I:
Todos esses pensamentos mórbidos deixaram Ted levemente incomodado. Para tentar afastar essas ideias e para passar o tempo ele pegou seu celular junto de seus fones de ouvido e buscou uma música. Músicas sempre foram o seu refúgio desse mundo para um melhor, um mais calmo. A sua playlist possuía diversos tipos de músicas e por conta disso ele nunca sabia qual colocar. Então sempre optava pelo modo aleatório, que sempre proporcionava uma música perfeita para a ocasião. Ele adorava ver qual musica o todo poderoso DESTINO iria sugerir para ele naquela ocasião. Por mais que não acreditasse em coisas como religião ou aliens, Ted sempre acreditou em destino. As coisas sempre aconteciam por um motivo certo? E que esse motivo sempre dependia do destino e que as coisas nunca iriam mudar. O que vai acontecer está destinado a acontecer. Não importa o que você faça.
Ele finalmente selecionou o modo aleatório e a música começou a tocar. Pequenas batidas surgiram em seu ouvido que logo foram aumentando e ele reconheceu de cara qual era a música, mais uma vez o destino não falha. A música em questão era Everybody Wants to Rule the World e junto da música Ted voou longe dali. Era uma ótima sensação, músicas eram o que movimentavam e faziam a vida dele continuar, momentos tristes se esvaneciam quando fones encaixavam em seus ouvidos. Momentos demorados passavam em um piscar de olhos e tudo sempre aparentava ter mais cor. Ele nunca ousou a pensar no que aconteceria caso nunca mais pudesse ouvir um instrumento na vida.
Ele diferente de outros adolescentes de sua idade, preferia músicas clássicas ao invés desse lixo de hoje em dia. E quando se falava em clássicas não era sobre Beethoven ou Mozart mas as verdadeiras clássicas. Geralmente eram musicas dos anos oitenta e noventa que sem sombra de dúvida foram as melhores épocas. Cada música que ele escutava o levava para um lugar diferente e fazia lembranças antigas voltarem, era algo maravilhoso como cada música podia fazer emoções diferentes surgirem. Ele simplesmente ficava flutuando no vazio com seus fones e com seus pensamentos, mas no lado triste da realidade ele continuava sentado no banco do ônibus olhando para fora pelo vidro. Ted continuava olhando fixamente pela janela, mas ele não estava realmente enxergando por ela. Os seus olhos podiam estar abertos, mas o que ele enxergava era outra coisa, a música ao fundo foi diminuindo, mas não chegou a sumir, ela estava em nível bem baixo, mas ainda perceptível e Ted não estava mais em um ônibus, mas sim em um trem.
II:
Não havia nenhum barulho fora a música que agora estava quase impossível de se ouvir. O trem não estava tão cheio, apenas algumas pessoas ocupavam os assentos enquanto outras permaneciam em pé e todas elas estavam ocupadas. Algumas liam livros e outras falavam no telefone. Mas Ted parecia ser o único deslocado ali. Ele olhava em volta perdido à procura de respostas, mas ninguém parecia se importar com a presença dele. De repente o trem emitiu um "bipe" e começou a frear até parar por completo, as portas se abriram, mas no lado de fora onde uma estação deveria estar não havia nada. Tudo estava preto como noite, e um ar gélido vinha dessa escuridão. Algumas pessoas se levantaram e saíram do trem. Foram em direção da escuridão e sumiram nela. Depois que todas sumiram as portas se fecharem e o trem começar a andar novamente. E isso continuou algumas vezes até o trem estar quase vazio. Ted não ousou mexer um músculo em todo esse processo, o medo já tinha tomado conta dele. Mas ele estava com receio do que poderia acontecer caso ficasse ali sozinho. Em razão disso ele olhou em volta à procura de alguém e viu uma mulher sentada não tão longe dele e com medo a chamou:
— Ei moça, desculpa incomodar, mas você poderia me dizer para onde essas pessoas estão indo?
A mulher que estava lendo um jornal, o abaixou calmamente e o dobrou até ele ficar bem pequeno então olhou para Ted. Foi aí que ele percebeu que ela não tinha exatamente um rosto. Onde deveriam estar boca, orelhas, nariz e olhos havia manchas pretas como se alguém tivesse apagado os detalhes do rosto com uma borracha. Não era só ela, mas todos estavam com o rosto borrado. E eles não pareciam se incomodar com isso. Entretanto Ted se encolheu mais ainda no banco quando percebeu isso.
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Uma boa festa nunca acaba
Mystery / ThrillerEm mais um dia comum de verão Ted Sanderson acordou com o barulho do despertador e com a casa vazia, seria apenas mais um dia solitário como qualquer outro. Mas uma serie de eventos estranhos começam a surgir em sua vida, pessoas de sua vizinhança c...