Prólogo

2.6K 161 12
                                    

Minha mãe era linda! Nem parecia uma mulher que já estava com trinta e nove anos. Alegre, doce, encantadora... Professora infantil que era muito amada por seus alunos. Dedicada, amava o que fazia. Meu pai era formado em educação física, mas sua grande paixão é a confeitaria. Batalhou muito e abriu sua própria padaria, que era uma das mais conhecidas de Rosário nossa cidade

Nunca tive muitos amigos, mas os que eu tinha eram os melhores. Eu fazia parte de um grupo de adolescentes, que tinham o apelido de Os Belos Nerds. Sempre achei graça ser chamada assim, mas tinha orgulho em ser uma das melhores alunas da escola. Junto com Baby e Janaina, minhas inseparáveis amigas, os meninos Paulo, Gustavo e Rodrigo que realmente eram belos nerds.

Ser filha única tem suas vantagens. Era muito amada e o centro das atenções de meus pais. Meus pais se amavam tanto que transformavam tudo em sua volta alegre e feliz. Às vezes ficava envergonhada com a forma que eles se olhavam. Eu já sabia que era hora de sair de cena, se não quisesse presenciar cenas calorosas de beijos e abraços. Isso eu achava lindo! Sempre pensei que um dia ia ter um amor assim.

Meu pai trabalhava duro na padaria. Tinha uma boa equipe de confeiteiros e funcionários de confiança no balcão, o que nos permitia viajar ao menos uma vez por mês. Nosso destino era sempre a praia. De Rosário a Ubatuba era mais ou menos uma hora e meia de viagem. Quando chegávamos lá, era como estar no paraíso. Tínhamos planos de um dia irmos morar lá. Talvez em cinco anos. Estando lá, nós passávamos quase todo o dia na beira do mar. Passeávamos de escuna, competíamos natação entre nós. Fazíamos amizade com facilidade. Sempre reuníamos com outros turistas e moradores, para fazermos um luau. Minha mãe com sua alegria sempre agitava tudo. Depois das viagens, nos sentíamos renovados, cheios de energia para enfrentar nossa rotina.

Todos os dias meus pais saiam para correr. Eles sempre me chamavam para acompanhá-los. Mas só de ouvir a palavra "correr" eu sentia vontade de me amarrar na cama. Eu não gostava de correr, muito menos malhar. Não sei de onde eles arrumavam tanta energia. Depois saiam para trabalhar. Minha mãe me deixava na escola. Minha mãe e eu éramos muito ligadas, melhores amigas. Nós nos conhecíamos somente com o olhar, ela era capaz de sentir quando eu não estava bem, mesmo estando longe. Com ela a vida era alegre, doce e mágica. Minha mãe era meu chão, meu porto seguro. Nós éramos muito parecidas, tínhamos os mesmos gostos. Amávamos o mar, tínhamos um sonho de conhecer toda costa brasileira em um barco. Estávamos programando esta viagem para alguns anos quando tudo mudou.

Um dia durante a aula, me chamaram... Pediram para eu juntar minhas coisas que a coordenadora iria me levar para encontrar meu pai. Pois minha mãe tinha passado mal e estava no hospital. Logo pensei que minha mãe poderia estar grávida, isso já tinha acontecido uma vez e foi horrível porque sua gravidez não foi adiante. Quando chegamos ao hospital Maria do Carmo a recepcionista informou que o Senhor Francisco Amaral nos esperava. Percebi olhares entre elas que me deixou angustiada. Fomos guiadas para uma sala privada, onde meu pai estava. Meu pai estava sentado no chão com os joelhos encolhidos com a cabeça baixa seus soluços eram altos e desesperador. Corri até ele me jogando no chão em sua frente.

- Pai onde está minha mãe? Por favor, pai me fala. Onde está minha mãe? Por que o senhor não está com ela? - ele ergueu a cabeça para me olhar e não precisou dizer mais nada. Comecei a gritar por minha mãe. - Não... Não... Não... Não... - gritei em agonia batendo em meu pai, que tentava me segurar.

Eu me debatia gritava por minha mãe. Sentia uma dor terrível em meu peito. Parecia que ia estourar. Medo, desespero e agonia me deixavam sem ar. Queria correr em uma reta com todas as minhas forças. Eu não queria acreditar. Precisava ver minha mãe. Não podia ser real. Minha mãe não podia estar morta. Meu pai me abraçou e ficamos sentados no chão chorando agonizando de dor. Era de cortar o coração ver meu pai chorar compulsivamente. Chorava por minha mãe, sou capaz de fechar meus olhos e ouvi-lo.

Um pequeno milagre!!Onde histórias criam vida. Descubra agora