Eu não esperava me apaixonar naquele dia, mas mais uma vez aconteceu sem eu esperar.
Um menino tão simples, que ainda nem sabia ao certo quem era. Se descobrindo a medida em que descobria o mundo. Eu já tinha 23 e você ainda 17, eu e minha queda por meninos mais novos, não podia ser diferente. Você tinha um sorriso incrível e uma timidez que te deixava mais fofo ainda. Nos conhecemos então, naquela noite que partiríamos para uma viagem de enterro dos ossos do carnaval. Onde todo mundo queria mesmo é se pegar e beijar na boca de desconhecidos o máximo que conseguisse. Essas também eram minhas intenções, até ver sua boca, até ver o seu sorriso. Naquela noite minha mente e meu coração se fecharam. Estava eu lá novamente, impedido de pensar ou querer outra pessoa. Você era o único gatinho em meio a tantos outros. E então perguntei aos nossos amigos em comum porque não tinham me apresentado você antes? Aiai, hoje penso seria uma má ideia, você seria mais novo ainda e eu iria te querer a mais tempo também.
Bem, a viagem começou e eu consegui ir ao seu lado. Trocamos algumas curiosidades e expectativas, até você adormecer. Nossa, não me lembro de ver alguém tão lindo dormindo. Te olhava e te desejava dos pés a cabeça. Sua boca era o que eu queria beijar, cheguei a sonhar com isso, sonhei acordado por horas te olhando e tentando distrair o meu pensamento, mas adormeci e sonhei com você literalmente. Era tão intenso aquele sentimento, que foi inevitável não sonhar.
Chegamos ao destino, onde a expectativas de todos era aproveitar o trio elétrico de uma das cantoras mais famosas do Brasil e beijar na boca de muitos foliões na cidade maravilhosa. Mas como eu tinha me apaixonado, queria apenas a sua, mas será que a sua me queria? Fiquei nessa dúvida, antes, durante e depois do bloco. Muitos chegaram e você e você dispensou todos, aquilo tinha despertado uma esperança em mim, até você me dizer que não iria ficar com ninguém pois não queria se envolver com ninguém. Então guardei minha vontade, mais ainda do que já estava guardada. Porém a vontade só aumentava à medida em que te via dançar, agora além do seu sorriso, o seu corpo estava na minha mente. Tentei beijar outras bocas, dispensei algumas, pois eu estava obcecado em você. Porém como sempre, não tive um pingo de coragem de dizer isso.
Fomos então para praia, eu já não tinha mais esperança, e com vergonha do meu corpo, minha autoestima diminuiu mais ainda após aquele banho de mar. Por outro lado, foi muito bom estar com você. Era só eu, você e o mar. Nos conhecemos melhor, trocamos experiências e sonhos. Aquilo só fez com que eu me apaixonasse mais por você, mas meu medo ainda era maior que todo o meu desejo e vontade de assumir isso.
Me pergunto até hoje se aquela vez quando estávamos voltando para nossa cidade, e você disse que iria para van dormir, mas voltou para a lanchonete onde havíamos parado, foi um sinal para eu ir até você, ou antes lá na praia quando saiu sozinho. Será que eu deveria ter ido atrás?
Sinceramente não sei, não sei se um dia terei coragem de te perguntar isso, mas está escrito aqui.
Confesso que com o tempo pude ver que não combinamos muito, talvez seja a sua imaturidade e minha maturidade que não são muito compatíveis, mas a vontade de te beijar, ainda existe. Será que rola?
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Cartas para crushes
RomanceEmbarque em cartas de verdadeiros desabafos para alguns amores platônicos, paixões à primeira vista e paixões que não puderam ser vividas. Tantos amores que foram guardados, talvez perdidos, mas nunca foram esquecidos. Talvez se identifique com essa...