Um Esconderijo em Paris

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O cartão que Dumbledore havia entregado ao magizoologista não parou de brilhar até que Newt se rendeu a ele. Segurando a mão de Tina, que segurava o casaco de Jacob que, por fim, tentava carregar Yusuf Kama, o qual continuava desacordado, Scamander segurou o cartão entre os dedos e deu o impulso da aparatação, mas, ao invés de pensar em um destino, deixou que a magia do objeto o guiasse.

Quando o mundo voltou a ficar focado em frente aos seus olhos, eles estavam dentro do que parecia ser um laboratório antigo, porém ainda em funcionamento, a julgar pelas ferramentas antiquadas, mas muito limpas. Havia diversos frascos de vidro organizados e etiquetados sobre as bancadas e prateleiras, alguns encarapitados em pés de metal, suspensos sobre velas acesas com chamas pequenas demais para se tratar de fogo comum. Também havia livros, muitos livros, espalhados nas bancadas, nas estantes e no chão, a maioria deles marcados por pedaços de papéis ou marcadores de metal.

"Que lugar é esse?" perguntou Jacob em um sussurro.

"Algum tipo de laboratório," disse Newt, atravessando o aposento e analisando o que conseguia ver sobre as mesas.

"Um laboratório do que e de quem?" Tina o seguiu, se abaixando para olhar mais de perto o conteúdo de um dos frascos que borbulhava sobre uma chama.

"A princípio, diria que é o laboratório de um mestre das poções, mas..." O homem arqueou uma sobrancelha enquanto olhava um livro aberto sobre a mesa. Ele deslizou os dedos sobre os símbolos pintados nas folhas antigas e gastas. "Alquimia."

"Alquimia?" Goldstein sussurrou. "Onde foi que você conseguiu acesso ao laboratório de um alquimista?!"

"Woah, qual o problema disso? Alquimistas são algum tipo especial de bruxos?" Kowalski perguntou, apoiando melhor Yusuf nos braços, e olhou em volta. O trouxa sorriu ao ver um sofá na sala logo atrás do laboratório.

"Alquimistas são bruxos como qualquer outro," Scamander explicou. "A diferença é que eles se arriscam em estudar alquimia, que é uma área... um tanto complexa." O homem se esticou para olhar através da janela, vendo o que parecia ser uma placa pendurada sobre o batente da janela. O símbolo em metal que balançava discretamente com o vento era o mesmo do cartão. "Ela estuda... não apenas a magia como resultado, mas como... pequenas partes? Alquimistas quebram as coisas para estudá-las: plantas, pedras, metais, feitiços, maldições, até mesmo a própria magia no seu estado mais natural possível."

"Eles tentam entender as coisas a partir de pequenos pedaços," Tina falou, tentando ajudá-lo. "Mas isso é complexo. Quebrar uma poção em ingredientes é fácil, mas quanto menores forem as partes que você vai quebrando, mais complexas elas ficam. É como os trouxas que estudam... aqueles que olham nos microscópios ou que teorizam sobre partículas que formam cada coisa?" Goldstein respirou fundo, antes de se virar para o trouxa e acenar a varinha na direção dele, ajudando-o a colocar Yusuf no sofá. "E eles tem uma certa obsessão por coisas realmente complexas como... magia pura e a vida em si."

Um gemido fez os três se voltarem para o bruxo desacordado. O rosto de Kama se contorceu em uma expressão de dor e, antes que ele pudesse abrir os olhos, Tina atravessou o laboratório até o alcançar, apontando a varinha para a cabeça dele:

"Dormito," ela murmurou e o rosto do bruxo relaxou outra vez.

"Talvez não seja muito bom deixar ele dormir depois da pancada na cabeça," disse Newt.

Tina o encarou por alguns segundos, antes de soltar um muxoxo e voltar andar pelo laboratório, olhando tudo com muito cuidado.

"Eu... precisava da ajuda de alguém para ver como está o zouwu," o magizoologista murmurou e viu Jacob se virar para ele com um sorriso no rosto, antes de piscar e franzir o cenho.

Les Crimes de GrindelwaldOnde histórias criam vida. Descubra agora