Dia 29

87 12 0
                                    

Midoriya estava sozinho em casa, sentado no sofá, enrolado numa manta e a ver um filme que não era propriamente do seu interesse. Suspirou, não se lembrando de quantas vezes já tinha suspirado naquele dia.

Não acreditava que Todoroki, conhecido agora como Midoriya pois tinha adquirido o nome de família do parceiro quando se casaram, tinha perdido o voo de há três dias atrás, e agora não sabia quando ia conseguir voltar. Tinha garantido que iria chegar antes do ano novo, mas que não sabia exatamente quando, já que, pelo que Todoroki lhe tinha dito, todos os voos para ali estavam lotados, provavelmente várias pessoas estariam a regressar a casa, então nenhum dos dois poderia fazer algo para mudar isso, tendo apenas como opção aceitar e esperar.

Midoriya suspirou novamente, estava com saudades do marido, e a incerteza de quando poderiam estar juntos não ajudava muito, a casa parecia enorme e vazia apenas com ele ali, as suas conversas com Todoroki davam sempre um ar diferente, mesmo que nem conservassem, apenas a presença de Todoroki ali parecia mudar o ambiente da casa para algo muito mais agradável e acolhedor. Midoriya agradecia por serem raríssimas as vezes em que Todoroki precisava viajar a trabalho, não gostava nada dessas situações.

E mais do que ansioso para ver Todoroki e estar com ele, Midoriya estava preocupado, será que o local de última hora que Todoroki conseguiu arranjar era assim tão bom como o seu marido tinha descrito? Então porquê é que ele tinha o telemóvel indisponível quando lhe ligou de manhã? Seria um local tão mau ao ponto de não ter eletricidade para carregar o telemóvel?

Suspirou novamente e decidiu levantar-se, iria fazer chocolate quente, muito provavelmente não tão bom como os que Todoroki fazia, mas iria ter de servir, já que não tinha outra opção.

Assim que entrou na cozinha ouviu o som de chaves na porta de entrada da casa, e só havia uma pessoa, para além dele, que tinha a chave daquela casa, o que fez Midoriya correr em direção à porta, agora aberta, e poder ver a pessoa que ele tanto queria.

Todoroki já tinha entrado, e fechado a porta, pousou o trolley que trazia e a mochila, olhando logo em direção a Midoriya, que ainda o encarava sem acreditar que era mesmo ele ali.

– Já não me cumprimentas? – Perguntou Todoroki com sorriso suave no rosto.

Midoriya correu em direção de Todoroki e abraçou-o fortemente, sendo imediatamente correspondido. Ficaram assim, abraçados em silêncio, algum tempo, até Midoriya se afastar e dar um soco, não muito forte, no peito de Todoroki.

– Porquê é que não me disseste que tinhas conseguido voltar? Tinha ido buscar-te ao aeroporto. – Comentou um pouco chateado, eles ainda estavam a pagar a casa, não podiam gastar dinheiro desnecessariamente em táxis.

– Quis fazer-te uma surpresa. – Respondeu abraçando Midoriya novamente, que correspondeu ao abraço quase que automaticamente. – E encontrei-me com o Iida no aeroporto, ele ia para casa porque esteve a trabalhar à noite, então deu-me boleia. – Acrescentou, afastando-se um pouco de Midoriya, logo lhe segurando o rosto, beijando-lhe os lábios delicadamente em seguida.

Assim que se separaram do beijo, que começou a aquecer o ambiente mais do que o pretendido, Todoroki sorriu, encostando a tua testa à de Midoriya, e descendo as mãos para a barriga do marido.

– Izuku... engordas-te enquanto eu estive fora. – Comentou Todoroki rindo levemente.

Midoriya afastou-se um pouco com uma cara incrédula por Todoroki lhe dizer aquilo.

– Ouve bem o que te vou dizer senhor Midoriya Shouto! – Começou Midoriya apontando o dedo em direção a Todoroki. – A minha mãe fez aquela sobremesa deliciosa de oreo, ainda fez um doce de bolacha divinal e como se não bastasse ainda teve a decência de fazer bolo de chocolate! Achas que ao comer isso tudo não iria engordar? – Disse rindo um pouco no fim, abaixando o dedo, e ouvindo o riso do Todoroki acompanhar o seu.

– Nem acredito que foste engordar sem mim. – Disse Todoroki descalçando os sapatos e calçando as suas pantufas, reparando nas pantufas novas que Midoriya usava, sabendo que eram novas pois não as reconhecia, mas iria perguntar sobre elas noutro momento.

