Quarta parte.

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Capítulo Vinte e Oito

Por mais que eu quisesse me sentir segura, que tudo era real, que meu amor foi ali a milhas de distância e já volta, o frio na barriga e a sensação de estar pisando em uma camada fina de gelo foi minha companheira até o telefone tocar.

- Alô!

- Boa noite Linda!

- Boa noite, Feio!

- Já estou morrendo de saudades e eu ainda estou no aeroporto.

- Eu também estou morrendo de saudades, Feio. Eu tenho tanta coisa para resolver e só consigo pensar em você.

- Vou fazer tudo o mais rápido possível para voltar - seu tom de voz muda ficando sério. - Camilla eu quero que você me prometa que amanhã vai à terapia.

- Eu já disse que vou. Não precisa ficar me vigiando como se eu fosse uma criança.

- Eu não estou te vigiando amor. Eu estou cuidando de você.

- Fala a verdade. Você fala assim só para conseguir o que quer de mim.

- Assim como?

- Com esta voz rouca me chamando de amor. Fazendo-me derreter.

- Minha voz faz tudo isso?

- Sua voz... Seu olhar... Seu toque... Seu cheiro.

- Camilla você está me seduzindo, para eu desistir de ir viajar?

- Não só estou cuidando de você - escuto risos e posso até ver seu lindo sorriso, se fechar os olhos.

- Tenho que ir amor. Estão chamando meu voo. Ligo assim que desembarcar. Te amo!

- Te amo!

Quando desligo o telefone percebo a cara de boba que estou. E a falta de privacidade. E coloco em prioridade na minha lista de coisas que preciso um telefone celular.

A manhã está linda, com um sol radiante. A casa tem barulho de crianças e cheiro de café. Sinto-me em paz, mesmo sabendo que a calmaria é temporária. Sei que quando Júlio acordar as coisas não serão tão simples assim. Mas como eu já tinha decidido não ia ficar sofrendo por antecipação. Tudo que quero é aproveitar um dia de cada vez. Até a tempestade chegar e tirar minha paz.

- Bom dia, família...

- Bom dia, Camilla - responde meu pai que está em casa no lugar de estar fazendo suas compras para o restaurante.

- Pai o senhor tinha me dito que hoje ia madrugar para comprar verduras frescas. O que aconteceu? O Senhor nunca está em casa a esta hora.

- É que eu vou te acompanhar até a terapeuta hoje.

- Como o Senhor sabe que tenho terapeuta hoje? Não precisa falar nada não. Eu sei bem quem te fez fofoca - isso me irrita profundamente.

- Camilla ele só me disse, porque sabe que você não gosta de ir.

- Ah, o Senhor está defendendo o André agora? Homens... Todos cúmplices, mesmo não gostando um do outro.

- Olha Camilla, eu não gosto de você junto com André. Mas admito que ele está sendo importante para você neste momento.

- Pai ele é importante neste e em qualquer outro momento de minha vida. É melhor o Senhor ir se acostumando com isso.

- Camilla você não acha que está indo rápido demais? Olha tudo que você passou. O Júlio está em coma no hospital. Você tem que resolver sua separação. Não acho certo você ficar por aí de beijos e abraços com André para quem quiser ver.

Um pequeno milagre!!Onde histórias criam vida. Descubra agora