Capítulo 3 - Atson

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"Se você não estivesse aqui quando cheguei... não sei se eu teria aguentado." Dama da meia-noite/ Cassandra Clare

Segunda, 11 de abril de 2016. 11h54

Depois que o sinal bate, todos os alunos saem eufóricos e ninguém quer ficar mais tempo na escola do que já são obrigados e assim, a correria e gritaria dos alunos são insuportáveis. Pego minha bolsa e saio da sala. Vou em direção ao restaurante próximo à escola acompanhado do Gui.

A distância entre a escola e o restaurante não é muita. Caminhamos por uns cinco minutos e já chegamos lá. Nós não queremos entrar, pois se estiver cheio, os clientes ouvirão nossa conversa. Não preciso conversar com o Gui sobre isso para saber que pensamos igual. Ele apenas olha para mim e assente com a cabeça.

Olho para dentro e verifico que está vazio, talvez pelo fato de hoje ser segunda-feira. Mesmo assim é melhor não correr o risco. Ainda mais se o Gui se descontrolar e começar a gritar como um louco. Às vezes, ele não consegue controlar o que faz. Preferimos ficar no parquinho ao fundo do estabelecimento. Gui se senta no balanço, já eu me escoro na parede. Ainda são 11:54.

"Será que ele vai vir?" Ele pergunta em um sussurro. "Não boto fé nisso. Acho que pegamos pesado com ele, viu. Ele deve ter se assustado." Gui diz.

"Claus virá. O Dan sabe o que está fazendo. Afinal de contas, Dan sondou o cara, né?"

"Não sei, não, Atson. Não aguento essa preocupação. E se o Claus pensou que o Dan fosse, você sabe, um deles." Ele me olhou com tristeza.

"Não seja tolo, Gui! O Dan contou tudo o que sabia para o Claus. E o cara mal hesitou porque nem tinha como negar. Ouvimos tudo porque Dan deixou a chamada no modo autofalante." Gui deu uma risada exagerada. Não sei o que eu disse que seja engraçado.

"É! Você está certo! Atson, você bem que podia... ver como ele está e se já vem. Está quase na hora." Ele é esperto.

Ainda escorado na parede, sento-me, dobro meus joelhos, cruzo os braços e repouso a cabeça. Eu durmo em menos de um minuto. Todos temos desvantagens. Eu tenho pesadelos todos os dias. Quando eu durmo apenas com o objetivo de descansar, é atormentador.

Saio de mim. Vejo o Gui olhando para meu corpo, agora dormindo. Caminho rumo à escola e lá está Claus saindo pelo portão e indo em direção à Biblioteca. Não deixo de reparar novamente em seu corpo, como fiz várias vezes quando o estava vigiando para ver se alguém o estava seguindo. Ele é gordo e eu não sei muito bem o que o Dan viu nele para que precisemos nos importar tanto. Claus está muito suado e ofegante. Mesmo já tendo verificado que ele está a caminho, eu o acompanho lado a lado no mesmo ritmo. Obviamente as pessoas não podem me ver quando estou no plano astral. Eu posso me deslocar rapidamente nesse plano, mas isso consome muita energia de mim, por isso prefiro caminhar normalmente.

Quando estamos quase nos aproximando do restaurante aperto o passo e volto. Volto para meu corpo.

Acordo e abro os olhos. Sinto um cansaço enorme. A primeira coisa que vejo é Gui que está ao meu lado agora, cuidando de mim. Ele me deitou no chão gramado e apoiou minha cabeça em seu colo. Ele sabe como ninguém o quanto é exaustivo para mim usar minha habilidade. Sou grato pela atitude do meu amigo. Para as outras pessoas, ele quase sempre parece indiferente a tudo, mas eu sei o quanto ele se importa comigo já que somos melhores amigos.

Eu me levanto e ele sorri para mim. É um sorriso de alívio muito sincero. Às vezes é muito complicado aguentá-lo, já que sua habilidade não colabora muito para que ele tenha uma estabilidade emocional satisfatória, mas pelo Gui vale a pena lutar.

Claus chega. Gui o chama com um aceno e por isso o garoto vem até nós, um pouco receoso e desconfiado.

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