Após estar com um calçado mais confortável, Todoroki dirigiu-se para a cozinha, sendo seguido por Midoriya, que tinha um sorriso satisfeito no rosto.

– Sabias que eu sou um bom marido? – Perguntou Midoriya rindo assim que viu o sorriso de Todoroki ao abrir o frigorifico.

– Guardaste para mim. – Comentou Todoroki com um sorriso no rosto, encarando Midoriya.

– Claro. – Confirmou Midoriya a rir. – Talvez não estejam tão bons porque passaram mais dias, mas acho que ainda devem estar. – Murmurou Midoriya pensativo.

– De certeza que ainda estão, já que estiveram no frigorifico, e também, foi a minha sogra maravilhosa que fez, de certeza que continuam deliciosos. – Garantiu Todoroki fechando a porta do frigorifico e aproximando-se de Midoriya, beijando-lhe a bochecha. – Mas sabes o que eu queria agora? – Perguntou rodando Midoriya lentamente, ficando atrás do mesmo, abraçando-o, pousando a sua cabeça no ombro do marido.

– O quê? – Perguntou Midoriya com um sorriso no rosto, tinha sentido falta de Todoroki, aquele contacto era muito bom.

– Pegar em ti, sentar-me no sofá, enrolar-nos num cobertor e não te largar pelo resto do dia. – Comentou Todoroki. – O que achas?

– Só se fizeres chocolate quente. – Disse Midoriya virando-se para o marido, que logo assentiu.

– Por acaso também me estava a apetecer. – Comentou Todoroki afastando-se de Midoriya e começando a preparar o que lhe tinha sido pedido.

Midoriya foi buscar duas canecas e deu-as a Todoroki, se ele ajudasse seria mais rápido para ter o seu homem para si de uma vez.

Não demorou muito e Todoroki já tinha preparado os chocolates quentes, Midoriya pegou na sua caneca, e após assoprar, bebeu um pouco, sorrindo em seguida por poder sentir aquele sabor que só Todoroki conseguia fazer que o chocolate quente tivesse.

Os dois sentaram-se no sofá, enrolados numa manta grande o suficiente para aquecer os dois, cada um com a sua caneca em mãos. Todoroki, agarrado na sua caneca apenas com uma mão, levou a outra em direção à mão esquerda de Midoriya, entrelaçando os seus dedos nos do marido.

Midoriya sorriu, um sorriso calmo e feliz, e de seguida ergue as mãos entrelaçadas, levando-as em direção ao seu rosto, fechando os olhos, fazendo com que Todoroki encarasse o movimento um pouco confuso. Midoriya então beijou a aliança no dedo de Todoroki, fazendo-o ficar um pouco corado e surpreso, Midoriya abriu os olhos lentamente e encarou Todoroki, sem afastar as mãos do seu rosto.

– Bem-vindo de volta. – Disse Midoriya voltando a repousar as mãos entrelaçadas no seu colo, bebendo um pouco de chocolate quente em seguida, e olhando para a televisão, onde estava a dar um filme aleatório que realmente não importava no momento.

Todoroki encarou Midoriya surpreso, sem saber como reagir após vê-lo agir de uma forma tão fofa e carinhosa, não que normalmente não fosse assim, mas aqueles dias separados realmente tinham feito ambos perceber, de uma maneira diferente do habitual, como amavam um ao outro, como queriam continuar um com o outro, e como tinham tido sorte em, num mundo caótico e estranho, se poderem ter encontrado e amado.

Nenhum dos dois poderia descrever a felicidade que sentiam em poderem ter o outro ao seu lado, e por poderem apreciar e viver, os bons e maus momentos, juntos.

– Estou de volta. – Sussurrou Todoroki beijando Midoriya suavemente, sentido Midoriya sorrir entre o beijo.

Quando se separaram, olharam os dois para a televisão, nenhum deles a realmente ver o que estava a passar. Após um momento de silêncio Todoroki começou a falar.

– Depois sabes onde vou querer comer aquelas sobremesas todas? – Perguntou com um sorriso de lado, deixando Midoriya um pouco confuso com a pergunta, mas antes que pudesse responder Todoroki continuou a falar. – Em ti. – Disse e bebeu mais um pouco do chocolate quente.

– O quê?! – Gritou Midoriya envergonhado e com o rostocorado percebendo a intenção de Todoroki, mas no fundo, tinha gostado, e muito,do que tinha ouvido.    

JuntosOnde histórias criam vida. Descubra agora