2. Sou fadado a ficar com a gnomo anão ruiva

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II Tyrion

Não havia nada pior do que um maldito teletransporte. Parecia que tudo em você se desfazia em mil pedacinhos e depois se refazia novamente. Era tudo, menos agradável. Pelo menos era rápido porque quando eu abri os olhos novamente estava em outro recinto. Pisquei duas vezes para acertar a visão. "U-a-u"- pensei. Provavelmente com uma feição estúpida.

A parte que nos recepcionou parecia um local de transição entre o Reino da Água e os outros reinos. Atrás de mim, o gelo ia singelamente dominando os pilares e, abaixo, a vegetação. Parecia destacar-se. Como se não pertencesse àquela terra. A área era toda aberta, limitada apenas por arcos que se assemelhavam a janelas nas bordas, o que abria a visão para a paisagem ao redor.

Ao sul, reluzia uma planície de grandes árvores que se estendiam até onde os olhos podiam alcançar. A leste, colinas azul prateadas que se impunham poderosas. E por fim, a oeste, um lago congelado. Todos similares a minha terra natal.

No centro do salão, tremeluzia o que seria a joia dos mares. Mas a mesma não encontrava-se lá, apenas um vulto, uma aura. Atrás, no extremo da sala, bruxuleava um estandarte com o brasão do Reino de Mistion. Estampava um cristal de gelo ao centro, nuvens acima e ondas abaixo, representando os estados da água.

À cima de nós, em três pontos, formavam-se três formas diferentes, das quais pareciam estátuas, todas com traços femininos, contudo as semelhanças acabavam aí.

A figura do centro, mantinha uma forma neutra, uma expressão serena, como se estivesse avulsa a tudo. Suas vestes pareciam escorrer de seu corpo, como se este fosse uma fonte. Tinha seus cabelos presos a um coque, com uma tiara sobressaltando-se em sua cabeça. E em sua mão, segurava uma balança.

A estátua da direita tinha o semblante fechado. Parecia zangada, como se algo a estivesse irritado por muito tempo. Mantinha-se carrancuda. Ao contrário de sua réplica neutra, esta vestia uma armadura prateada com um cristal de gelo reluzindo em seu cinto. Em sua mão destacava-se uma forma alongada, como uma lança. Sua ponta cintilava.

A esquerda, a forma tinha os olhos amorosos, como se fosse abraçar-me. Tinha uma feição bondosa, quase materna. Os cabelos estavam soltos, permeados por uma trança quase perfeita, Um topázio brilhava em sua testa. Seu vestido era alongado, volumoso, alvo. Em mãos, carregava uma lira.

Sabia muito bem quem era a mulher das estátuas: Arya, protetora de Mistion, rainha das águas, senhora da mudança. Àquela que dominava os três estados da água, que mantinha suas três formas, suas três personalidades.

—- É incrível, não é? –- A voz da minha mãe me tirou dos devaneios e das diversas observações. –- Isso é só o começo. Precisa conhecer o resto da estação. Isso aqui é apenas um dos quatro pontos de convergência. E o centro... –- revirou os olhos dando um suspiro entusiasmado. –- Precisa apenas prestar atenção na riqueza de detalhes.

—- Como se fosse muito difícil. Estão explícitos. Pelo menos aqui.

—-Você não é a pessoa mais esperta pra detalhes, filho. – seu sorriso malicioso indicou o tom brincalhão, mas sabia que não era mentira. Sempre fui um pouco lerdo, uma ameba na verdade. Não sei de onde puxei isso, afinal, minha mãe era muito detalhista e meu pai não chegava ao ponto de ser lerdo.

—- Poxa mãe... Estou deixando o lar e essa é a mensagem de apoio?

—- Poderia ser pior. Além disso... Tenho fé que você voltará para Mistion. –Senti seus lábios pressionados contra a minha testa e já previ que seriam os momentos finais. –Fique bem. Mantenha seus pensamentos na água e volte pra casa. Amo você.

ÉtreserWhere stories live. Discover now