Acertando as coisas

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Naya estava prestes a dormir na aula, mas felizmente acabou a tempo disso acontecer.
Saiu da sala, encontrando-se com Kat e Karla.
-Ainda só foi a primeira aula e já estou exausta. -Disse frustrada.
As duas amigas riram.
-Estás num dia mau. Normalmente quem faz esse comentário é a Kat.
A loira faz uma falsa expressão de indignação.
-Não, é verdade. Tu estás estranha desde aquele encontro com o teu namorado.
-Ex.- Emendou Karla.- Mas não te preocupes com isso agora. Ainda tens tempo de resolver as coisas.
["Não posso esperar para sempre."] Pensou.
Naya suspirou. Estava mesmo cansada.
Não gostava daquilo que estava a sentir. Sentia um nó no peito, que ficava lá o dia todo. Aliviava um pouco quando chorava.
Naya balançou a cabeça, numa mera tentativa de afastar Evan dos seus pensamentos. Mais uma vez.
-Esqueçam essa história. Tenho de me concentrar nas aulas. Isso sim é importante!
As amigas entreolharam-se, mas não disseram nada.
A aula a seguir não foi tão aborrecida como a de matemática. Pelo menos, a professora de biologia não falava chinês... Ou qualquer outra língua que Naya desconhecesse.
Por sinal, a aula foi mais rápida a passar.
Naya mandou uma mensagem no grupo de Whatsapp que ela, Katherine e Karla tinham criado, dizendo que estava na biblioteca.
Foi para uma das mesas do fundo e colocou os headphones, conectando-os ao telefone.
Deu uma volta na playlist e parou numa música: It girl.
Sorriu, dando play.
A música repetiu algumas vezes, mas Naya não se importou.
Com os olhos fechados, a morena trauteava a música sem perceber, quando sentiu o telefone vibrar.
O seu coração parou, ou talvez tenha acelerado tanto que ela nem o sentia.  Talvez não houvesse motivo para tanto, mas parece que qualquer coisa que tenha a ver com ele fica cem vezes mais intenso.
Evan estava a ligar-lhe.
O estômago revirou.
Atendia? Queria resolver as coisas, mas por telefone?
Ele parou de ligar e ela suspirou. Não tinha a certeza se de alívio ou frustração.
A música continuava a tocar quando Naya decidiu ir embora.
Quando olhou para a frente os seus olhos abriram como pratos e a boca não conseguiu evitar moldar um sorriso.
Tirou os fones dos ouvidos para escutar o que Evan falava, e o seu sorriso abriu-se cem vezes mais.

I’m a little unsure how we got so complicated

If I let go I know I’ll regret it
Every heart that I held before I was sure to break it
I don’t know what you did but I just can’t stop
Thinking about you every day
No, I can’t stop now.

(Não tenho certeza de como nos tornamos tão complicados
Se eu deixar ir vou-me arrepender
Cada coração que eu segurei antes tenho a certeza que quebrei
Não sei o que fizeste mas simplesmente não posso parar
De pensar em ti todos os dias
Não, não posso parar agora)

Evan estava a cantar (sussurrando) Cheyenne, uma música de Jason Derulo. Não era a sua música favorita, mas o facto de ele ainda se lembrar do seu artista preferido aquecia-lhe o coração.
O seu ex levantou-se da cadeira em que estava sentado, pegou na mão de Naya, levantado-a também e saíram da biblioteca universitária.
-Então... Achas que podemos conversar agora?- Evan parecia ter feito um sorriso tímido.
Caramba! Ele nunca me pareceu tímido.
A morena ficou um momento em transe olhando nos olhos dele, que devolvia o olhar com a mesma intensidade.
Naya quebrou o contacto visual, fazendo-lhe sinal para saírem da entrada da biblioteca.
-Eu agi mal...- Começou a morena já fora da New York  University.- Eu sinto-me culpada, Evan... Porque agora eu sei que te devia ter escutado logo no início. Ouvir o que tinhas a dizer e dar-te a possibilidade de explicares toda esta embrulhada, mas em vez disso ignorei-te, fugi e pensei coisas horríveis sobre ti;sobre o nosso namoro...
Naya parou ao sentir a mão quente de Evan envolver a sua. Sentiu-se quente e não conseguiu evitar um suspiro aliviado.
Saudades.
Ficam assim por uns minutos. Andando pela cidade de mãos entrelaçadas, tal como um casal. Um casal maravilhoso.
A morena ia falar, mas o ex antecipou-se.
-Eu entendo o que sentiste. Percebo a tua reação e respeito o que tenhas pensado. Eu teria pensado o mesmo... Mas eu já te expliquei, morena. Eu não te usei para ganhar nada! Nunca te menti. - Diz parando de frente para a menor.
Naya suspirou.
-Eu sei. Eu já te perdoei. Já faz tempo, na verdade.- Diz com um sorriso sincero.- Mas, eu pensei tanta coisa má que, na minha cabeça, começaram a parecer tão reais. Voltar assim e esquecer tudo...
-Não voltamos "assim".- Fala o ex interrompendo-a.- Começamos de novo. Conhecêmo-nos outra vez. Volto a contar-te as mesmas piadas e tu voltas a fingir aquelas gargalhadas lindas. Voltamos a passar altas horas da noite a conversar sobre nada. Devagar. Até achares que podemos dar outro passo. Um de cada vez.
Evan aproximou-se, ficando agora a poucos centímetros um do outro.
Começava a ficar mais quente.
Naya voltou a sentir o aroma do perfume de Evan. O perfume novo que ele começara a usar e que tinha ficado na sua cabeça.
A morena fechou os olhos, pegando numa das mãos do maior.
Um sorriso formou-se no rosto dele que aproveitou o gesto feito por Naya para colar os seus corpos.
-Isso é um "sim"?- Perguntou aproximando o seu rosto do dela.
A morena riu, dirigindo Evan pela mão.
Ficaram em silêncio até chegarem a uma zona ampla, com muito verde e o Sol parecia mais forte e quente lá.
Enquanto o rapaz observava tudo, ela respirou fundo dizendo:
-Prazer, o meu nome é Naya Brooks.
Estendeu a mão, para que Evan a apertasse e foi isso que o mesmo fez.
-Prazer. Evan Jefferson.
O maior faz um esforço enorme para não começar a rir. Ele não queria dizer para recomeçar literalmente do início.
A morena coloca-se nas pontas dos pés, uma mania dela, antes de se aproximar de Evan e rodear o seu pescoço com os braços.
-Wow. Tu fazes isso a rapazes que acabas de conhecer?- pergunta o moreno circundando a cintura da menor com os braços e com um sorriso divertido.
-Quando eles têm uns olhos tão penetrantes e uma boca tão convidativa... Eu não resisto.
Ao mesmo tempo que acaba a última palavra as bocas de ambos colam-se.
É difícil dizer quem beijou primeiro. Fácil é afirmar a saudade que ambos tinham dos lábios que beijavam.
Ficaram assim um bom tempo. Apenas matando as saudades que tinham.
Quando se separam não conseguiram evitar um sorriso enorme.
Evan roça o seu nariz no de Naya olhando nos seus olhos e, quase inaudível, fala:
-Amo-te, morena.
A menor prende a respiração para facilitar a assimilação daquilo dito pelo rapaz.
-Eu também te amo, Evan.
Depois disso vêm mais e mais beijos.
Não. Não foram só beijos. Foram maneiras de afeto, de mostrarem o amor um pelo outro.
Afinal, é disso que se trata, não? Mostrar que nos importamos, não só com carinho e demonstrações públicas de afeto mas, também com confiança. Com paciência de ouvir e escutar o que o outro diz. O que podem ser duas coisas diferentes.  Amar mesmo quando se odeia. Às vezes é isso que é necessário.
Garanto-vos que, tanto Naya como Evan, nunca mais colocarão isso à prova.
-Vão sempre haver obstáculos, morena. Mas, se nos mantiver-mos juntos e dispostos a ouvir-nos , de certeza que suportamos qualquer coisa!

The end...

Depois Do Ponto FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora