II

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Cecília, a jovem carioca, já havia perdido as contas de quanto dinheiro havia gastado apenas naquele dia com os motoristas de uber mas com certeza ela não estava preocupada com aquilo.

- Ana, desculpa o atraso. Passei no shopping pra comprar umas coisinhas e sabe como é, né? - falou assim que a garota de cabelos castanhos e escuros abriu a porta da pequena casa bege.

- Tá tudo bem, Cecília - sorriu, deu um beijo no rosto da mais alta e deu espaço para que a mesma entrasse na casa.

- Eu trouxe comida, você já comeu?

- Olha, tu me conhece desde que eu cheguei aqui nesse Rio de Janeiro e ainda acha que eu vou recusar comida? Cecília, tu me respeite, mulher - riu - Já comi sim mas aceito o que seja que tu tenha trazido.

- Aceita, é? Mas você nem sabe o que tem aqui nessa sacola - balançou a mesma e colocou na mesa redonda da cozinha apertada - E se for um suco de repolho com maçã?

A garota vinda do Tocantins torceu o rosto mas ela tinha um riso nos lábios - um lindo riso por sinal, pensou Cecília

- Acho que eu ia gostar dum suco de repolho com maçã - brincou e agora foi a vez da loira fazer careta.

- Besta.

Ana mostrou língua e se jogou no sofá de dois lugares.

A casa era pequena. A cozinha era junto da sala, com apenas um sofá, uma mesinha com a TV, uma mesa redonda pras refeições e uma geladeira e um fogão. Tinha um pequeno armário instalado na parede, onde era guardado as poucas coisas de cozinha que a garota tinha.

- Temos aqui hambúrguer e batata. Qual você quer, Ana? - perguntou enquanto tirava tudo da embalagem marrom do fast food e colocava em um único prato grande.

- Tu tá falando sério? - a tocantinense perguntou incrédula e a carioca riu, indo de encontro ao dela e se sentando no sofá ao seu lado.

- Não, boba. Eu sei que você quer os dois. Comprei duas batatas tamanho família, será que é o suficiente pra alimentar o monstro que vive dentro de você?

- Acho que sim. Acabei de comer um monte de pipoca, minha barriga tá quase cheia.

- Quase? - debochou e foi respondida com uma língua de fora e um riso.

- Me dá essa comida logo que eu tô cheia de fome, Cecília.

A loira sentou ao lado da morena e estendeu o prato. Comeu uma batata frita e, ainda com a boca cheia, fez sinal de que ia falar algo.

- Tenho um negócio pra te contar - engoliu toda a comida - Mas come primeiro porque não quero que você perca a fome.

- Ah tá, Cecília. Comigo não tem hora ruim pra comer não. Pode contar logo.

Cecília torceu o nariz e colocou mais batata na boca.

- Come primeiro, Ana. Prometo que vou contar.

A morena terminou de mastigar um pedaço de seu hambúrguer e fez um bico.

- Me ajuda com os negócios de fotografia depois? Tirei umas fotos ontem mas não sei se estão boas o bastante.

- Claro - sorriu.

As duas jovens acabaram de comer toda a comida do prato e Ana ficou responsável de lavar a louça enquanto Cecília procurava uma série pra elas assistirem. A tarde já quase se acabava, os últimos raios de sol entravam pela janela da sala, iluminando o rosto da loira.

- Não tem uma cortina não? Esse sol não me deixa nem abrir o olho - reclamou.

Ana riu e enxugou as mãos molhadas em um pano de prato.

- Já já o sol se põe, Cecí. Teu olho tá ardendo? Por que se tiver, eu vou buscar um soro pra tu lavar.

- Meu olho não é tão sensível assim, não precisa se preocupar tanto, dona Ana Clara.

Ela se deitou ao lado da amiga no sofá pequeno de dois lugares - era bem pequeno mas bastante confortável.

- Tu já escolheu? - perguntou e ganhou uma cara de confusão da outra em resposta - A série - justificou.

- Eu achei essa aqui. A sinopse é boa, fiquei curiosa.

- Essa mesma então - Ana concordou.

- Dublado ou legendado? - a loira perguntou com o controle em mãos.

- E eu sou mulher de ficar lendo letra miúda que aparece de baixo da imagem? Coloca dublado que tá tudo certo.

Cecília riu da bobagem da amiga e assim o fez, logo dando início as primeiras falas da série.

- O que tu tinha pra me contar? - desviou os olhos castanho escuro da tela pra poder olhar pra menina de cabelos claros e pele alva.

- Assiste primeiro.

- Não. Tu tá me enrolando, Cecília, pode contar logo.

A garota suspirou frustrada e desistindo de enrolar até pelo menos o final do episódio, respondeu sem desviar os olhos da tela:

- Acho que tô apaixonada por você, Ana.

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