Juntos

Dia 30

– Já estás pronta? – Perguntou Jirou à porta de casa, estava bem agasalhada, pronta para enfrentar a noite fria de dezembro, e com uma pequena mochila às costas, com algumas coisas básicas que fosse possivelmente precisar.

Momo saiu do seu quarto, onde as duas tinham passado os últimos dias juntas, também muito bem agasalhada e com uma pequena mala no ombro. Jirou sorriu ao ver a namorada tão naturalmente bela.

– Estou. – Confirmou Momo aproximando-se de Jirou e dando-lhe um beijo suave nos lábios.

Jirou então abriu a porta e saiu, sendo seguida por Momo, que fechou e trancou a porta logo a seguir. Momo levou a sua mão à de Jirou e as duas começaram uma calma caminhada.

Não importava os anos que passassem, para Jirou era tradição ir com a família, pelo menos naquele dia, fazer voluntariado, aproveitando um dos dias em que os seus pais estavam de folga em conjunto para todos poderem ir participar de uma ação tão solidária.

E houve um ano, no qual as duas tinham decidido iniciar uma relação, em que Momo perguntou se Jirou queria passar aquele dia com ela, no entanto, já que aquele era um dos poucos dias em Jirou podia fazer voluntariado, teve de recusar o convite, pois adorava participar de tal ação solidária, explicando de seguida à namorada o que costumava fazer naquele dia todos os anos, convidando-a a acompanhá-la.

Jirou até pensou que Momo não quisesse, não a iria julgar ou criticar se ela recusasse, mas Momo surpreendeu-a, aceitando, com um sorriso lindo e confessou que já queria experimentar fazer algo do género, pois mesmo que a sua família doasse dinheiro para algumas instituições nunca tinha ajudado diretamente, mesmo tendo curiosidade e vontade de experimentar, mas nunca soube como, e provavelmente não teria coragem para fazê-lo sozinha, pelo que o convite de Jirou era simplesmente perfeito, poderia experimentar algo que sempre quis, e ainda acompanhada pela namorada.

Após o primeiro ano em que Momo experimentou, Jirou continuou a tradição, indo sempre com os seus pais, que não perdiam a oportunidade de continuarem a ir, e desde dai Momo sempre a quis acompanhar, sendo muito bem aceite por Jirou, a sua família, e os organizadores da ação solidária, que agradeciam, pois quanto mais pessoas dispostas a ajudar melhor.

Enquanto caminhavam, Momo e Jirou conversavam sobre o dia seguinte, estavam muito animadas para a passagem de ano, tinham recebido uma mensagem de Uraraka a confirmar também a presença de Iida, felizmente tinham-lhe dado folga. Juntarem-se, pelo menos os que estavam por ali, seria bom para todos, poderiam conviver e divertir-se, sem terem de se preocupar com o dia seguinte, já que nenhum deles teria de ir trabalhar, mesmo que infelizmente alguns ainda trabalhassem dia 31, mesmo que saíssem mais cedo do trabalho.

Com a conversa sobre a passagem de ano o tempo passou ainda mais rápido, e as duas logo chegaram ao local onde iriam fazer o voluntariado. Viram que já lá estavam imensas pessoas, tanto para ajudar como para serem ajudadas.

Foram então falar com a responsável, que ficou muito feliz ao vê-las, para saberem onde é que precisavam de ajuda no momento, pois muitas das vezes o sitio onde ficavam ia variando durante a noite, e assim que o posto de cada uma foi decidido separaram-se, dando um beijo rápido.

Jirou ficou na parte onde se distribuía comida, como sopa, fruta, pão e água, ela adorava ver o sorriso na cara das pessoas ao agarrarem uma taça de sopa quente enquanto lhe agradeciam, se pudesse realizaria voluntariado sempre, mas infelizmente não podia, mesmo que tentasse ao máximo apoiar as instituições com a banda que tinha formado. No entanto nem sempre se podia chegar a todos os lados, e mesmo ao saber isso Jirou ficava feliz ao poder ajudar e alterar a vida das pessoas, mesmo que fosse só um pouco.

