what a day

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Manu POV

Me levantei mais ativa do que o normal e a primeira coisa que vem em minha cabeça é o que fiz com David na última noite; Ele estava diferente, mais cavalheiro e ao mesmo tempo mais atrevido. Saio da cama e ligo o chuveiro na água gelada já com o objetivo de começar a minha tela, separo uma calça larga e blusa de moletom, prendo o cabelo com uma caneta e entro na água sem pensar duas vezes. O choque térmico já esperado ocorre de maneira menos ofensiva e logo me acostumo com a baixa temperatura, escovo os dentes no chuveiro e quando termino de me secar e vestir chamo o elevador.

Sorrio boba ao me lembrar do beijo da última noite e antes de chegar ao térreo o elevador para no quarto andar, uma senhora e um senhor entram e me encaram estranho por causa da roupa, sussurram algo como “esses jovens, ou andam sem roupa ou se cobrem todos nesse elevador” e depois sorriem cínicos para mim. E eu aqui pensando que os amigos da minha avó eram dóceis.

Na portaria eles cumprimentam Frederich e eu só aceno com a cabeça. Não estou muito acostumada  a andar pela rua do meu prédio mas, cedo ou tarde terei de aprender, por que não agora? Vou para a direita em busca de um café ou padaria e um carro para ao meu lado, quando os vidros são abertos vejo Bernard e Oscar sorrindo. Lá vem.

- Bom dia David Girl – Oscar grita e os observo diferente, o que eles estão sabendo – Precisa de carona? – ele continua agora olhando o retrovisor

- Bom dia e, não obrigada – respondo apressada ao ver que estão congestionando o trânsito – Vou tomar café em algum lugar aqui por perto

- Quando voltar pra casa dá um beijo no David por mim – Bernard fala e faz um biquinho, viro os olhos percebendo que eles já sabem mais que o necessário, arrancam o carro e vão a todo vapor pela longa avenida

Continuo minha caminhada silenciosa e pela primeira vez percebo como as pessoas daqui são frias. Não recebi nenhum bom dia ou um sorriso que seja, todos caminham apressados ou discutem ao telefone sendo que o dia nem começou, a única coisa que me encanta é a língua francesa que parece ser séria e divertida ao mesmo tempo, palavras curtas e bonitas como se tivessem sido criadas com mais delicadeza do que significado. Avisto de longe uma cafeteria que não parece estar movimentada, acelero os pés e quando entro no local o vento quente do aquecedor me deixa mais confortável.

Meus dedos tocam o vidro do balcão e o mesmo protege inúmeros macarrons e docinhos deliciosos. Passo a língua em volta dos lábios com desejo de experimentar cada coisinha. A atendente me pergunta o que quero e escolho por algo de sal e rápido de comer. Me sento em uma mesa próxima à janela para olhar o ir e vir das pessoas, após cinco mordidas e alguns suspiros me levanto e faço o caminho de volta até o prédio, quando entro no saguão Frederich ergue o braço como se pedisse para que eu espere, paro na frente do elevador e ele caminha apressado até mim, suas pernas finas o tornam meio desengonçado e dou um sorrisinho por isso.

- Nesta tarde vai acontecer um jogo muito importante e eu gostaria muito de assisti-lo – ele começa a falar e ergo as sobrancelhas, futebol me persegue, só pode – Por isso irei deixar com os moradores as chaves da portaria – ele me entrega uma chave branca com o símbolo de duas palmeiras – Espero que não se importe – ele não esboça um sorriso e eu apenas confirmo com a cabeça

O elevador abre e de dentro dele sai David cheio de mochilas e coisas que não faço a menor ideia do que sejam, quando nossos olhares se encontram uma energia diferente se estabelece no ar, não sei se é impressão minhas mas meu coração se acelera e ele abre a boca mas não consegue falar.

- Bom dia Sr. David Luiz – Fred é o primeiro a nos tirar do transe – Precisa de ajuda com as coisas? – David tira seus olhos de mim e eu encaro o chão por um segundo

Upstairs.- David LuizOnde histórias criam vida. Descubra agora