7 | Descendo De Cabeça

7 1 0
                                    

     Chegamos em casa.
Eu ainda estou totalmente constrangida por ter chorado nos braços do Aaron. Ao lembrar do ato minhas bochechas ficam vermelhas e eu cubro meu rosto com as duas mãos. Sinto a mão de Aaron no topo de minha cabeça.

— Melhor ir tomar banho e descansar. — Ele diz e entra em seu quarto. Coloco minha mão sobre o lugar onde a mão de Aaron havia tocado e sinto uma palpitação estranha no meu peito.

Só pode ser gases. Concluo e decido ir tomar banho.

Minutos depois já estou devidamente higienizada e sinto o cansaço me alcançar. Me ajeito na cama e fecho os olhos. Novamente lembranças do acontecido invadem minha mente e começo a ficar agitada.

— Será que ele me achou estranha? — Pergunto à mim mesma e me viro do outro lado da cama. — É se ele me achou uma falsa?! — Me reviro novamente. — Ou pior, uma esquisita! — Viro novamente. — Mas... Como ele sabia...? E por quê ele me confortou? — Deito de cabeça para baixo.

Antes que eu pudesse perceber já era de manhã e eu não havia dormido nada.

Domingo de manhã. Desço para tomar o café da manhã. Eu estou um caco.

— Droga! É agora que começa o Apocalipse zumbi?! — Éden debocha da minha cara de cansada.

— Éden. — Robert reprova o comportamento de Éden.

— O que aconteceu, querida? — Marta me pergunta.

— Não consegui dormir à noite... — Respondo meio constrangida e me sento à mesa.

— Pesadelos? — Aaron pergunta, mas não parece interessado. Só então percebo sua presença na sala de jantar e me sinto ainda mais envergonhada.

— N-Não. — Gaguejo.

— Tanto faz, hoje teremos um passeio em família. — Marta diz tentando doar empolgada.

— Iremos à um parque aquático. — Robert diz ansioso.

— Sou obrigado a ir? — Éden pergunta completamente desanimado sobre o passeio. Com certeza ele não quer ir.

— É, é ponto final. — Robert declara.

— Infelizmente não vai dar, tenho que terminar os preparo da empresa para poder lançar o novo vestido, estou muito ocupado, só voltarei de tarde. — Aaron diz.

— Tudo bem, entendemos seus motivos. — Mamãe soa compreensiva.

— Eu não tenho roupa de banho... — Comento. O único que eu tinha era um maiô velho da escola, mas que foi deixada para trás junto com minhas roupas antigas.

— Eu já lhe comprei um biquíni. — Mamãe responde e eu torço o nariz.

Biquíni? Sério? O fato de biquínis mostrarem pele demais me incomodava. Além de eu não me sentir muito a vontade com o meu corpo. Mas decido não estragar o momento, já que Robert parece muito feliz com o passeio.

Após o café da manhã todos se preparam no carro de Robert para partir. No banco de trás ao meu lado, Éden não para de digitar em seu celular, concluo que está conversando com seus amigos. Nos bancos da frente, Marta joga conversa fora com Robert, que sorri enquanto dirige. Pego meu fone e coloco em alguma música aleatória.

Fico observando a paisagem e fecho os olhos. Sinto uma leve brisa. As montanhas e as árvores parecem conversarem entre si, enquanto a estrada se torna invisível, como se i estivesse vendo um filme, assistindo a natureza e as árvores balançando, dançando com o balanço do vento. Folhas verdes com um tom vivo, quase como se a bela paisagem me hipnotizasse. E por alguns instantes tudo parece mais limpo e leve. Sem dor. Sem passado. Sem vida nova. Sem escola chique e pessoas falsas. Apenas a brisa e uma música. O vento gentilmente acaricia minhas bochechas. Sem que eu percebesse eu caio no sono. Um sono tranquilo e feliz, eu olho para uma figura. A figura de um homem. Um homem que um dia eu chamei de pai.

Cinderela... Só que Nem Sempre Onde histórias criam vida. Descubra agora