Redenção.

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Jungkook.

Aquilo estava me enlouquecendo.

Cruzei os braços e a encarei com a expressão mais séria que conseguia. De onde eu estava sentado, em uma das poltronas para visitantes, tinha toda a visão da mesa de Maya e dela própria, que fingia ler um documento da semana passada. Ela só usava essa artimanha quando queria evitar algo.

Não sabia exatamente o que esperar, beija-la não havia sido algo premeditado e só depois consegui ver o peso das minhas ações. Eu poderia ser acusado de assédio, ter sido expulso da empresa ou qualquer coisa do tipo. Então quando finalmente juntei forças para solta-la do meu aperto, estava preparado para os gritos, acusações, frases ácidas, sarcasmo e talvez agressão física. Eu aceitaria, sabia que havia sido um erro. Eu estava preparado para tudo, menos para aquilo.

Maya fingia que nada havia acontecido durante os dias que se seguiram depois de sábado. Além disso seu temperamento era apático e, eu nunca pensei que usaria essa palavra para descreve-la, ela estava tranquila, podendo ser confundida com uma pessoa de temperamento normal por alguém que não a conhecia de verdade. Consegui me controlar e seguir o fluxo que ela ditava, mas agora era quinta-feira e eu estava quase explodindo.

-Não tem mais nada para fazer, sr Jeon?- seus olhos ainda estavam na papelada e desde sábado ela havia voltado a me chamar pelo sobrenome. Precisei de alguns segundos para responder a simples pergunta.

-Creio que já fiz tudo o que tinha para fazer, Maya.-arrasto a minha língua ao pronunciar seu nome, estreitando os olhos e torcendo por alguma reação.

-Então pode ir, obrigada por hoje.

-Pode olhar para mim enquanto fala?- peço e ela ergue o olhar.

-Obrigada por hoje, pode ir.

-Maya, isso é ridículo.- ela continua me encarando e eu tenho vontade de gritar.- Você não pode fingir que eu não te beijei, porque aconteceu, nós nos beijamos.- estava quase no meu limite.- Ou vai me dizer que já esqueceu? Que me pôs pra fora da sala no sábado e no domingo sua memória foi reiniciada, é isso?

Eu havia ficado quieto por tempo demais, havia dado o espaço que ela precisava.

-Sim, nós nos beijamos.- quase gemo de satisfação quando a vejo admitir.-Pessoas se beijam todos os dias, não precisa ficar emocionado com isso.

Coloco aos mãos no rosto.

-Não sei como funciona na Coréia, mas não precisamos nos casar só por termos nos beijado, aqui é a América, sr. Jeon.- mirei o rosto inexpressivo sem ter o que dizer.- Obrigada e pode ir, nos vemos amanhã.- ela não estava impaciente ou muito menos irritada quando voltou a ler os papéis, então me permiti continuar sentado e mudo por algum tempo, para só depois levantar da poltrona.

-Você não quer conversar, é isso mesmo?- pergunto, fazendo uma promessa muda de que seria a última vez que tocaria naquele assunto.

-Não há nada para se conversar, sr. Jeon, foi algo insignificante e momentâneo.- ela continua lendo os papéis.

-Então, me chame pelo meu nome.

-Como?- levanta os olhos.

-Durante as duas últimas semanas você me chamou de Jungkook...

-Você disse que eu podia te chamar assim.

-E eu não pedi para você parar de me chamar assim, então o que te levou a parar?- ela piscou aqueles olhos grandes e verdes para mim, deixando escapar a sombra de algo por trás do rosto frio.

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