Segunda parte.

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Capítulo OnzeCinco anos depois...

Nem acredito que hoje é sexta-feira, nossa esta semana foi cansativa. Adoro meus alunos, mas eles estavam impossíveis. Só pegando algumas ondas vou conseguir relaxar, e já está passando das cinco. Acho que Júlio está livre. Disco seu número, ele atende no segundo toque.

- Oi anjo mau!

- Sereia!

- E ai, vamos pegar onda?

- Sério? Acabei de sair de uma reunião tão chata. Eu ainda tenho um monte de coisas para resolver aqui.

- Ah! Jú como você é mau. Esta semana você não tirou nem um tempinho pra sua amiga. Você sabe que não vou sem você.

- Eu prometo que amanhã eu vou.

- Às sete?

- Às sete!

- Beijão Jú! - cinco minutos depois Júlio retorna minha ligação.

- Sereia?

- Oi... Respondo desanimada.

- Que preguiça é essa? Nem parece a mesma com quem falei ha cinco minutos.

- Tédio! Sabe o que é isso?

- Tenho um remedinho pro seu tédio. Vamos pegar uma balada hoje?

- Ah! Jú, pra depois você mandar um táxi me trazer pra casa. Porque arrumou uma gata... Não, não... Não estou afim.

- Já falei que se você quiser pode ser minha gata no fim da noite.

- Júlio! Já te falei que cantar a amiga é uma escolha errada.

- Não custa tentar. Sabe que sou paciente um dia você vai querer provar um pedacinho de mim.

- Melhor amigo Jú... - ele fez uma pausa.

- Eu juro que hoje eu serei todo seu. Nem se a Juliana Paes estiver lá eu te deixo sozinha.

- Júlio, já te falei que seu grau de canalha é de vinte por cento?

- Já.

- Subiu para trinta e cinco. Me pega às nove.

Sou capaz de identificar um canalha de longe. E pode acreditar todo homem é. Uns cinquenta por cento, outros sessenta, setenta. Júlio é o menos canalha que eu conheço. Porque ele avisa antes as coitadas que só é pegação.

Meu ciclo de amizade é bem reduzido, tenho algumas colegas de trabalho. Mas amigo mesmo, só Letícia e Júlio. Depois do meu acidente Jú me acompanha em meus mergulhos à longa distância. Também me ensinou a surfar. Fomos padrinhos de formatura um do outro, ele se formou dois anos antes de mim. Temos muita coisa em comum por trás daquela carinha de mau, ele também tem um coração ferido. Perdeu seus pais aos seis anos. Tem um amor não correspondido, sou doida para saber quem é, mas juramos não falar um para o outro o nome de quem feriu nossos corações. Tem gente que jura que somos namorados ou no mínimo peguetes, só que nunca rolou nada entre nós. Sou praticamente uma virgem. Serio depois do canalha eu não tive mais ninguém. Construí muralhas em meu coração, gosto de ser sozinha. Lógico que pinta uma solidão, mas depois passa... É só pegar uma onda ou cair na pista de dança que passa. Pra ser sincera sou um pouquinho infeliz. Por mais que eu lute e finjo que não, ainda amo o canalha. Às vezes me acho durona, não me abalo por pouca coisa mais foi à vida que me deixou assim. Só meus alunos são capazes de amolecer meu coração e meus irmãos Gabriela e Kaique. Filhos de Sônia esposa de meu pai. Sônia era ajudante lá no restaurante. É uma mulher forte e batalhadora que sofreu muito na mão de seu ex-marido, que era um homem muito violento. Acabou morrendo em alto mar, em um sério acidente que levou várias vidas de pescadores. Gosto dela e hoje meu pai não tem mais aquele olhar tristonho. Se ele está feliz, eu só posso ficar feliz por ele.

Um pequeno milagre!!Onde histórias criam vida. Descubra agora