suas casas e eu segui em direção à minha. Preciso lhe contar mais uma coisa: ele possui um anel antigo, do mesmo estilo do meu broche. E tudo é muito estranho, sinto-me como se o conhecesse há muitos anos, mas no mesmo instante com muito medo. Porque ele não me deixaria sozinha? Ele me conheceu agora! Porque tudo isso? Quem é ele? Porque falou assim? Não sei o que pensar.
     -Não tenho nenhuma ideia. O livro, o chapéu, a conversa, os olhos, esse anel, tudo muito estranho.
     Ficamos pensando em alguma coisa que poderia ter sentido, quando Bia teve uma ideia:  
     -Você folheou todas as folhas do livro?
     -Só as anteriores, e não tinha mais nada.
     -É! Talvez eu possa estar errada mas acho que se houvesse algo estaria nas páginas seguintes.
      Pegamos o livro e começamos a lê-lo. A cada capítulo que nós líamos, tentávamos ver se existia algo implícito em qualquer palavra, mas nada, somente ficávamos mais comovidas com a história de Marley. Quando chegamos ao final do livro, nós duas estávamos com os olhos inchados de tanto chorar e não encontramos nada que pudesse dar alguma outra pista sobre nosso enigma. A tarde passou rápida, e ao final dela, tentamos não nos preocupar com tudo o que aconteceu nem com o que ou quem me seguia.
     Ficamos ouvindo música, assistimos a um filme e durante todo o tempo, falávamos da festa, dos encontros, das roupas, e por mais que nós quiséssemos, não conseguíamos deixar de falar do Rodrigo e do "ficante" da Bia, Mathias.
     O filme fora interrompido por um plantão urgente, o que nos fez atentar. "Avisamos a população para não se desesperarem. A polícia informa que o assassino já foi preso. Ele dizia que os vampiros voltaram do passado. Mas depois de um grande interrogatório, a polícia descobriu que era ele mesmo quem matou as vítimas, retirando o sangue para novas experiências em laboratórios".
     Após ouvirmos o noticiário, nós duas rimos, afinal, vampiros não existiam. Começamos a imaginar se quem tivesse feito isso não seria um vampiro. Rimos mais ainda.
     Enquanto Bia falava e sonhava com Mathias, encantador ,olhos pretos, cabelos com gel, mãos macias, sedutor, lindo, apaixonante: corpo perfeito e beijo inesquecível, eu me lembrava de Rodrigo. Ele era tudo isso e mais um pouco. Até que Bia comentou que o tipo do anel do Rodrigo deveria estar na moda, pois Mathias tinha um com uma pedra ônix que combinava com seus olhos, cravada a inicial "M" em fios dourados.
     Os dias se passaram e nós não os vimos mais. Pensava no que ele dizia: "nunca mais vou deixá-la sozinha", mas já fazia três dias que não tinha notícias. Não sabia como procurá-lo nem onde morava. Afinal, não sabia nada dele. Bia também não tinha mais visto Mathias. Onde será que eles estavam? Por onde andavam? Só sabia que pensávamos neles o tempo todo. Naquela noite de lua cheia tudo estava muito claro lá fora. Como era uma das poucas vezes que o tempo ficava assim, coloquei o colchão de ar na garagem e deitei para observar as estrela. Não fazia muito tempo que eu estava ali, quando ouvi o bater de asas de um pássaro e uma flor amarela caiu de uma árvore bem no meu colchão. Quando a peguei e olhei para a árvore, o pássaro já havia voado. Descobri que a flor amarela era da espécie amor-perfeito.
    Fiquei sonhando que algum príncipe encantado poderia ter-me deixado a flor, mas era sonho. Até que sentei no colchão com a flor na mão. Era estranho, pois essa flor, amor-perfeito, não dá em árvores e sim arrastando-se pelo chão; como poderia cair de uma árvore? Fiquei ali por mais algum tempo, até que adormeci.

Vampiros : A união *parte 1 *Onde histórias criam vida. Descubra agora