Crush Rock in Rio

4 0 0
                                    

Poucas vezes peguei metrô na vida, minha cidade é pequena, só andava de ônibus ou bicicleta. Era 27 de Setembro de 2017, escrevo hoje, 1 ano e 9 meses depois, lembrei de você. Lembrei do crush que no fundo eu senti que tinha sido recíproco. Estávamos voltando daquele rock in rio em que a Gaga não foi. Mortos e esgotados, no chão do metrô lotado. Com várias pessoas ao nosso redor, conversando sobre cansaço, sobre os shows e experiências vividas na madrugada passada. Ali estávamos nós, frente a frente. Demos risadas falando que nossos pés estavam exaustos, que nossos tênis eram iguais e que apesar do conforto que eles proporcionavam, nossos pés não aguentavam mais ficar ali dentro. Pronto, eu me apaixonei. Um dos rostos mais lindos que eu já vi, sorriso, olhar, bom gosto e bom humor. Foi o que tu transmitiu pra mim durante poucos minutos de fala, mas durante muitos minutos de olhar. Eu não consegui fazer nada, estava congelado. A sua frente tinha algo que me bloqueava, um outro menino fofo, que também te olhava e te acariciava com muito carinho. Mas o seu olhar era diferente, o seu olhar se perdia entre o dele e o meu, o seu olhar, não sei porquê, se cruzavam com os meus. O dele cruzou com o meu uma vez, dizendo que o seu olhar não era meu e depois te olhava, pedindo: não se perca de mim. Automaticamente uma sensação de ciúmes tomava conta de mim, o desejo de estar no lugar desse outro olhar que te acariciava e lhe tinha por perto. Foi essa sensação a viagem inteira. Eu queria tanto falar mais coisas e sentia que você também, mas nossas falas morreram no tênis e só continuaram nos olhares.
A medida que o metrô parava em cada estação, meu coração diminuia, pois eu sabia que iria chegar o momento em que nunca mais iria te ver. E esse momento chegou, mas para a minha surpresa descemos na mesma estação. Sorrimos e demos uma "ufa, enfim chegamos...", era nítido que queríamos isso. Subimos as escadas, saímos pela rua, você a minha frente, de pé era ainda mais perfeito. Eu analisava cada detalhe do seu corpo e tremia de frio e desejo. Uma esquina. Você atravessou. Eu iria atravessar, mas meu amigo me chamou e disse que não era para aquele lado. Você olhou, demo-nos adeus sem dizer nada. O que ficou foi a foto que eu tirei, sem você perceber. Naquela noite eu chorei querendo mais uma hora de viagem naquele metrô, para tentar ser mais do que mais um carinha legal do metrô. Tentei te achar nas redes sociais, mas não encontrei. Foi difícil apagar a imagem e você da memória.
Talvez um dia eu o encontre em algum metrô da vida e tenha a sensação de que te conheço de algum lugar. Espero que você também tenha a mesma sensação e possamos nos recordar desse desencontro.

Cartas para crushesOnde histórias criam vida. Descubra agora