Capítulo 4

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Heloisa

Fiz como ele me indicou e assim que cheguei atrás da pedra, havia uma espécie de escada de madeira que tinha sido pregada na pedra, eu já havia estado ali em outras oportunidades, mas nunca me atentei a escada.

— Suba pela escada, ela é segura. — indicou-me ele.

A escada parecia bem segura mesmo, mas eu tinha um certo medo de altura e a rocha em questão era um pouco alta demais o que me fizera ponderar por tempo demais.

— Vamos, Helô, não seja medrosa, não tem perigo algum.

— Se você diz! — respondi e segurei firme nas laterais da escada e passei a subir sem olhar para baixo, e quando pisei no último degrau, Renato me estendeu suas mãos ajudando-me a ficar em pé na pedra, e assim que me puxou para cima nossos olhos se encontraram de uma forma que jamais haviam se encontrado, um magnetismo nos prendeu de imediato.

— Achei que nunca fosse vir. — falou segurando em meus antebraços e olhando fundo nos meus olhos.

— Não entendi, Zé! Era para eu vir? — questionei confusa.

— Há três anos eu espero você vir.

— Não era mais fácil ter me chamado, ter me dito que queria minha presença com você?

— Não sou o tipo de homem que se revela tão fácil a uma mulher, gosto que elas decifrem nas entrelinhas.

— Queria que eu adivinhasse isso? — olhei-o por entre os cílios.

— Não! Apenas que seguisse seus instintos.

— Quer dizer que se eu não tivesse escutado meus instintos (Julia) eu jamais estaria aqui com você?

— Você queria estar aqui?

— Sim, sempre quis!

— Então uma hora você estaria, como está agora. — acariciou meu rosto com o polegar e ficou olhando fixo para os meus lábios. — Estava esperando você.

— Isso é muito louco, você seria capaz de esperar uma vida toda mesmo sabendo que de repente eu jamais pudesse vir?

Ele se virou de costas para mim, enfiou as mãos no bolso da bermuda branca e caminhou em direção a ponta da pedra e lá ficou observando a Lua.

— Helô, eu sabia que um dia você viria, e quer saber mais? Eu sabia que seria hoje. — virou em minha direção que estava bem atrás dele. — Senti uma atração muito forte por você desde que nos conhecemos na sua entrevista, mas na época você tinha um namorado e não me deu nenhum indício de que estava interessada.

O que? Meu interior questionou nervoso e gritando.

— Está mentindo para mim! Não é possível que passei três anos nutrindo uma paixão platônica que não era tão platônica assim. — agora quem deu às costas fui eu, não conseguia acreditar que ele nutria os mesmos sentimentos que eu e que se calou.

— Helô, quando te conheci fazia um ano que havia perdido um grande amor. Fiquei confuso sem saber se o que eu estava sentindo era só carência ou se estava me apaixonando de verdade por você, e se fosse só carência não queria brincar com seus sentimentos, não quando os meus ainda estavam confusos.

— E agora? Como estão seus sentimentos?

Ele segurou em minha cintura e me virou em sua direção encarou-me de uma forma quente e dilacerante, sorriu de lado como ele sempre fazia quando queria aniquilar meu coração e então confessou ao dizer-me:

Beijo da meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora