Capítulo 2

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Kate

— Vai se acostumando, princesa. Uma hora ele nos tratam tão bem e de repente, nos tratam como cachorro de rua. Vai entender esse cara... — A medida em que Shawn se afastava, Zack se aproximava.

— Patrãozinho mimado. — Neguei com a cabeça sorrindo — Zack, pegue esses livros e coloque na sessão de mistérios. — Entreguei os livros para ele.

(...)

— Qual livro você está lendo, Zack? — Sorri ao ver Zack sentado no balcão, totalmente concentrado no livro que ele acabara de encontrar pelas estantes.

— Escuridão. Ele faz parte de uma saga, só que não encontrei os outros. — Bufou.

— Vai ver o resto da saga chegue junto com os outros livros amanhã? — Dei de ombros.

Zack também deu de ombros.
Apagamos as luzes da biblioteca e fechamos a porta.
Ele me deu um abraço de despedida e assim entrelaçamos nossos caminhos diferentes. O apartamento que aluguei semana passada é duas quadras daqui e isso é como dádiva pra mim.
Antes de chegar até minha casa, passei em uma lanchonete e pedi duas pizzas para o jantar, um de frango e um de calabresa.

Enquanto eu caminhava, senti alguém atrás de mim. Olhei para conferir e não vi ninguém além da minha própria sombra. Continuei a andar e o sentimento voltou a me atormentar. Respirei fundo e coloquei as caixas de pizzas em cima de um cômodo velho. Olhei para cima, verificando se não tinha ninguém me observando e senti um cheiro comum. Pelo menos, pra mim, era comum. O perfume abafava o lugar silencioso e vazio. Segui o cheiro e vi o reflexo de um homem alto e cabelos bagunçados.

— O que faz aqui, Mendes? — Voltei até o cômodo velho, peguei as pizzas e sai andando.

— Estragou meu esquema! — Bufou — Como sabia que era eu? — Shawn me encarou olhando de frente.

— Talvez pelo cheiro do seu perfume? — Dobrei minha sobrancelhas com um olhar distante.

— Olha só! Eu poderia te chamar de serial killer e mandar te prender, sabia?

— Não sabia que pra saber o cheiro do perfume fazia parte do comando de serial killers. — Olhei para ele, e Shawn estava com um moletom preto, mãos nos bolsos, calças pretas e sapatos também pretos. Talvez ele faria o meu tipo, só por usar preto.

— É claro! Além de saber o meu nome completo, sabe até o perfume que eu uso. — Deu de ombros. Só pode ser brincadeira, esse cara está mesmo tentando me provocar?!

— Não seja avulso. Isso não é nem a metade do que eu sei sobre você, cara. — Sorri vingativa e continuei a andar, Shawn ficou parado sem reação. Pobre garoto...

— Eu vou te denunciar, to avisando...

— Não abusa, mimado! Eu só estou brincando. — Revirei os olhos e o encarei parado atrás de mim — O que é? Vai ficar parado aí sem fazer nada? Até chegar um assassino e te matar?

Shawn acelerou os passos e aproveitei para dar um sustinho. Como sou híbrida, meus poderes são três vezes maiores que a dos vampiros e lobisomens, ou até um pouco mais.
Olhei para cima e a noite estava estrelada. Pulei até sacada de um prédio e esperei ele falar alguma coisa.

— Katherine? — Shawn olhou para cima e para os lados e não me encontrou.
Ele voltou a olhar para frente e resolvi descer.

— Sim, Mendes? — Provoquei um sorriso.

— Que susto, peste. — Shawn colocou sua mão no peitoral esquerdo e respirou ofegante dando lhe a impressão de ter corrido dez quadras sem parar.

(...)

— Hey, Kat. — Era assim que minha irmã me chamava. Ela me abraçou apertado e olhou confusa para o Shawn. Coloquei as pizzas e minha bolsa no balcão e revirei os olhos.

— Filho do patrão. — Apontei para o Mendes — Mais conhecido como Patrãozinho mimado.
Me joguei no sofá, peguei o controle e liguei a Netflix.

— Mais conhecido como Shawn Mendes. — Mendes corrigiu, apertando as mãos da minha irmã Bethany, mais conhecida como Beth.

— Sua irmã é sempre chata assim? — Mendes levantou a sobrancelha apontando para mim.

— Não. Você deve ter conhecido ela de forma errada. — Beth cruzou os braços indo na minha direção. Ela o encarou esperando que ele saísse de casa e, nada... — Não tem casa não, coitadinho? — O encarou.

— Que humor... então a chatice de Katherine é algo familiar né? — Mendes foi até a porta.

— Tenho certeza que a sua é pior. — Beth abriu a porta e o empurrou para fora — Tenha uma boa noite... coitadinho! — Fechou a porta fazendo um barulho estrondoso — humanos... — Cruzou os braços indo na direção do balcão — Fique esperta que esse cara vai te dar trabalho. — Beth alertou, enquanto comia uma fatia de pizza.

— Deixa comigo, Bethany. Sei me virar com esse tipo de espécie. — Me levantei indo em direção a pizza.

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