only for you

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David POV

O primeiro tempo de jogo foi tranqüilo, estamos nos acostumando a jogar contra o Chelsea mas confesso que é difícil ter como principal rival meu antigo grupo. Um cara novo entrou no nosso time,Thiago. Fazemos dupla na zaga e já nos conhecíamos dos tempos em que eu ainda morava no Brasil. É sempre difícil mudar o time na última hora mas parece que somos bons companheiros. Quando estamos no intervalo o técnico pede para que eu faça um gol e não confio em seu pedido mas, não custa nada tentar.

Já se passam das cinco horas e o céu está escuro, a bola corre por todo o gramado aos pés de Bernard que não está tão bem em campo, a mesma é passada para mim e antes de qualquer movimento o beijo que dei em Manu vem em minha cabeça

- Porra David – Oscar grita e quando percebo perdi a bola para o time adversário. Não pode ser.

Começo a correr atrás de mesma e confesso estar no mundo da lua pensando naquele beijo, naqueles lábios e naquela noite; Ouço o apito e o número quatro de minha camisa é mostrado no painel. Ótimo, ser tirado do jogo nos últimos dez minutos. Deixo o gramado batendo palmas e dou um breve abraço em Digne, meu substituto.

- Não ta sabendo mais jogar bola garoto? – o técnico da um tapinha em minhas costas e apenas mordo os lábios nervoso – Bebe uma água e descansa um pouco, o último gol ainda é seu – ele coloca a mão em meu peito e como se não fosse pressão suficiente vejo Ísis na arquibancada

Se a Ísis está aqui a Manu deve estar. Calculo pensativo mas, ai lembro que elas tem uma sentença de morte cravada desde a festa de sábado, eu não estou diferente. Ísis me encara nos olhos e lança um aceno sorrindo, não retribui e quase vou até lá mostrar o que tem no meu rosto. Chacoalho a cabeça tentando esquecer da briga e quando finalmente consigo os olhos castanhos de Manuela vem em minha cabeça, seus dedos rápidos tocando piano e suas incansáveis lágrimas. Ela está muito mal nesses dias e duvido que só meu beijo tenha melhorado tudo isso.

- Corre David, ta dormindo hoje ou só fantasiando a Manu... – Oscar me empurra do banco e só ai percebo que trocamos de lugar. Dou uma risadinha falsa para ele e o pior é que ele me conhece melhor que ninguém

Entro em campo ainda com sua imagem em minha mente. Ok David é na bola que você deve focar. Corro como um animal fazendo com que ela pertença aos meus pés e passo a mesma para Bernard, ele entende que vamos fazer nossa jogada ensaiada. Eu passo para ele e ele deve me devolver quando estivermos na grande área, espero que isso aconteça.

Como planejado, o goleiro pensa que ele irá fazer o gol mas é a minha vez de chutar. A torcida grita e o apito final é dado, aponto para o céu com uma mão e com a outra faço o símbolo da letra "M", aquele da linguagem de surdos, então.

"Esse gol foi pra Manuela" falo sem emitir sons e Oscar arregala os olhos "Está só louco ou é um louco apaixonado?" Ele me responde partindo para um abraço da vitória. 3x2 para Paris Saint Germain. Sim, ganhamos o campeonato Europeu.

Quando as entrevistas começam não consigo esconder meu sorriso de felicidade, eu mal estava acreditando que iria conseguir jogar e olha o que acontece, eu faço um gol. Agradeço a todos os torcedores até que a pergunta que eu não esperava é feita.

- Quem é Manuela? – a repórter pergunta e eu gelo por completo, o que responder. Procuro em minha cabeça qualquer resposta plausível e Bernard me tira da fria

- Uma menina – ele responde gritando e enfia uma medalha em meu pescoço – Agora, se não se importam – ele aponta para trás de nós – Temos uma vitória a comemorar – a alegria em seus olhos transborda

Passo os braços ao redor de seus ombros e vamos dançando para o meio do campo, ninguém deixa o estádio e isso faz com que eu me sinta mais positivo até que, o receio toma conta. Manu assistiu ao gol? Ela ao menos se importa com futebol? Eu preciso saber se ela entendeu o que está acontecendo por que eu nem sei o que estou sentindo. Eu estou apaixonado?

Dou um aceno rápido em direção a toda a torcida e corro para o vestiário, não troco de roupa e pego minha mochila. O estacionamento está apenas com o guarda que me dá um abraço.

- Parabéns filho – retribuo suas palavras com um tímido "obrigado"

Os portões são abertos e entro no carro às pressas, as ruas estão todas cobertas de azul e vermelho e ai me lembro como me sentia feliz, quando criança, ao ver meu time vencer. Um sorriso bobo surge em meus lábios e aos poucos me animo ao ficar mais perto de casa.

Quando encosto na garagem Frederich está chegando na portaria, já com seu terno, chapéu e rosto sério. Deixo o carro na calçada e entro correndo para o elevador, acho que ele diz algo mas não me dei ao luxo de ouvir. Aperto o número catorze com os pés inquietos como se necessitasse ir ao banheiro.

A porta se abre no hall e entro sem pedir licença, acredito que eu já seja de casa, no segundo andar a televisão está ligada no canal do jogo e algumas entrevistas estão passando, ela assistiu? Dou uma olhada em seu quarto que já está de porta aberta e me assusto ao receber um tapinha nas costas.

- Abusado? Nem um pouco – ela fica bravinha como sempre e sorrio simpático, esperando um abraço de agradecimento – Vai ficar me olhando com cara de bobo? – não, ela não viu o jogo. Viro os olhos e aponto para a televisão

- Eu fiz um gol – a animação é exagerada em minha voz

- Veio do estádio até aqui para me contar isso? – ela pergunta e só ai percebo que está com uma roupa larga o suficiente para mim

- Não foi qualquer gol – limpo o suor que escorre minha testa e começo a dar voltas em volta de seu corpo – Eu fiz um gol pra você – paro em frente a ela que tem um rosto surpreso.

Seus olhos estão arregalados e as sobrancelhas mais erguidas que o normal, Manu leva a mão a boca e imagino que ela se pergunta se estou falando sério ou só brincando com sua cara, ela dá um passo para trás e começo a gargalhar alto.

- Foi por impulso – passo a mão no cabelo com vergonha do que venho a falar – Mas era em você que pensei quando chutei aquela bola

- Isso é sério? – vejo que ela quer sorrir e afirmo com a cabeça – Você está nojento – ela aponta para minha camisa suja e o resto do corpo suado – Também não é nada agradável encarar esse seu rosto machucado – agora estamos com o olhar cruzado

- Eu fiz um ato digno de prêmio para você e recebo críticas – me viro de costas fingindo ir embora e ela segura meu braço

- Eu ia falar que apesar de tudo, merece um abraço – ela se justifica e agora sorri de canto

- Só um abraço? – pergunto perverso

- Como assim? – rio da sua ingenuidade

- Bom, sabe como são as coisas – me aproximo de seu corpo aos poucos para não assustá-la – Não é a coisa mais fácil do mundo chutar uma bola no gol e ganhar um campeonato nos últimos minutos de jogo – coloco a mão em sua cintura e pela primeira vez meus dedos fraquejam.

Nossos olhos não se completam, muito pelo contrário, tentam se entender. Sorrio bobo ao encarar seus lábios e passo um dedo por sua bochecha, mordo o lábio inferior e confesso que ser sexy não é a minha habilidade. Chego perto de seus lábios e ela permanece imóvel, volto a encarar seus olhos que parecem pedir por isso.

- Posso? – pergunto baixinho e já de olhos fechados.

A resposta que recebo é o toque de seus lábios nos meus, diferente do outro beijo ela vai mais apressada, onde foi parar a delicadeza dessa menina? Suas mãos estão em meu pescoço e sorrio ao perceber que ela segura firme essa área, a minha mão aperta sua cintura enquanto a outra passeia por seus cabelos.

Não estou muito acostumado com essa pressa toda e logo peço por ar, ela me olha e começamos a rir juntos.

- Que todos os abraços sejam assim – digo risonho e ela vira os olhos

Upstairs.- David LuizOnde histórias criam vida. Descubra agora