Quando KyungSoo abriu os olhos na manhã seguinte estava sozinho na cama. Fitou o quarto iluminado pelos raios de Sol que invadiam a janela e revirou o corpo escondendo o rosto no travesseiro. Lembrou-se da noite anterior e um arrepio percorreu da ponta dos seus pés até a nuca.
— Acordou, hyung? – a voz de JongIn se fez presente
KyungSoo virou o rosto, tendo a privilegiada visão de Kim JongIn de jeans apertados, tronco nu e molhado, e cabelos recentemente lavados sendo secos com uma toalha qualquer parado bem na porta do seu banheiro. Engoliu a seco e continuou deitado.
— Achei que já tivesse ido embora
JongIn jogou a toalha dentro do banheiro e caminhou até a mochila deixada na cadeira do computador, retirando de lá uma blusa. KyungSoo observou o tecido cobrir a pele bronzeada do amigo antes de desviar o olhar.
— Por que? – JongIn apoiou as mãos no joelho, abaixando-se e ficando na altura do mais velho na cama – Só por conta do que aconteceu de madrugada?
O baixinho bufou revirando os olhos, por dentro dando graças a Deus por saber esconder muito bem o que sentia e não ficar vermelho. Levantou da cama jogando uma almofada em JongIn, que riu deliciosamente da situação. Uma única palavra passava na mente de KyungSoo para descrever o amigo naquela situação: Ridículo. KyungSoo até tentava não ficar chateado com todas as brincadeiras que tinha que ouvir dos amigos de JongIn quando saiam, achava todas estupidamente infantis, e sempre lidou muito bem com certas brincadeiras feitas pelo próprio JongIn, que às vezes parecia se influenciar pelos amigos e vinha até ele com alguma piada de duplo sentido, mas não estava nem um pouco disposto a suportar esse tipo de brincadeira.
Não depois de tudo que já sentiu.
Não agora que finalmente havia aceitado para si mesmo que havia confundido os sentimentos por carência afetiva.
Deixando JongIn rindo no quarto, trancou-se no banheiro e apoiou as costas na porta branca. Suspirou pesado liberando todo ar de seus pulmões de uma só vez. Escutou a risada de JongIn ir diminuindo até sumir por completo, e se perguntou se em algum momento iria se livrar por completo daquele sentimento.
JongIn e KyungSoo se conhecem há mais tempo do que podem contar, JongIn foi o primeiro vizinho que KyungSoo teve quando se mudou para Seoul quando mais novo e aos poucos a amizade foi surgindo, até que em certo ponto – e nenhum dos dois seria capaz de dizer qual – estavam vivendo como irmãos, grudados e inseparáveis. Estudavam na mesma escola, então quando KyungSoo mudou-se para outro bairro, nada os afastou, sem comentar que JongIn fazia questão de aparecer quase todos os dias pela casa do mais velho. Porém, para KyungSoo, depois de ouvir tantas brincadeiras e piadas sobre sua amizade com o loiro, uma ponta de duvida surgiu em sua cabeça.
"E se eu realmente gostasse do JongIn não como amigo?" era a pergunta que o assombrou durante bons anos, até que assumiu para si mesmo que ele havia confundido as coisas e se deixado influenciar pelas outras pessoas. "Estava carente e a ideia de gostar de alguém próximo a mim e que supria essa carência parecia confortável" pensou consigo mesmo, balançando a cabeça em desaprovação aquela situação. Entrou embaixo do chuveiro e pediu em silêncio que a água lavasse toda a dúvida que o consumia.
Ao sair do cubículo, foi recebido por um quarto totalmente vazio e um bilhete grudado na escrivaninha.
"Tive que ir embora. Tente disfarçar mais, deu pra perceber que ficou animado com a ideia de me beijar"
KyungSoo amassou o post-it amarelo e o jogou no lixo. Bufou irritado jogando o corpo na cama e encarando o teto. Não sabia se agüentaria mais alguma brincadeira desse tipo.
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One and Only
Teen FictionKyungSoo e JongIn são melhores amigos desde que se lembram. Mas no último ano escolar do mais velho algumas brincadeiras acabam pondo em jogo essa amizade.