19° Pulsar: Gael

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A patrulha tinha finalmente terminado, a ronda na floresta e nas periferias da cidade, assim como a patrulha das viaturas na cidade, estávamos reforçando a segurança da cidade, uma vez que estávamos investindo pesado nos projetos de ampliação, para tornar o nosso lar, o lar de todos os nossos irmãos ursos.
Estranhei ao chegar em casa e não encontrar ninguém, apenas tomei um banho rápido e segui para a casa de minha companheira, na esperança de conseguir passar algum tempo com ela, afinal, nos últimos dias não tínhamos tido tempo para quase nada.
Mesmo durante o caminho, nada conseguiria me preparar para o que estava vindo a seguir, o que me esperava na casa quase escondida na floresta, uma cortesia de Seraphina.
Só estava tentando entender como as coisas tinham chegado naquele ponto. Quantas voltas o universo tinha dado, para chegar até ali, que eu não tinha percebido? Quantos dias tinham se passado, desde o ocorrido do presente e o sequestro de Ane? O que estava acontecendo?

_mas o que... – meu cérebro se recusava em formar qualquer frase coerente ou racional para falar naquele momento.

Definitivamente a surpresa da situação tinha me deixado desnorteado, ou talvez fosse o volume do som que estava fazendo a vidraçaria da casa estremecer, ou talvez fosse o fato de que minha companheira, seu irmão albino, meu sogro, e meus irmãos estivessem completamente possessos, gritando o refrão da música em plenos pulmões, fazendo poses de “Super Star” em seus respectivos lugares.

_WE WILL, WE WILL ROCK YOU! – o coral de vozes ecoou pela casa, fazendo os pelos do meu corpo se arrepiarem.

_Buddy, you’re a young man, hard man. Shouting in the street, gonna take on the world some day. You got blood on your face, you big disgrace. Waving your banner all over the place. – a voz de meu sogro atingiu-me como um tapa, deixando-me ainda mais perplexo.

_WE WILL, WE WILL ROCK YOU! – novamente o coro de vozes, cantou o refrão, deixando-me novamente sem entender a cena – WE WILL, WE WILL ROCK YOU!

A música mudou subitamente, e quando dei por mim, estava vendo minha companheira pular para cima da mesa da sala, segurando o controle da televisão como se fosse um microfone.

_load up on guns, bring your friends. It´s fun to lose and to pretend. She’s over-bored and self-assured. Oh, no, I know a diry word. – ela cantou, então Elloran assumiu posição ao seu lado.

_Hello, Hello, Hello, how low. – começou, e sua voz era incrivelmente melodiosa e afinada – Hello, Hello, Hello, how low. – repetiu - Hello, Hello, Hello, how low. Hello, Hello, Hello…

_with the lights out, it’s less dangerous. – Cantaram juntos – here we are now, entertain us. I feel stupid and contagious. Here we are now, entertain us. A mulatto, an albino. A mosquito, my libido. Yeah, hey, yay.

Então novamente, a música mudou, mas dessa vez, era Thomas quem assumia o lugar de minha companheira, assim como o seu microfone improvisado.

_This ain’t a song for the broken hearted. No silent payer for the faith departed. I ain’t gonna be just a face in the crowd. You’re gonna hear my voice when I shout int out loud.  – cantou incorporando alguma entidade do rock.

_It’s my life. It’s now or never. I ain’t gonna live forever. I just want to live while I’m alive! – Zahira se juntou a Thomas, assim como Bradley. – It’s my live. My heart is like an open highway. Like Frankie said. I did it my way. I just wanna live while i’m alive. It’s my life.

A musica mudou novamente, mas dessa vez, foi Seraphina quem tomou o lugar de Thomas, porém subiu em cima do sofá com o controle, juntamente com Ane e Zahira. Nada ali parecia real, tinha muita magia no ar, e era capaz de deduzir isso, apenas vendo os olhos da pequena ruiva brilharem em chamas.

_singing: I love Rock n Roll. So put another dime in the jukebox, baby. I love Rock n Roll. – cantaram juntas – So come and take your time and dance with me. Ow!

_mas o que esta acontecendo aqui? – Emmet perguntou chegando e parando ao meu lado, encarando a cena – é um show de Rock particular?

_é o que esta parecendo... – murmurei, meu cérebro retomando aos poucos o funcionamento, após o choque inicial. – eles até cantam bem! – ponderei.

_singing: I love Rock n Roll. So put another dime in the jukebox, baby. I love Rock n Roll. – Cantaram todos juntos – So come and take your time and dance with me. Ow! – então a musica se findou e gargalhadas tomaram a sala.

_o que estavam fazendo? – perguntei, quando Zahira, pulou em meu colo, atracando-se em mim, como um macaquinho, enlaçando minha cintura com suas pernas. Apenas sustentei seu pouco peso, e tentei não pensar em coisas eróticas, afinal, tinha muita gente ao redor.

_educando Elloran! – declarou orgulhosa – ele tem que ter boas referencias musicais! Como você e o grandão estavam ocupados, resolvi chamar Ane e Thom para dar uma ajudinha! – tagarelou, e então me deu um selinho rápido, sorrindo para mim, como uma criança – oi ursão! – falou manhosa, passando seus braços por meu ombro.

_oi ursinha! – sorri do seu jeitinho, que a cada dia mudava. Minha companheira era uma caixinha de surpresas, o que me deixava ainda mais fascinado.

_já terminaram por hoje? – indagou e eu assenti – que bom!

_ah, já que estão todos aqui, venham comer! – Seraphina convidou com um sorriso enorme no rosto.

_é claro! – Emmett concordou de imediato – sua comida é a melhor da cidade! Você tem mãos magicas, senhora!

Observei, Thomas e Ane, seguirem Seraphina como dois animais domesticados, em perfeita sincronia, assim como Bradley. Elloran esperou Emmett, de quem ganhou um delicado beijo nos lábios e um na testa, antes de ser guiado pelo loiro até a cozinha.

_eles ainda estão se adaptando a isso! – Zahira comentou – você tinha que ver, Emmett quase teve um infarto ao pedir permissão para beijar Elloran! – sorrimos – ainda estão nos selinhos...

_melhor do que nada! – dei de ombros – e você, como esta? – indaguei.

_estou bem! – respondeu – Andrews disse que vai ficar de olho em mim, por mais um mês apenas! Tenho de ir vê-lo, uma vez na semana!

_isso é uma excelente noticia! – apertei-a em meu colo.

_vamos, vamos, ou ficaremos sem comer! – ela tentou sair do meu colo, mas a segurei ali, fechei a porta e caminhei tranquilamente até a cozinha, onde todos já estava sentados e comendo.

Parei para refletir apenas um instante, vendo o quanto minha familia tinha crescido. Seraphina tratava meus irmãos como seus filhos, assim como Elloran; Bradley sempre mantinha um sorriso meio no rosto, sob um olhar sereno, observava a todos, parecendo satisfeito, com o que via. A pequena ruiva era um poço de amor e humor infinito, para ela não tinha tempo ruim, e não havia ninguém que não merecesse um tratamento especial.
Meus irmãos jamais admitiriam, mas sentiam falta dessa presença materna, a qual meu pai e eu jamais poderíamos suprir, uma vez que nossa mãe havia falecido durante o parto dos gêmeos. Eu jamais seria grato o suficiente a Seraphina por “adotar” meus irmãos, como seus filhos.
A memoria dos dias anteriores ainda eram frescas. Tínhamos chegado em casa, após toda a tormenta e a problemática do hospital, uma vez que Ane detestava hospitais. Seraphina chegou tomando da casa, dando ordens aos empregados e colocando tudo em ordem.

_perdoe-me por isso! – Bradley comentou sem graça – ela é uma força da natureza que não pode ser contida...

_mãe! – Zahira exclamou colocando-se na frente da ruiva, ambas do mesmo tamanho, com as mãos na cintura – você não pode chegar e ir mandando nas coisas assim, dominando tudo...

