O antônimo de aceitação

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Arrumei as caixas da mudança na noite passada, e depois de preparar um lanche para a viagem, eu finalmente dormi. Hoseok e eu estamos indo embora.  Depois que meu pai faleceu, minha mãe foi embora, disse que não suportaria viver na casa e se foi, não dando tanta importância à mim, e mesmo que não me espante nada a sua atitude, eu ainda me senti sem utilidade.

Não consegui aceitar o fato de que meu pai tinha ido. Era jovem e ainda tinha conquistas, e eu não tenho o porquê ter desejado mal a ele, mesmo com tudo que passamos. Ele pediu perdão.

E eu perdoei.

Mas com tudo isso ainda, eu sinto que minha mãe precisava seguir sua vida, e apesar do medo que​ tenho dela talvez tentasse alguma coisa, eu a deixei ir. Não posso ser um peso na vida dela nesse momento também. E eu tenho Hoseok.

Jung Hoseok esteve comigo até agora, e nunca me abandonou nesse tempo em que me recuperava da morte de meu pai, do contrário, me encorajava e dizia que eu tinha feito a melhor coisa, que era ter perdoado papai.

Eu aceitei que fiz bem, mas não aceito ter sido tão ruim com ele.

"Você não fez nada, yoonsweet"

Olhei meu rosto no espelho e comecei ver os defeitos; os que vejo todo dia. 

É impressionante como consigo ser tão horrível. A pele branca demais, os lábios finos em demasia, olhos escuros e sem vida. Meus dentes são feios, a gengiva mostrada demais quando sorrio. Eu me vejo inteiramente medonho. Há parte em meu corpo em completo desalinhamento, coisas que jamais irão se arrumar, jamais serão bonitas. E o meu eu interno? catástrofe, podemos dizer. Eu sou um egoísta, creio, mas não sei como faço para definir corretamente. A energia ruim intercala com a aura escura, escura e sem vida. Sete dias da semana para aprender me aceitar. Sete dias da semana em que eu me odeio.

— A aceitação vem de dentro, Yoongi, já conversamos sobre isso.

— Com que facilidade você acha possível que eu me ame? De verdade, não vejo saída.

— Você é um paciente complicado, se não se esforçar, eu vou deixar de tratar você.

— Mais acostumado que eu em desistência, apenas dois de mim na mesma escala.

— É impossível para você tentar?

— Eu me esforço sim, não consegue acreditar?

— Não dá para saber se faz realmente ou não, eu não vejo resultado!

— Sendo assim, podemos chegar ao fim dessa sessão. E de qualquer outra. Acabou.

Se até mesmo meu psiquiatra desistiu de mim, por quê outra pessoa ainda ficaria?

É questão de tempo até Hoseok cansar. Ele vai se esgotar. Até minha mãe não aguentou. Deve ser horrível e decepcionante para os pais terem um filho com problemas como os meus. Meus pais sentiram vergonha a vida toda, eu tenho certeza.

— Tudo bem? – Hos perguntou tocando minha bochecha com o indicador, levemente.

— Tudo.

— Vamos passar no supermercado antes de irmos?

— Você não quer meu lanche?

— Claro que eu quero! Mas a gente precisa de água, suco e porcaria. Eu preciso ver você feliz comendo balas de ursinho.

Morri.

— Certo, nós passamos. – Levantei do sofá onde estava e fui até o quarto pegar minha carteira. — Aqui tem algumas notas que sobraram do meu último emprego, meu cartão que também tem algum dinheiro, e o que tinha na carteira do meu pai que a mãe me deu. Ajuda?

Hoseok sorriu, indignado.

— Meu amor, a gente vai viver bem, e além do mais, você vai guardar seu dinheiro para que compre suas coisas. Eu já tenho emprego lá, dá para sustentar nós dois.

— Você crê que vou ficar parado vivendo do seu dinheiro suado? Hoseok, não. Eu vou trabalhar, me esforçar para permanecer. Vamos crescer juntos, e quando você for famoso, pelo menos eu vou me sentir útil.

— Ok – Derrotado, yes, ele aceitou sem questionar. — Mas você é útil em tudo, por favor.

— Vou tomar banho.

— Yoongi.

— O que é?

— Lave seu cabelo com o shampoo de camomila, por favor. Eu quero sentir o cheirinho depois.

Droga, Hoseok. Tão perfeito.

— E quero secar seus cabelos também!

Entrei no banheiro. Todos os maus pensamentos vieram de uma vez. Eu chorei no banho porque odeio meu corpo. Tudo que já citei, tenho nojo. Não queria que tocassem em mim. Queria ficar em casa, sozinho e trancado, para que ninguém visse minha cara feia.

Mas eu lavei os cabelos como Jung Hoseok pediu.

E eu saí, então ele me esperava, sentado no sofá em meio àquelas caixas todas da mudança, com uma toalha e escova de cabelos. Meu coração apertou.

Cheguei perto, sem movimentos a mais do que sentar no chão e esperar. Ele passou o nariz nos meus cabelos, chegando próximo a minha nuca. Arrepiei, porque sua respiração fez cócegas. Hoseok deixou um beijo em meu pescoço.

— Eu amo seu cabelo, e mais do que ele, o cheiro do seu shampoo. Parece de bebê. Se bem que dá certo com você.

Sorri mínimo. Não sabia exatamente como reagir aos mimos de Hoseok, mas o pior era agir como se não me sentisse um peso.

— Minha pele fica avermelhada depois que saio do banho. Isso que acontece quando se parece uma caixa de leite. Droga de pele branca. 

— Amo sua pele branquinha e você sabe. Parece um floquinho de neve, Yoonsweet. 

— E olhe só, minhas mãos enormes e desproporcionais, o que eu faço com elas?!

— O que faria sem elas? Não poderia me tocar daquele jeito...

— Cem por cento inaceitável. 

Hoseok me virou para si, parando de passar a toalha em meus cabelos. Dançou gentilmente seus dedos por meu rosto, fazendo um carinho muito bom. Mas depois que suspirou ele disse:

— Se aceite, Yoongi. Você é tão lindo, tão incrível. Eu vou te ajudar com isso. Você sabe.

— Pouco a pouco você está conseguindo me ajudar em muita coisa. Me perdoe se é tão difícil.

— Você é inteiramente perfeito. Aceite.

— Devo dizer a antonímia de aceitação?
















É um capítulo baseado na minha história.
Love Yourself, gente.

°Antonímia° Yoonseok Onde histórias criam vida. Descubra agora