5. Aparentemente, professoras anciãs não tem senso de humor

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V Tyrion

Talvez a definição de repouso concebida pelos Lordes fosse um pouco diferente da convencional. Logo após recebermos curativos e uma bronca de uma ninfa que trabalhava na enfermaria, deram-nos relógios que alertariam sobre as tarefas do dia por meio de hologramas e alarmes. Todos pareciam distintos entre si, o que se mostrava um meio de identificação. Algo pra manter-nos na linha e, como eles descreveram,"seguros".

Os dias se repetiram e a rotina era incansavelmente a mesma. Não apenas para mim, mas para todos nós. Em um primeiro momento, Lunna precisava de ser ajudada por Draegon para ir às aulas, o que vinha bem a calhar, porque ele aparentava ser o mais forte do grupo e tinha as mesmas aulas que ela pela parte da manhã e noite. Durante o período da tarde permanecíamos nos dormitórios para o que eles chamam de Práticas de Batalha, nas salas de treinamento abaixo do salão principal. Esse módulo de treinamento, no entanto, se restringia a um jogo de dardo para nós durante a primeira semana, já que metade da equipe tinha sido esculachada por uma cauda voadora qualquer.

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—Eu juro que vou morrer de tédio. —Lunna resmungou, fechando os olhos fortemente.

Eu, que estava por perto lendo um livro, acabei rindo dela. A perna enfaixada dificultava que ela andasse. Talvez o grupo tenha ficado um pouco protetor demais nos primeiros dias. Todas as vezes que ela tentava se levantar sozinha alguém praticamente voava em sua direção para dar apoio.

—Não se mate Lunna, já estou chegando.

Draegon apareceu com uma tigela vermelha com algumas frutas diversificadas e colocou no colo da loira, se sentando ao lado dela logo em seguida.

—Eu posso ir pegar minha própria comida vocês sabiam disso?

—É melhor não arriscar. —A voz veio de Athena que também lia um livro deitada no tapete felpudo. —Se esse machucado abrir e voltar a sangrar você vai ficar ainda mais tempo de molho.

Lunna fez um muxoxo enquanto deitava a cabeça no ombro de Draegon. A loira colocou uma fruta qualquer na boca com uma careta.

—Volto a dizer, eu juro que vou morrer de tédio.

**********

—Você está sendo dramático.

Revirei os olhos para Alice enquanto eu passava uma espécie de pomada verde lustrosa que havia sido dada a mim para cuidar dos meus ferimentos. E aquilo ardia. Ardia muito. Parecia que meus cortes pegavam fogo. Era impossível suprimir uma careta toda vez que eu passava. Claro, eu sabia que iria ajudar. Mas ainda assim eu quase chorava. Minhas mãos chegavam a tremer em certo momento.

—Não estou sendo dramático! Isso arde!

—Olhe para Athena.

Olhei. A ruiva estava na cama dela, fazendo o mesmo que eu. Ela tinha um números maior de machucados que eu por estar de vestido no dia. Entretanto, enquanto ela passava aquela tortura em forma de pomada, não havia alteração nenhuma nela. Ela não tremia, não fazia careta, não soltava som algum. Parecia estar passando um creme em uma pele saudável. Como? Não sei.

—Eu não sei como ela faz isso. Não é justo.

—Você está sendo dramático! —Scott gritou da cama dele atraindo todas as atenções do quarto para mim. Quase enfiei minha cabeça no travesseiro. Tinha me esquecido por alguns instantes do problema de falta de privacidade.

—Tyrion? Dramático? Conta uma novidade. —Draegon falou enquanto ajudava Lunna a trocar a faixa da perna.

—Eu não sou dramático!

ÉtreserWhere stories live. Discover now