3. Kim Namjoon

691 101 46
                                    

🌨

por: taegogh

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

por: taegogh

Sentado no pequeno banco em frente à loja na qual trabalhava, eu olhei meu próprio reflexo no vidro da fachada. E eu me vi sozinho como a árvore ao meu lado.

Era noite de natal. Eu via as pessoas correndo e comprando coisas, reencontrando pessoas, organizando-se para o que, talvez, seja a noite favorita delas dentre todas as noites do ano.
Mas ali, para mim, era só mais uma noite.

Eu sentia o vento gelado entrar pelas bordas do meu casaco e se depositar sobre a minha pele, como num abraço gélido de conforto. Ou talvez pensar que o vento me reconfortava, naquele momento, fosse só uma tentativa fracassada de não me sentir tão sozinho. Mas mesmo assim, sempre que eu voltava a pensar nisso - em como eu estava sozinho - eu olhava a rua.

As poucas lojas abertas, o céu branco no fim da tarde e aquela árvore, ali, nua e retorcida.

A tentativa de me distrair era em vão porque ali, se eu, sem querer, encontrasse meu próprio olhar no reflexo da fachada, eu me perdia novamente. E isso acontecia porque eu me via ao lado da árvore e, numa análise mais profunda, eu me enxergava nela. Porque qualquer um que passasse ali, por nós dois, veria a solidão estampada em nossa pele, mesmo que de formas distintas.

E eu me sentia ridículo ao perceber que bem ali, numa noite de natal, o meu único passatempo era atribuir a uma árvore os meus próprios sentimentos. Ou então tentar me distrair com qualquer coisa, só para esquecer o quanto me sentia mal por mim mesmo.

Eu não gostava realmente do meu trabalho, mas era o que eu podia fazer para sobreviver. Então geralmente a essa hora, quando sabia que o dono da loja de conveniência não chegaria tão cedo, eu me dirigia para fora, sentava-me naquele mesmo banco e contemplava. E não havia um alvo certo: eu apenas sentava-me e contemplava.

Essas horas do dia eram as mais estranhas, mas as minhas favoritas. Naquele momento, eu sentia a neve derretendo sob meu sapato, ouvia o vento e o som dos carros ao longe, distantes, se afastando de mim. Sem vozes nem passos, só aquele som mudo que tudo faz naquelas horas em o mundo não parece andar, não de verdade.

Tomando coragem, eu retornei ao interior da loja de conveniência onde trabalhava, mesmo sabendo que as chances de surgir algum cliente naquela noite eram quase nulas. Então eu apenas fiquei parado atrás do balcão, observando o tom branco do céu se tornar roxo aos poucos e sabendo que meu expediente acabaria dali a pouco.

E eu não teria para onde ir e nem quem encontrar.

Provavelmente eu iria para o quarto onde moro. O único lugar em Seul pelo qual posso pagar. Comeria algum ramen. Depois sentaria no sofá e tentaria me distrair novamente com as coisas ao meu redor, tentando ignorar o som das risadas e conversas daqueles que têm alguém com quem passar os feriados.

Expresso Nevasca • BTS (Especial de Natal 2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora