Uma boa festa nunca acaba

EM UM CORREDOR VAZIO DE UMA CASA CHEIA

I:

A saída repentina dessa lembrança fez sua cabeça doer, diferentes das outras memorias essa foi extremamente realista. Ele quase podia sentir que realmente estava em sua escola, conversando com o Professor Melbourne e rodeado de outros alunos. Conseguia ouvir as vozes entrando em seus ouvidos como se as próprias pessoas estivessem falando ao lado. Contudo, uma parte de si sabia que ele continuava no presente, parado no corredor de entrada. Jonas e Luísa se encontravam no final do corredor, estavam parados e pareciam de certa forma perdidos. Quase como esperassem por uma ordem ou um comando para se moverem. Os olhares dos amigos penetravam diretamente por ele, como se olhassem para dentro de Ted. Sua cabeça latejava em um ritmo acelerado, sua visão ficou embaçada como se a pressão tivesse caído por um instante. De fato, não fora uma memória igual as outras, o surgimento dela foi extremamente cansativo. Seus pensamentos estavam densos e bagunçados, porém ele sabia que tinha algo a mais ali.

— Os pensamentos estão cada vez mais turvos Ted? Me pergunto o que está acontecendo aí em cima nessa cabecinha assustada.

Ele se assustou com o comentário, mas não viu exatamente quem o fez. Provavelmente Luísa ou Jonas que estavam por perto. em razão disso ele se dirigiu até onde os mesmos estavam parados. Mas pouco depois que deu alguns passos Warden passou por ele esbarrando fortemente em seu ombro, o movimento brusco foi tão intenso que Ted foi jogado contra a parede. Foi questão de centímetros para a cabeça dele não se chocar contra a parede.

— Desculpa irmãozinho, não te vi aí. — Exclamou o Warden sorrindo ironicamente sem ao menos se dar o trabalho de olhar para Ted que ficou para trás. — Fiquem à vontade, a única coisa que eu peço é que não entrem nos quartos do segundo andar. Fora o banheiro é claro.

— O que tem nos quartos do segundo andar? — Perguntou Jonas quando o homem passou ao seu lado no corredor apertado.

— Apenas não entrem neles, é tudo que peço. — Concluiu Warden ainda sem olhar para trás. Ele saiu do corredor e virou para algum lado sumindo em meio de um grupo de pessoas que estavam tumultuadas ali por perto. Luísa trocou olhares com Jonas que pareceu um tanto inquieto com o inesperado pedido do anfitrião. Ele não havia dado motivo para o suposto pedido, fazendo assim a curiosidade deles aumentar ainda mais. Entretanto o foco se dissipou quando Ted finalmente se juntou a eles.

— Você está bem? — Perguntou Jonas curioso. — Você quase bateu com a cabeça na parede naquela hora, foi um esbarrão e tanto. — Jonas que estava com as mãos nos bolsos de sua jaqueta, tentou ajudar Ted a limpar a roupa quando ele se aproximou.

— Eu estou bem, obrigado — Respondeu Ted empurrando a mão de Jonas para longe rejeitando a ajuda. — O que você estava falando para mim naquela hora?

— Como assim? — Indagou Jonas confuso.

— Na entrada do corredor, antes dele me empurrar de propósito. Você não disse algo para mim?

— Não que eu me lembre, eu acho que...

— Como você sabe que ele fez isso de propósito? — Comentou Luísa cortando por cima da frase de Jonas.

— Eu tenho certeza absoluta que ele fez de propósito.

— Ele é mais velho e mais alto que você, sem contar que o corredor é apertado. Tenho certeza que ele não fez por querer. — Comentou Luísa surgindo atrás de Jonas. Os braços cruzados ficavam grandes pelo tamanho excessivo do moletom que usava. Ted tornou a olhar para ela com surpresa pelo comentário repentino.

— Por que você tá bancando a advogada dele?

— Eu não estou bancando a advogada de ninguém aqui. — Ela mirou em Jonas que disfarçou no mesmo instante. — E-eu estou? — Ted girou os olhos deixando ignorando a garota e voltou a tentar se limpar. — Olha eu apenas estou relatando os fatos. — Continuou Luísa. — Por que ele iria querer te jogar na parede afinal?