#EspecialAnoNovo ♥ Reveillon sem ele ♥

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Viu-a colocando mais uma peça de roupa na mala. 

Era véspera de ano novo e sua filha chorava desesperada por conta da chuva forte que caía do lado de fora.

A briga havia sido feia, ele perdeu a cabeça, o controle, exagerou. Ela chorou, gritou, quebrou coisas e ameaçou colocar fogo na casa. 

Sentia-se como uma garota perdida, não tinha ninguém que a compreendesse que conversasse, que lhe abraçasse. Até tinha o marido com ela, mas tudo aconteceu de uma maneira tão rápida entre eles que se sentia tão distante d'ele, mesmo tendo um ano de casamento e seis meses de namoro, ainda era um desconhecido para ela, como se tudo que estava acontecendo fosse por obrigação ou compromisso, sobre a filha era apenas obrigação de mãe.

— Podemos mudar isso. – Suplica o marido – Não me deixe, – consente a lágrima que persistia em cair de seus olhos marejados. – Por favor.

— Eu não posso. – Fecha a mala – Não aguento mais essa falsidade dentro de casa. – prossegue fria, feito uma pedra de gelo.

— Não tem falsidade alguma, eu te amo, amo a Lara – aproximou-se.

— Estou falando de mim. – Aponta para si. – Durante todo esse tempo eu menti, não te amo, nunca te amei, não consigo me apegar a Lara como você se apegou, – sorri abatida – para mim, foi tudo obrigação.

— Como pode me dizer que não ama a mim? Como pode não amar a Lara? Ela é nossa filha, Dulce. – Alterou-se.

— Não amo... – confessa – Lara foi... foi... – Buscou palavras, mas nenhuma era a que queria então se expressou com a primeira que lhe veio à mente – a pior coisa que aconteceu na minha vida.

Calaram-se, tais palavras da esposa havia sido piores que uma facada no peito. Sentia-se traído, humilhado, usado. Sentiu vontade de ir para cima dela, mas se segurou.

"Homem jamais deve levantar a mão a uma mulher", pensou no que seu pai sempre lhe dizia.

Olhou ela pegar a mala e caminha pelos corredores. Mãos trêmulas, peito doendo, coração partido, olhos vermelhos. Lábios secos e rosto inchado, tudo o que se passava pelo seu corpo ao ver a mulher que tanto amou, a única em sua vida, seus sonhos e seus pensamento, indo-se embora.

— Não pode fazer isso – segurou-a pelo pulso.

Não sabe como conseguiu alcançar-lhe, só sabia que não poderia deixá-la ir, precisava dela para viver, para seguir, não se via sem ela.

— Não pode me abandonar. – Puxou o corpo da amada para o seu. – Por que decidiu isso agora? Estávamos tão bem, tão felizes.

— Eu não estava feliz – se afastou.

— Por favor, fique! Não precisa ser por mim, mas fique pela nossa filha.

— EU NÃO POSSO! – Transtornou-se. – Quer saber? Eu não posso mais, eu amo outra pessoa.

O chão havia lhe faltado assim como o ar, deu um passo para trás impedindo-se de cair.

— Você me traiu, Dulce? – abaixou a cabeça e olhou para trás.

Não tinha forças para olhá-la, não tinha jeito para isso. Era muita humilhação para ela, imaginar na probabilidade de traição da única mulher que amou em sua vida.

— Sim, me deitei com outro, o trouxe para a casa, neguei o nosso casamento a todos e disse que estava com você somente por dinheiro – cuspiu as palavras em sua cara.

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