Hogwarts

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A chave-de-portal não parecia nada mais que um regador de latão com o brasão de Hogwarts em alto relevo em um dos lados. Jacob observava o objeto com desconfiança, de certo tentando entender a razão de eles estarem parados ao lado dele enquanto Newt olhava atentamente para o relógio de bolso, contando os minutos.

"Quando chegar a hora, não solte a minha mão," o bruxo falou, esticando a mão para o outro homem, que o olhou com as sobrancelhas erguidas. "Vamos visitar um amigo, ele vai nos ajudar a chegar em Paris."

Por sorte, Kowalski sabia onde Tina estava e para onde Queenie iria. Por mais sorte ainda, eles encontraram, marcando uma página da Spellbound que a bruxa esquecera na casa de Newt, um cartão postal que podia indicar um local ainda mais específico na capital francesa, onde podiam encontrar a auror. Quase que a contragosto, sentindo-se frustrado de saber que Dumbledore sabia que ele iria precisar dele muito cedo, Scamander entrou em contato com o antigo professor.

Dumbledore não tardou mais que um dia para lhes enviar uma coruja exausta carregando o regador, preso à um bilhete com um horário e a instrução de levar Jacob junto. Aparentemente, os professores de Hogwarts tinham poder o suficiente para subverter os encantamentos que protegiam o castelo de trouxas.

"Você não tem problema de enjoo, tem?"

"Eu não me sinto muito bem em barcos," Kowalski murmurou.

"Vamos lá. Três." Newt sentiu alcançou a mão de Jacob, que ainda estava hesitante, e a segurou com força. O regador começou a tremer. "Dois." O trouxa o olhava com os olhos arregalados, sem saber exatamente o que esperar. "Um."

O objeto sacudiu ainda mais e algo os puxou, fazendo o chão sumir sob os seus pés. Distante, como que sugado pelo feitiço que os puxava ao longo do espaço, era possível ouvir o grito de Jacob, mas a mão dele, pelo menos, continuava firme na de Newt. A viagem não durou mais que alguns segundos, mas o trouxa parecia ter atravessado o Atlântico em um barco agitado quando finalmente chegaram.

"Oh." Kowalski grunhiu, apoiando a mão na barriga e parecendo pálido.

"Vamos."

Scamander se pôs a andar, tentando não se deixar levar pelo frio em seu estômago ao começar a reconhecer a paisagem. Atrás de si, o trouxa vinha quase cambaleante, olhando em volta para tentar se localizar no meio do caminho aberto entre árvores altas e escuras. Quando eles viraram na última curva, o próprio Newt teve que parar e respirar fundo, sentindo o coração acelerar.

A imagem dos terrenos de Hogwarts sempre lhe tirara o ar e, depois de tanto tempo longe, junto da beleza, vinham também as memórias. Ele se lembrava do lugar exato onde ele e Leta se sentavam ao lado do lago, encarapitados em cima de uma pedra, para estudar e conversar; lembrava também de onde podia encontrar grindilows e girinos nas águas rasas e em qual curva do castelo eles se escondiam para fugir do Professor Prendegast.

"Que lugar é esse?" Ele ouviu a voz de Jacob, baixa e surpresa.

"Hogwarts." Newt sorriu, inspirando o cheiro de petricor e virando para olhar o trouxa, que olhava tudo com olhos arregalados e boquiaberto.

"A escola de mágica?!"

"Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts," Scamander falou, gesticulando para o outro o seguir.

"Você estudou aqui?"

"Sim, apesar de não ter terminado o último ano."

"Ah." O trouxa hesitou um pouco. "Posso perguntar o que aconteceu?"

"Um acidente," o bruxo explicou, desviando o olhar para dois garotos que saíram correndo do castelo, rindo. "Eu e uma amiga estávamos tentando cuidar de um hipogrifo que encontramos na floresta. Outro aluno o encontrou e... Bom, ele não estava acostumado com gente estranha."

Les Crimes de GrindelwaldOnde histórias criam vida. Descubra agora