Alucinação?

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E lá estava ela.
Num vestido vermelho aberto nas costas e com maquilhagem, que Karla e Katherine insistiram que usasse, numa festa em que toda a gente parecia querer comemorar algo. Naya não estava em dia de comemorações!
A casa era tão grande que Naya tinha medo de se perder. Não estava decorada para uma festa, mas tinha luzes das cores do arco-íris e música muito alta. Ah, e claro: bebidas.
O pior era as mesmas que a arrastaram para aquele lugar terem desaparecido com os namorados, deixando-a sozinha na multidão.
Naya respirou fundo e encostou-se à parede na esperança de se tornar invisível. O que, para seu desagrado, não aconteceu.
-Estás sozinha?- perguntou um rapaz alto e loiro.
-Pois, parece que sim.
Naya sorri forçadamente tentando dar a conversa como terminada. O rapaz não entendeu.
-Chamo-me Adam.
-Pois. Naya.
-És amiga da Mary?
Mary? Será que ele se referia à irmã de Henry?
A morena acenou negativamente.
-Não. Sou amiga do Henry.
Adam acenou com a cabeça.
Naya virou a cabeça para ver se conseguia arranjar uma boa desculpa para sair de perto do rapaz.
Então, por breves instantes o seu mundo parou.
No centro da sala, onde tocava uma música que a morena nunca tinha escutado, estava um rapaz muito parecido com ele.
Não um "ele" qualquer!
Era muito semelhante ao...
-Evan!- sussurrou Naya sentindo o chão em madeira desaparecer.
Pronto, estava de costas. Mas aqueles caracóis castanhos nunca lhe passariam despercebidos. Jamais!
Naya esfregou os olhos.
Uma alucinação. Só pode! Aquele idiota não pode estar aqui. É impossível!
Quando voltou a olhar para a pista de dança improvisada já não o via. Aqueles caracóis tinham desaparecido.
Naya respirou fundo aliviada e o chão voltou a segurá-la.
Voltou o seu olhar para o loiro que continuava a olhar para ela.
-Pareces muito simpático, -tentou lembrar-se do nome do sujeito- Ahm, Adam. Mas agora eu tenho de ir.
Fez-lhe um sinal de adeus e afastou-se.
Pegou no seu telefone e discou o número de Karla, que entendeu ao terceiro toque.
-Estou?
-Olha, Bunny, eu vou voltar para o dormitório. Vocês deixaram-me sozinha e eu estou realmente muito cansada. -tanto que alucino.
-Espera-me na entrada. Vou já, já ter contigo.
Sussurrou um "okay" e desligou.
O ar estava frio e Naya reclamava de si mesma por não ter levado um casaco. O jardim era lindo. Preenchido com flores rosas e lilás dava, pelo menos, um ar menos assustador ás duas da madrugada.
Naya observou o céu e suspirou, lembrando-se da sua alucinação.
Faziam um mês e meio... Bom, fariam. Se o imbecil não tivesse estragado tudo. E ironicamente ela tinha-o visto.
Se ainda acreditasse em "contos de fada" e "felizes para sempre" podia jurar que era coisa do destino.
Mas não, porque nada disso existia. Ou melhor, existiam. Em livros e nos filmes que Naya via.
Engraçado como o facto de ela ter tido um final pouco bom no relacionamento não afetou o seu gosto por romances. Bom, afetou. Agora ela parecia uma viciada nesses clichês e "lamechices". Talvez ela recorresse a isso por saber que nunca poderia viver realmente um amor assim.
-Vamos?
Naya assustou-se com a voz.
Karla sorriu e estendeu-lhe o seu casaco. Tinha o do namorado vestido.
Naya vestiu-o em silêncio.
-Estás chateada? Desculpa. Quando eu fui ter com o Erick vocês estavam juntas...
-Não estou chateada.
E não estava a mentir. A verdade é que o seu cérebro continuava a pensar naqueles caracóis. Aqueles malditos caracóis!
-É que estás tão calada... Bem, não é que sejas propriamente faladora. Mas tão calada assim não costumas ser.
Naya limita-se a dar de ombros.
-Então, o Henry falou contigo?
-Não. Eu até o procurei. Talvez não estivesse em casa.
Karla acena e chama um táxi, pelo seu IPhone 6.
Não demorou a chegar, e em menos de vinte e cinco minutos já tinham chegado ao dormitório.
Naya atirou-se para a cama.
Estava exausta!
-Não vais pelo menos tirar o vestido?- fala Karla com uma expressão divertida.
Naya suspirou levantando-se e trocou o vestido desconfortável pelo seu pijama preferido:

Naya suspirou levantando-se e trocou o vestido desconfortável pelo seu pijama preferido:

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Finalmente pôde deitar-se na cama e desfrutar de uma boa noite de sono... Pelo menos ela teve essa esperança.
Alguém batia insistentemente na porta e Karla não se mostrava disposta a ir.
Depois de Naya sussurrar uma pragas ao ser humano que não a deixava dormir levantou-se e foi ver quem era.
Katy chorava compulsivamente e Naya não sabia o que fazer. Levou-a para dentro do quarto e abraçou-a.
Naya não era perita em relações, mas só havia uma coisa que podia ser responsável pelas lágrimas de Katherine.
Karla aninhou-se perto das duas.
-O que aconteceu?
O choro, que já estava mais calmo, voltou a intensificar-se.
Naya levantou-se e foi ao frigorífico. Voltou com três potes de gelado de menta, que por acaso era o favorito de Katy.
-O Edward... Eu vi-o... Com uma rapariga... E eles estavam... -pegou no pote e comeu uma grande colherada.- Aos beijos!
Naya alternava o seu olhar de Katy para Karla. Não sabia o que dizer ou como agir.
Karla começou a falar mal de Edward, dizendo que ele era um hipócrita e que nunca tinha gostado dele. Naya não o conhecia, mas afirmou que, pela maneira como agiu, o rapaz não passava de um imbecil que não a merecia.
Katherine acenava e concordavam com o que ambas diziam, mas não parava de chorar.
-Nunca lidei com algo assim.- sussurrou Naya ao ouvido de Karla.
-Eu já vi estas coisas acontecerem vezes suficientes. Temos de a deixar comer o gelado e chorar. Chorar não lhe vai fazer mal nenhum. Assim ela solta tudo o que está a sentir. -sussurra de volta. - Katy, estamos aqui para o que precisares.- Diz com um sorriso sincero.
A loira devolve o sorriso, ainda que entre lágrimas.
Por muito cansada que Naya estivesse, naquele momento Katy era a prioridade.
Karla levantou-se do tapete em que estavam todas sentadas e foi buscar um pijama para a loira, que ainda tinha o seu vestido branco.

Karla levantou-se do tapete em que estavam todas sentadas e foi buscar um pijama para a loira, que ainda tinha o seu vestido branco

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E foi assim que passaram a madrugada: comendo e conversando.

Depois Do Ponto FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora