As lanternas em estilo asiático, sustentadas por um grande poste vermelho, iluminavam as ruas, assim como a forte luz artificial de dentro das lojas. Naquele frio, os restaurantes ficavam duas vezes mais movimentados. O lámen era feito na hora e servido fumegante para os clientes, pessoas fumavam nas calçadas, enquanto batiam papo. Muitas tosses, narizes escorrendo e espirros, poluição, alergia e friagem.
Luana e Leonardo subiram uma rua no mesmo bairro e pararam em frente a uma pensão, um prédio laranja de janelas de madeira. Luana apertou o botão do interfone.
— Ka, é a gente. Vem abrir o portão. Tô morrendo de frio!
— Eu te disse pra colocar uma blusa por cima desse seu vestido curto — disse Leonardo.
— Me abraça — disse ela.
Leonardo revirou os olhos, de um modo que só ele fazia e, em vez de abraçá-la, deu sua camisa de sertanejo universitário falido.
— Bu! — disse uma pessoa misteriosa, colocando as mãos nas costas de ambos.
Luana deu um grito agudo, escondeu-se atrás do irmão e ofereceu a bolsa tiracolo para o que ela achou se tratar de um ladrão.
— Sou eu, Lu. Calma — disse a pessoa, rindo. — Só poque sou preta não significa que vou te assaltar também.
— Amiga! — gritou Lu, trocando os braços de Leonardo pelos de Karolina.
Karolina cumprimentou Leonardo com um beijinho.
— Seu rosto tá tão quentinho, Léo — disse ela. — Deixa eu esquentar minhas mãos — disse, apertando as bochechas fofas dele com as mãos geladas.
— N-não. Ai — tentou protestar ele, tendo a fala prejudicada pelo ataque congelante.
As duas amigas trocaram elogios, fofocaram e fizeram questão de lembrar Léo de todas as coisas embaraçosas que ele fez na vida, o que só aumentou o rubro do rosto.
— Awn, é por isso que a gente adoro mexer com você, maninho.
— Bom, vamos indo, então? — propôs Karolina.
— Vamos! — respondeu Luana.
— Vamos... — respondeu Leonardo, balançando a cabeça em sinal negativo.
Era quase impossível para os três andarem de braços dados naquela rua movimentada. Luana, no meio, tinha um sorriso enorme e não percebia o incômodo que estava gerando.
— Ai que saudade, amiga. Eu quero que você me conte tudo que aconteceu nesse tempo que a gente não se vê, hein? — disse ela. — Aliás, o que você tava fazendo fora de casa? A gente chegou tão atrasado assim?
— Não, não. Só fui comprar umas coisas no mercado aqui perto — disse Karolina.
Leonardo, que carregava todas as sacolas em uma só mão, não estava nada feliz com aquilo.
— Desculpa o atraso, Ka. Minha irmã esqueceu de novo como funciona o cartão do ônibus — disse ele.
— Não é minha culpa! O negócio não tava lendo, seu trouxa — disse ela.
— Mas é claro que não tava lendo, Luana. Você tava usando o cartão do banco.
Karolina riu alto.
— Ai, ai, eu adoro vocês — disse ela. — Vocês acham que eu já não planejei isso? O atraso já tava programado. O atraso do Rob também, é claro.
— Isso que é "strateegia" — disse Léo, imitando a cena do Tropa de Elite. — Coisa que minha irmã nunca vai ter.
— Você para com isso se não eu conto todos os seus podres pra Ka — ameaçou Luana. — Inclusive aquilo...
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zades.
Historia CortaQuatro pessoas diferentes, quatro personalidades diferentes, quatro caminhos diferentes, uma amizade incrível. Nesse conto conhecemos Robson Yamaguchi, Luana Faustini, Leaonardo Faustini e Karolina Sant'Ana e observamos seu caminho para o karaokê Aw...