Rainha do Caos.

4.8K 434 102
                                    

Maya

-Sr. Jeon, acompanhe a senhorita Stewart...- eu ainda estava em pé, minhas costas viradas para os dois.- ... ela terá que te passar algumas coisas, espero que se deem bem.

Não seria de todo mal se a caça-as-bruxas recomeçasse e voltassem a considerar o cabelo vermelho como algo satânico. Eu sabia, Justine esperava que o coreano se transformasse na cereja do meu bolo de fracassos com secretários.

-Eu realmente não ac-

-Vamos.- consigo grunhir para ele, o cortando no meio de mais uma tentativa de fuga. Abro a porta da sala com certa violência, saindo sem esperar uma resposta. Como reflexo olhei meu relógio de pulso e a minha raiva foi aumentada.

Continuei com passos firmes pelos corredores do décimo andar, estávamos quase no fim do expediente e eu não havia feito metade do programado para o dia, precisava entrar em contato com alguns acionistas, revisar os esboços para a nova campanha de bebidas energéticas, repassar a pauta para a reunião do dia seguinte e tentar arrumar a bagunça que meu último secretário fez em minha agenda. E ainda havia mais uma questão.

Quando alcancei o elevador, virei a cabeça sutilmente, só para confirmar que o sr. Jeon havia me seguido. Minha mente girava, organizando minhas tarefas por ordem de importância, mas ainda assim prestei atenção nos meus passos quando as portas automáticas se abriram e notei quando um dedo pálido apertou o botão do quinto andar, logo depois de eu apertar o do vigésimo quarto.

Era realmente uma pena, para ele, que tivéssemos que ter aquela conversa em um espaço tão apertado.

-Precisa pegar alguma coisa na sua antiga mesa?- perguntei sem o olhar. O elevador fazia o seu caminho para baixo e eu cruzei os braços, não conseguindo esconder minha impaciência.

-Como?- a simples palavra revelou mais uma vez o sotaque carregado, deixando claro ele que não havia sido criado na América. Um ponto ao seu favor.

Estalo a língua, o encarando por cima do ombro e encontrando a cara pálida com a mesma expressão confusa de antes, estávamos próximos o suficiente para que eu notasse a pequena cicatriz no canto de sua bochecha esquerda, as suas sobrancelhas estavam arqueadas como se tentasse entender as minhas palavras e estivesse falhando no processo.

-Tem problemas com o inglês?- continuo antes que ele possa responder.- Sei que não é a sua primeira língua, mas você não devia parecer tão confuso, já que deve viver aqui há algum tempo.- permanece mudo e quando estou começando a considerar um problema neurológico, ele fala:

-Eu não vou ser seu secretário.

-O seu inglês funciona, isso é bom.- a porta do elevador se abriu no sétimo andar revelando um grupo de quatro pessoas, apertei o botão para que as portas se fechassem de novo.

-Ei! Você nã- a reclamação de um homem engravatado foi abafada quando o elevador seguiu seu caminho, volto novamente para o sr. Jeon.

-Eu não vou trabalhar para você.- ele parecia ainda mais decidido.

Eu quase ri.

Viro-me completamente para ele. A maioria dos homens me ultrapassava em altura e com ele não era diferente. Sempre agradeceria ao criador dos saltos por esses momentos, onde eu podia olhar diretamente nos olhos de alguém sem ter uma torcicolo.

-É isso ou ser demitido.- o lembro.

-A senhorita deixou claro qual das opções lhe agrada mais.- diz sem desviar os olhos dos meus.

-Isso te magoou?- sorrio.

-Eu não vou trabalhar para você.- repete pausadamente e o meu sorriso se alarga.

WORKING MAN!Onde histórias criam vida. Descubra agora