Coração de Urso - Livro I - Série Amores Indomáveis

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Ser o lider nunca foi o meu sonho, mas acabou sendo meu dever, após a morte de meu pai, que era o líder do nosso clã. Talvez nunca chegasse a ser metade do que ele foi, porém fazia o meu melhor por nosso povo.

Manter a descrição para nossa sobrevivência era essencial, então meu pai trouxe todos nós para um pequeno vilarejo inexistente, e assim, criamos nossa própria pequena cidade, no meio de uma reserva e com o passar dos anos, a população humana se extinguiu completamente, deixando apenas nós, os shifters, seres abençoados com magia que podiam se transformar em ursos e voltar a forma humana quando quisermos.
Por termos uma relação intima com a natureza, fizemos a fauna e a flora prosperarem na reserva, arvores de espécies distintas ganharam vida, e animais já quase extintos se multiplicaram rapidamente, pois a cadeia alimentar agora possuía um predador maior que todos eles, nós, os ursos, e como não tínhamos interesse nos pequeninos, eles sentiam-se seguros. Nos tornamos guardiões da reserva, dos que habitam nela e do nosso povo.

Claro que isso trouxe para nós, o interesse de pessoas inescrupulosas, foi quando o peso da liderança recaiu sobre meus ombros, anos atrás, quando recebemos caçadores na reserva e eles assassinaram o maior urso pardo já visto, e tentaram tirar sua pele para tapete, uma verdadeira cena de terror, que jamais sairá da minha memória.

Meu pai morto, tendo sua pele arrancada de seu corpo.

Nenhum caçador saiu vivo, e aproveitamos a maré de terror e fechamos todas as trilhas da reserva por tempo indefinido.

Estávamos de luto. Queríamos ter o nosso tempo para sentir e superar a perda.

Não fui um dos privilegiados com esse luxo, tive que assumir a liderança em seguida, terminar os estudos o mais rápido que podia, me tornando assim o novo xerife local.

Eu cuidava de quem entrava e de quem saia da cidade, e parece que a reserva parecia concordar com tudo que eu fazia, uma vez que eu negasse a entrada de alguém, as arvores misturavam-se, e a floresta expulsava quem quer que fosse. Ninguém cruzava a fronteira, pois as arvores não deixavam, a única entrada e saída da cidade, era pela rua principal, e ela, era controlada por mim.
Uma vez sem nosso pai, coube a mim cuidar de Anelise e Thomas, meus irmãos caçulas, gêmeos. E isso acabou fazendo com que eu deixasse de lado minha própria vida, para ser o que todos precisavam: o líder, o resposavel, o protetor, o irmão mais velho... Mas esse sacrifício, também envolveu minha companheira.
Sem ela, meu urso jamais seria feliz, jamais teria filhotes, viveria solitário por toda nossa existência. Eu conhecia todas as moças da cidade, e nenhuma delas era minha companheira, nenhuma das que estavam gravidas, estavam gerando minha companheira.

Era extremamente frustrante. Não podia sair em busca dela, pois as responsabilidades dentro da reserva consumiam-me por inteiro. Tudo que podia fazer era rezar todas as noites, pedindo a alguma entidade maior que a mandasse para mim, pois dia após dia, meu urso tornava-se ainda mais solitário e isso fazia com que eu perdesse a vontade de viver, mandava, meu quase inexistente humor, para o lixo, e alimentava o ódio obscuro dentro de mim
Eu precisava dela, o mais rápido possível, pois em breve, não conseguiria mais cumprir minhas tarefas mais simples, tamanha a revolta do urso descomunal que eu mantinha aprisionado.

_você esta fazendo aquela expressão terrível novamente! – a doce voz de Anelise tirou-me de meus devaneios, e apenas a encarei na porta de meu escritório. Vestia um vestido simples azul bebê, usava casaco, botas e trazia consigo uma sacola – você não foi jantar, mas imaginei que estava com fome!

_onde esta Thomas? – indaguei olhando para o além dela, e o encontrei a cabeleira ruiva rebelde logo mais atrás.

_aqui ursão, eu não deixaria Ane sair sozinha, já esta tarde! – falou descontraído.