_claro que posso! – rebateu colocando as mãos na cintura, ambas na mesma pose de “me enfrente se puder” – se eu quiser domino a porra do mundo! – declarou fazendo Zahira massagear a fronte com os dedos.

_você é impossível! – resmungou.

_onde estão minhas crianças? – a ruiva questionou-me com os olhos cerrados.

_eles não são seus filhos, mãe! – falou suspirando e Seraphina sequer a olhou – não me ignore! – e foi ignorada.

_são todos meus filhos! – declarou – Ane, Thom, Emm, Elly... – tagarelou – menos Gael, ele é meu genro!

_mãe você ta muito fora da casinha! – minha companheira exclamou puxando os cabelos, e foi ignorada.

_e você esta no meu caminho! Caia fora dramática! – ela gesticulou com as mãos, e Zahira flutuou no ar, antes de ser lançada para cima de Bradley, que a aparou sem problemas.

_como eu disse... Uma força da natureza... – Bradley suspirou e apenas pude dar de ombro, antes de puxar minha branquinha para meu colo.

Desde então, Seraphina se tornou a mãe de praticamente todos, sem fazer distinção de ninguém. Me pergunto se tudo isso estaria acontecendo, se eu tivesse negado abrigo a eles no inicio, e só de pensar nisso estremeci, o que não passou despercebido por Zahira.

_o que há? – indagou encarando-me.

_não é nada! – dei de ombros – vamos comer!

Sentei-me com Zahira no colo, deixando-a nos servir a vontade, fazendo uma replica do Everest, em comida. Não estranhei ver Seraphina sentada no colo de Bradley, enquanto dividiam o mesmo prato, entre Shifters, isso era muito comum, quase tão natural quanto respirar.
Quando olhei para minha companheira, ela terminava de servir o segundo prato, fazendo uma segunda cópia do Everest.

_Zahira, você quer ficar desnutrida? – minha sogra bradou, apontando uma colher ameaçadoramente para minha companheira – como vai gerar meus netos, com um corpo desnutrido! Não esta comendo quase nada! Bradley, veja! Veja! Faça algo! – insistiu cutucando-o no peito.

_deixe-a comer aos poucos, para não dar indigestão! – ele falou – esse é apenas o primeiro prato! – ponderou, e assim conteve a ruiva.

_acho bom mesmo! – declarou por fim, com uma ameaça explicita em sua voz.

Conseguia perceber, assim como Zahira, Seraphina estava mudando de acordo com a melhora da filha. Conseguia perceber o quanto a familia estava mudando, Bradley pareci conseguir descansar melhor, e estava com uma aparência melhor, Seraphina e Zahira eram um poço de mudanças de humor constante, duas forças da natureza, que quando se degladiavam, deixavam a todos com os pelos em pé.
Era visível a mudança, e todos pareciam ainda nem estar no seu auge, o que me fazia imaginar como eles viviam antes de toda aquela tragédia acontecer, onde moravam, e o que faziam.

_nada disso realmente importava! – Zahira falou subitamente, me pegando de surpresa, ela me observava com um sorriso sereno – estamos em casa agora, em família! – declarou pousando uma das mãos em meu peito – isso é o que importa!






Hello, it’s me! Kkkkkk Hey, Pandinhas! Como estão? Mais um capitulo quentinho para vocês! Eu demorei para postar, e já peço desculpas, mas é porque eu estava doente, ainda estou um pouco, na verdade, e estava indo ao médico, procurando me tratar, afinal, se eu morrer, não da pra escrever né gente kkkkkkk então, tanto para vocês, quanto para mim, trouxe um capitulo levinho, para continuarmos, tendo algumas referencias da minha playlist. Espero que tenham curtido, comentem e deixem a estrelinha, acho que já estamos no fim...

We Will Rock You – Queen
Smell like to spirit – Nirvana
It’s my Life – Bon Jovi
I Love Rock n Roll – Joan Jett

Coração de Urso - Livro I - Série Amores IndomáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora