I missed you.

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A ausência é um estado de intensidade. Pode ser uma ação, que desencadea emoções ou as fortifica.

Ausência de silêncio pode mudar o mundo. Ausência de palavras, provocar guerras. Na ausência de pessoas, a saudade, o ódio, o amor ou a dor podem se manisfertar.

A questão é que: a ausência sempre marca. E quando há amor, a linha para a dor e o ódio é como uma linha que se repuxa de um tecido e o desfaz inteiro se você tentar a arrancar.

Eu não sentia ódio, nem dor, talvez um pouco de saudade, e amor... talvez seja cedo demais. A questão era a ausência dela me causando incômodo.

Criar vínculos, nunca era fácil comigo. Eu era sociável, me divertia fácil e me simpatizava com muitas pessoas, mas não criava vínculos. A saudade era uma palavra destinada a pessoas próximas demais e nunca a alguém de poucos dias. Até ela.

Se te causa incômodo, tem sentimento. Há um vínculo ali, você e o que causa o incômodo são ligados ao que você sente. São ligados pelo ódio, pelo amor, saudade, dor, ou qualquer outro abstrato que possa conectar duas pessoas.

Eu e Greeicy estávamos ligadas. Ou eu estava ligada a ela. Alguma coisa fazia-me lembrar dela sempre e me incomodar com a falta de proximidade.

Ela me deixou emocionada demais, quase patética. Soava patético toda a minha reflexão gerada por ter passado algumas semanas sem vê-la.

E soava patético como eu não só sabia que eram semanas, mas sabia que eram 4 semanas, 29 dias, quase um mês inteiro. Estava a ponto de contar as horas, com minha cabeça pensando sentimental demais.

Em meio a isso tudo, a única certeza: ela e ausência juntos era uma fórmula que eu não deixaria durar por muito tempo.

- Anitta? Está tudo bem? - Meus pensamentos se dissipam com a voz de David se manifestando.

- Oh, sim. - Sorrio falso. - Só estava tendo ideias de onde encaixar a música. - Minto.

- Eu achei intensa e sexy, pensei em você pois soube que está procurando músicas para seu novo trabalho. - Carceres explica através da tela enquanto leio novamente a letra em minhas mãos.

- É seu estilo de música em espanhol, além de ser provocante como você. - Sorri meneando a cabeça para David que também sorria na video chamada.

- Eu gostei da letra, com uma boa batida pode ficar ótimo. - Desviei meus olhos da folha de papel me voltando para o notebook. - Me lembra a alguém.

- Então vai ficar com a música? - Carceres pergunta e eu mordo o lábio.

- Ela não vai servir para o Solo, Veneno ja é a música em espanhol, mas como eu disse, me lembrou alguém. - Explico lembrando de certa morena que rodava a minha cabeça a um tempo.

- Quem? - David pergunta interessado arqueando a sobrancelha. - Uma música assim te lembrar alguém? Hmmmmm. - Ele zoa e eu rolo os olhos.

- Palhaço. - Ele ri. - Me lembrou a Greeicy, uma cantora latina, conhecem?

- Oh, sim. - Carceres se pronuncia. - Ela tem uma boa voz e é linda.

Bota linda nisso, penso.

- A conheci um dia desses, somos.... amigas. Acho que pode ser uma boa colaboração, tenho que falar com ela, faz quase um mês que não nos falamos. - Suspiro. - Mas isso é quase um sim. - David sorri animado através da tela e eu mordo o lábio.

- Me dê um toque quando decidir. - David alerta e eu balanço a cabeça em afirmação.

- Fica combinado então, tenho que ir rapazes, nós falamos depois. - Carceres se despede com um acenar e David me manda um beijo antes da chamada de vídeo ser encerrada.

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