Enquanto isso, Momo estava na parte dos agasalhos, onde de davam roupas lavadas e cobertores quentes, ela sabia que não era possível dar casa para todas aquelas pessoas, mas mesmo assim poder ajudá-las a não passarem frio era algo que a fazia sentir-se realizada.

Momo ficou muito feliz ao saber que desde do primeiro ano em que participou naquela ação solidária até ao ano atual diversas coisas tinham melhorado, mais pessoas doavam roupas e comida às instituições, mais pessoas vinham ajudar diretamente, e as instituições estavam a conseguir chegar cada vez a mais locais, conseguindo manter os mínimos nos locais onde já tinha estado.

Passado algum tempo os pais de Jirou chegaram, tinham avisado a filha que naquele dia não conseguiriam chegar há hora habitual, não que isso fosse realmente um problema, o importante era ir e ter vontade de ajudar, o que os pais de Jirou tinham e muito.

Para Momo o tempo passou a voar, parecia que mal tinha chegado e começado a ajudar aquelas pessoas quando a foram avisar que em breve poderia ir para casa, mas ao olhar para o seu relógio de pulso viu que realmente estava a ficar tarde. Decidiu então procurar Jirou, para irem para casa juntas, já que partilhavam a mesma, mesmo que às vezes Jirou fosse para a casa dos pais para também passar algum tempo com os mesmos, como tinha acontecido no dia 24.

Rapidamente a encontrou, Jirou estava a falar com os seus pais, aparentemente a despedir-se dos mesmos, infelizmente eles não tinham conseguido ficar tanto tempo como habitualmente, mas tinham prometido à responsável que iriam aparecer na semana seguinte para ajudar novamente, já que a ação solidária não se fazia só na altura do Natal e fim de ano, mas sim durante todo o ano.

Assim que repararam na presença de Momo, os pais de Jirou também se despediram da mesma e de seguida foram embora.

– Momo vamos para casa? – Perguntou Jirou com um sorriso doce.

– Claro. – Confirmou Momo, e logo as duas também foram despedir-se de algumas pessoas, mas um senhor, que já era conhecido pelas duas, pois todos os anos estava ali para ser ajudado, pediu que as duas ficassem mais um pouco, apenas para conversarem com ele e alguns amigos que estavam na mesma condição, as duas não conseguiram recusar e foram sentar-se junto a um grupo de pessoa que conversava animadamente, muitos deles conhecidos pelas duas.

A conversa estava a ser agradável, até alguns animais, cães e gatos, se tinham juntado, provavelmente pelo cheiro de comida, e talvez para tentarem aquecer-se, mas como não era a primeira vez que eles apareciam a responsável já tinha guardada comida para animais, pois não gostava de vê-los a passar fome.

Momo ofereceu-se para ir buscar a tal comida, pois o que tinha sido dado praticamente no inicio da noite já tinha terminado, e Jirou acompanhou-a, encheram alguns taparueres e logo os levaram para onde os animais aguardavam ansiosos.

Após algum tempo despediram-se das pessoas com um aceno, e agradeceram pela companhia, e assim que as pessoas também se despediram, elas pegaram nas suas coisas e seguiram para casa.

– És incrível Kyouka. – Comentou Momo após uns segundos em silêncio encarando Jirou, que tinha as bochechas rosadas e estava com uma feição um pouco confusa. – Ajudas sempre os outros, isso é incrível... eu admiro muito isso em ti. – Acrescentou com um sorriso no rosto.

Jirou acabou por ficar envergonhada, abraçando a namorada instintivamente e, apesar de ter sido surpreendida, Momo logo correspondeu.

– Tu é que és alguém admirável, porque se estivermos a falar de ajudar os outros, tu não és muito diferente de mim. – Comentou deixando Momo corada, fazendo Jirou sorriu com a reação da namorada.

Jirou então ficou na ponta dos pés, não permitindo que a diferença de alturas a impedisse de fazer o que tinha em mente, e beijou suavemente a testa de Momo, voltando à posição normal em seguida, e sorriu.

Momo entrelaçou a sua mão à de Jirou, e assim voltaram a caminhar até casa, com sorrisos doces nos rostos e vontade de passarem o resto da noite juntas.