Capítulo 1

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7 Anos

Em meu aniversário de 7 anos, eu ganhei uma bicicleta, lembro de ter implorado pro papai que comprasse uma. Eu não tinha nenhum amigo, nem na escola, nem na rua e nem em minha família. Pelo menos nenhum que fosse da minha idade, porque segundo os papais, eles sempre seriam meus melhores amigos.

Por isso, eu precisava de uma bicicleta, todos os meninos tinham bicicletas. Então, quem sabe eu me enturmasse.

Se passaram alguns dias e meu papai Namjoon me ensinou a andar de bicicleta, era bem fácil até, visto que ela tinha rodinhas. Esse foi meu erro, pois ao chegar na escola com a bicicleta, todos os meus colegas riram e falavam:

ㅡ Olha lá, é claro que o viadinho ia aparecer com uma bicicleta de rodinhas. Bebezão, além de gordo ainda é sensível.
Não. Por favor. Não diga isso.

ㅡ Quer uma fraldinha pra limpar suas lágrimas?

Eu não sou um bebê, por favor, não.

ㅡ Quer uma mamadeira também ou só um leitinho quente já está bom pra você?

Eu não...

Saio correndo, já com lágrimas escorrendo pelo rosto, em cima da minha bicicleta e ao chegar em casa deixei-a na garagem com raiva. Subi até meu quarto, desabei na cama e finalmente a cachoeira de lágrimas foi derramada.

IDIOTA. IDIOTA. IDIOTA. VOCÊ É UM OTÁRIO, JIMIN. É POR ISSO QUE TODO MUNDO TE ODEIA. VOCÊ. SÓ. FAZ. MERDA. A CULPA É TODA SUA.
TODA
SUA
IMBECIL

Como eu achei que todos passariam a gostar de mim por causa de uma maldita bicicleta? Eu sou MUITO burro. Eu sou um GORDO de merda. Ninguém NUNCA vai gostar de mim. E o fato de os meus pais serem gays não ajuda muito, nunca os culparia, claro, culpo o PRECONCEITO nojento dessas crianças melequentas. EU ODEIO ISSO. ODEIO ELES E ME ODEIO.

O que eu fiz pra merecer isso? Eu só queria um amigo. SÓ UM. É pedir demais?

Ouço o carro dos meus pais estacionando na garagem. Logo em seguida meu pai Jin entra dentro da casa com raiva.

ㅡ Park Jimin, quantas milhões de vezes eu já disse pra você não deixar essa bicicleta largada na garagem? - enquanto ele fala vai subindo os degraus um a um. - Fica difícil pra entrar com carro e...- ele para na porta do meu quarto e me vê olhando pra ele com o rosto molhado e olhos inchados ㅡ Meu Deus, filho, você está bem? O que houve? Alguém te machucou? Alguém te tocou? Aí meu Deus. - ele me bombardeia com tantas perguntas que não tenho como responder todas então prefiro responder com mais perguntas.

ㅡ Eu não entendo, pai. Por que eles não gostam de mim? O que eu fiz de errado?

Por que eu tinha que nascer gordo? Por que eu tinha que ser tão sensível? EU ME ODEIO, PAI. - Grito no final.

ㅡ Oh meu Jimin, querido - ele me abraça forte e em seguida me olha nos olhos. - Jamais repita isso, ouviu? - ele balança o dedo na minha cara - O problema não é você e nunca será. Você é perfeito. É o meu garoto é eu não te trocaria nem pelo tesouro mais valioso desse mundo, eu amo cada pedacinho de você. Sua coragem, sua compreensão, sua inteligência, sua bondade, seu jeito meigo. E se essas crianças não vêem a pessoa maravilhosa que você é, é porque eles não te merecem, entendeu?

Meu mais que perfeito desgosto Onde histórias criam vida. Descubra agora