Mudanças

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Evan foi o seu primeiro tudo. O seu primeiro namorado; o seu primeiro amigo rapaz, a sua primeira vez...
Amavam-se mutuamente... Pelo menos, era nisso que Naya acreditava.
Tudo mudou quando ela soube... Quando Josh, amigo tanto dela como de Evan, lhe contou que o seu namorado a tinha seduzido por uma aposta com os seus amigos. Na mesma noite que ela tinha pensado ser a melhor da sua vida.
-Deixa-me explicar- pediu-lhe Evan.
-Explicar o quê?!- Falou Naya arrumando as suas coisas.- Que me enganaste? Que brincaste comigo como se eu fosse um jogo?!- Ela já não era capaz de controlar as lágrimas.
-Eu estava bêbado quando apostei que te seduzia...
-Não digas mais nada. -Olhou-o com desprezo.- Não piores a tua situação.
Naya agarrou no braço de Josh e levou-o até ao seu carro.
Abraçou-o e desabou ali mesmo. No parque de estacionamento.
-Desculpa, linda...
Ela acenou negativamente com a cabeça em seu peito e sussurrou:
-Obrigada por me contares, Josh...
E assim ficaram. Ela chorando e ele somente a segurando, o que era o suficiente. Era o melhor que ele podia fazer.

Naya chegou a casa na manhã seguinte. Não deu explicações, não pediu desculpas. Apenas disse:
-Quero ir para a Universidade dos Estados Unidos.
O seu pai olhou-a estupefacto e completamente em choque.
De facto ela já tinha sido aceite, mas ele não esperava que Naya realmente fosse.
-Já tenho quase dezoito anos. Tens de me deixar fazer isto!- diz com os olhos húmidos.
O seu pai, Anthony, pousou a torrada e abraçou-a.
-Se achas que é o melhor para ti, eu apoio qualquer decisão que tomes.
Ela dá um pequeno sorriso com um olhar triste.
Nas semanas que se seguiram Naya ignorou as ligações de Evan. Apagou o seu contacto. Apagou-o da sua vida.
Um mês depois de toda a confusão, Naya partiu rumo aos EUA.
Foi difícil? Sim.
Teve dúvidas? Quem não teria?
Mas o que mais a fez entristecer e odiar-se a si mesma foi sentir falta daquele idiota! Sentia falta das longas conversas pela noite fora, dos beijos demorados, dos passeios e até das pequenas discussões causadas pelos seus ciúmes. Os ciúmes dos dois, era o que eu pensava. Mas no final era apenas teatro. Uma peça em que eu não sabia estar a participar.
Mas ao contrário daquilo que todos pareciam estar a pensar, desde a sua chegada a Nova York Naya não tinha derramado uma única lágrima por Evan. Ela tentou impurrá-lo para bem longe das suas memórias.
E lá estava Naya. No dia em que eles fariam um mês e meio de namoro a pensar exatamente em Evan.
-Terra chama Naya!
A morena pareceu um pouco assustada.
Karla, sua companheira de quarto sorriu.
-Estás à um século a olhar pela janela! O que tem de tão interessante?
Naya sorriu desajeitada e levantou-se.
-São... Carros bonitos. - diz olhando para o grande amontoado de automóveis pela janela.
A sua amiga ri pegando num saco de batatas chips e deita-se na cama de Naya, que se deita do seu lado.
Ambas olhavam para o teto, parecendo apreciar a linda cor branca do mesmo, quando Karla quebra o silêncio.
-O Henry perguntou se vais à festa que a sua irmã está a organizar.
-E...?
-O que eu quis dizer foi: O Henry gosta de ti.
-Duvido. -limita-se a dizer.
Karla revira os olhos.
-Não entendo porque tens tanta aversão a rapazes.
-Não tenho. Apenas aprendi que eles têm uma razão para se aproximarem de mim. E não é por estarem apaixonados.
Há uns meses Naya estaria toda derretida com a ideia de alguém estar interessado nela, mas agora? Agora toda a sua autoestima parecia estar reduzida a pó. Não que não se achasse bonita; os seus cabelos castanhos claro e os seus olhos escuros agradavam-na. O seu peso não a incomodava e a sua altura estava de acordo com o que desejava. Porém, não conseguia imaginar algum rapaz apaixonar-se realmente por ela. O que ia completamente contra os clichês que passava a vida a ler.
-Isso é uma ideia completamente descabida! Eu acredito que todo o ying tem o seu yang. - diz Karla juntando duas batatas chips para exemplificar.
-Até pode ser. Mas, neste momento, no que toca a relações eu passo completamente ao lado. Namorar não é para mim.
-Porque não? Namorar é só a melhor coisa do mundo! O teu companheiro escuta-te, tranquiliza-te... Está lá sempre para ti. Quer num dia de chuva ou num dia terrívelmente quente! Ele vai estar lá.
Naya pega numa batata enquanto diz:
-Infelizmente, na vida real as coisas não se passam exatamente assim. Ele vai cansar-se de te ouvir, cansar-se dos teus nervosismos, e deixar de estar sempre do teu lado, se é que alguma vez esteve.
-Okay, o que te aconteceu para pensares tão negativamente sobre namoros?
Naya respirou fundo. Não estava preparada para transformar os seus pensamentos em palavras nem de explicar o que tinha acontecido. Ainda não.
Por isso limitou-se a encolher os ombros.
-Já te disse, Bunny, -Diz usando o apelido carinhoso que atribuiu a Karla pelo seu amor por coelhos.- Namorar simplesmente não é para mim. Não está nos meus genes.
Naya recorda a história dos seus pais, com um final nada feliz. Pois quando se conheceram, Anthony e Megan, eram muito novos e a sua mãe (se é que se podia chamar assim) apenas queria festas e bebidas. Dois meses depois de ter Naya, Megan fartou-se da vida de mãe e namorada, por isso desapareceu.
Parece que eu e o meu pai não temos grande dom a escolher um amor...
Karla ri.
-Não me parece que seja algo relacionado com genética. Mas vou aceitar essa resposta, por agora!
Naya ia reclamar quando ouve batidas na porta. Vai abrir.
-Olá, Nayazinha! Vamos aproveitar o sábado?
-Eu ia aproveitá-lo estudando, Katy.
A loira entra no dormitório e olha Karla.
-Vamos deixar a pequena aqui sozinha?
Karla levanta-se.
-Claro que não! Naya, nós vamos curtir uma boa música e com boa companhia!
-Ai, amigas! Não estou com disposição e além disso...
-Mimimimimi. Chega de desculpas.- diz Katherine.- Mostra-nos o teu melhor vestido.

Depois Do Ponto FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora