Após um ataque inesperado, um casal desatento encara a morte pelas mãos de um assassino, e as consequências tornam-se maiores do que o imaginado. Com isso, rumores começam a recair sobre a pequena e isolada cidade de Oakfield, no estado de Ohio.
O...
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Suas mãos eram ágeis enquanto tateava a gaveta do criado-mudo ao lado da porta, em busca de uma lanterna. Emily estava aflita, com medo e temerosa. Tinha medo de que algo desse errado, de deixar alguém sozinho com a demora em chegar à escola, de que, por algum motivo, Trevor mandasse o sinal para o assassino antes que todos tivessem chegado e de mais um trilhão de coisas que lhe incomodava naquele momento.
Os dedos da menina tocavam em clipes, papéis, contas bancárias, pilhas velhas e canetas, mas não havia nenhuma lanterna.
- Julia, não tem lanterna nenhuma aqui! - gritou, tirando as mãos e fechando a gaveta com raiva.
Girou o corpo a tempo de ver Julia descer as escadas correndo, os pés batendo fortemente contra os degraus de madeira. Estavam na casa da garota dos dreads - já concertada após o ataque de dias antes -, se preparando para ir se encontrar com os outros na escola. Já passavam das nove horas, e a lua caía intensamente sobre Oakfield. Era uma ótima noite para arriscar a vida.
- Tenta nas gavetas da cozinha. - Julia terminou de descer, estendendo-lhe o braço. - Toma - disse, estregando seu aparelho celular. - Esqueceu seu celular no meu quarto.
- Obrigada.
Emily pegou-o e passou direto, indo até a cozinha a alguns passos de distância. Talvez nunca tivera trabalhado em algo tão rápido quanto naquele momento. Era incrível o que o medo fazia com as pessoas.
Entrando no cômodo, onde todas as paredes eram feitas de azulejos brancos, a menina já se dirigia até uma das bancadas acopladas à parede, abrindo a primeira gaveta que apareceu em seu campo de visão. Colocou o celular no bolso traseiro, se abaixando um pouco para conseguir a altura certa para ficar com os olhos exatamente em cima da gaveta. Quando a abriu, escancarando-a vigorosamente e com rapidez, fez os talheres no interior tilintarem.
- Meus pais disseram que vão voltar depois da meia-noite - dizia a nerd a alguns metros de distância, gritando para que Emily pudesse ouvir. Esta, por sua vez, fechava a gaveta aberta, percebendo ser a errada, e indo para a próxima. - Acha que dá tempo?
Antes de responder, Emily abriu outra gaveta, percebendo ali dentro um grande amontoado de bugigangas, exatamente como a do criado-mudo próximo à porta. Além das bugigangas, naquela gaveta havia uma lanterna amarela, que balançou quando foi aberta e rolou de um lado para o outro. Sem pestanejar, Emily a agarrou, fechando a gaveta.
- Claro! - gritou em resposta.
Com passos ágeis e o nervosismo batendo no peito, saiu da cozinha, voltando ao corredor. Julia estava parada diante da porta, teclando no próprio celular. Tornou sua atenção à Emily, lhe observando com medo, em seguida, voltando a digitar.
- Disse pro Sean que já estamos saindo.
- Ok. Tudo pronto?
A garota dos dreads guardou o celular, olhando ao redor, como se para ter certeza de que não havia se esquecido de nada. Os olhos dela estavam exibindo a apreensão sentida junto de uma fina camada de lágrimas, e a boca entreaberta parecia nunca se fechar.
