Oh não

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Naya não conseguiu abrir sequer um olho sem que uma dor de cabeça insuportável a derrubasse.
Não se lembrava muito bem do que tinha acontecido na noite passada, mas essa dor de cabeça só queria dizer...
-Ressaca.- Diz Katherine com um sorriso.
-Em quase dezoito anos de vida nunca tive uma dor de cabeça tão forte...
Karla e Katy riram-se.
Como estavam elas em tão melhor estado que Naya?
-Tu estavas tão estranha. Não paravas de falar no...- Katy cutuca Karla no braço, impedindo-a de terminar.
-Falar no...?
-No teu ex-namorado.
Naya sente-se ficar instintivamente vermelha e muito quente.
-Foi só a bebida. Eu estava bêbada.- Diz descansando a cabeça novamente no sofá.
Karla e Katy entreolham-se.
Naya levanta-se chateada, tirando da pequena mala a tiracolo um comprimido para as dores.
Ela não tinha ultrapassado Evan, mas não era nada do seu tipo ficar a falar do passado tanto tempo.
Olharam para o relógio de parede e ainda ficaram com mais preguiça: 13:48.
Naya podia ficar assim o dia todo. Espreguiçando e fazendo nadas. Mas, tinha onde ir.
-A explicação de matemática é às 14:30! Vou me atrasar! O senhor Kyle vai matar-me.
Levanta-se rapidamente e olha para Katy de uma maneira que a faz fazer-lhe sinal para ir buscar roupa ao guarda-vestidos.
-Devo-te a vida, amiga!- diz dirigindo-se para o quarto de Katherine.
-O banheiro é ao fundo do corredor! -fala a loira da cozinha.
Quando ia tomar um duche, Karla grita-lhe que o telefone está a tocar.
Número desconhecido?
Era um número americano, pois começava com +1. Poderia ser o explicador? Não, ela tinha o número dele nos contactos.
Decidiu ignorar e foi tomar o bendito duche.
Quando entrou no banheiro não conseguiu evitar que um "uau" escapasse da sua boca.
Naya nunca tinha visto um quarto de banho tão... Moderno. Não que visse muitos, só nunca viu um assim.
Ao contrário do quarto de Katherine, não havia vestígios de qualquer cor-de-rosa (muito provavelmente pelo facto de Katy não ter podido escolher as cores) e era tudo muito branco. Como nos filmes!

Naya estava com medo de partir qualquer coisa, tudo aparentava ser muito frágil

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Naya estava com medo de partir qualquer coisa, tudo aparentava ser muito frágil.
Foi à zona do duche sentindo-se um pouco desconfortável pela porta de vidro e, depois do banho rápido tomado, veste as calças jeans e a camisola lilás que Katy lhe emprestou, saindo do banheiro.
-O teu telefone tocou umas cinco vezes.-Diz Karla quando Naya aparece na sala de estar.
A morena pega no smartphone lendo no ecrã bloqueado 7 chamadas perdidas. Todas pelo mesmo número, o número da chamada que ela tinha ignorado.
Começo a ficar preocupada.
A última vez que tinham sido tão persistentes foi a mãe dela quando Naya esqueceu-se de avisar que tinha chegado bem aos Estados Unidos.
Naya decidiu pensar nisso depois. Não estava com tempo para isso.
Despediu-se das amigas e saiu da enorme casa.
Tinha ponderado ir de carro, mas com o tráfego que havia teria o mesmo efeito que ir a pé. Senão pior.
14:20 e a sua barriga ronca insistentemente.
Olhou à volta. Tinha um café mesmo do outro lado da rua.
Pedia um pão com manteiga e seguia caminho. Talvez um sumo também. De laranja.
Foi o que fez. Atravessou a rua e fez o bendito pedido à mulher que estava ao balcão.
Bebeu o sumo rapidamente e foi comendo o pão pelo caminho.
O que aconteceu? Surpreendentemente atrasou-se para a explicação.
-Desculpe, Kyle! Eu acordei tarde, tive de tomar o pequeno-almoço, despertar... Enfim, muita coisa.
O explicador de matemática olha para o relógio. Naya estava vinte e seis minutos atrasada.
-As explicações são de uma hora e meia. Desperdiçaste trinta minutos. Sabes que não podes ficar mais, não é? Tenho outro aluno a seguir.
Naya acenou com a cabeça.
Sentaram-se e a morena entregou-lhe o livro de matemática da faculdade.
-Não ando a entender a matéria da página 180.
-Não é difícil. Assim... -Kyle pegou num lápis de carvão. -Para estes exercícios precisas de algumas coisas que já vêm de anos anteriores... Dominas inequações?
Naya sorri desajeitadamente. Apenas o nome era-lhe familiar.
E foi assim que se passou uma hora. Resolveram quatro exercícios e Kyle disse-lhe quais deveria rever para consolidar a matéria.
-Se continuares assim consegues subir para um doze.
-Obrigada,Kyle! Quando chegar a casa revejo os exercícios.
Quando Naya abriu a porta para sair estava do outro lado um rapaz. Não um rapaz qualquer. Podia ser um rapaz qualquer, mas era o rapaz!
E, caramba, ele estava mais lindo do que Naya se lembrava.
Os caracóis estavam maiores e mais claros. Até parecia maior do que Naya gravara na sua memória.
Não é uma alucinação. Ele está aqui. Kyle sabe. O Kyle está a vê-lo também.
Ao contrário daquilo que Naya esperava fazer se alguma vez voltasse a ver Evan (gritar, discutir, insultar) ela fitou-o. E ele a ela.
Evan estava prestes a romper o silêncio, mas nesse momento Naya dá-lhe uma chapada na bochecha que, por instantes, fica avermelhada.
-Não te atrevas a dizer nada.
E saiu. Saiu até um pouco mais de três metros de distância da casa de Kyle.
Porque estaria Evan a ter explicações de matemática? Ele sempre tinha sido ótimo a matemática, segundo lhe contou.
E mais, o que fazia ele em Nova York? Exatamente onde Naya estava.
A morena não se surpreendeu quando ouviu a voz de Evan ecoar atrás de si.
-Naya, ouve-me! Vamos conversar! Resolver as coisas. Eu gosto de ti, de verdade!
-Se gostasses de mim não tinhas precisado de uma aposta para te aproximares.- Diz sem se virar para ele.
-Não foi isso que aconteceu!-Evan põe-se de frente para ela.- Eu não apostei que te seduzia, Naya!
A morena dá um riso irónico.
-O Josh mentiu. Foi isso? Poupa-me, Evan! Nem tu desmentiste!
-Não, ele não mentiu. O que aconteceu...
Um lado queria ouvir o que ele tinha a dizer (o mesmo que o queria beijar) e outro não queria ouvir nem mais uma palavra.
O segundo venceu.
Naya fez-lhe sinal para se calar.
-Eu não preciso das tuas desculpas. Não me interessam. E não preciso de ti na minha vida.
Naya seguiu para a frente. Desta vez Evan não a seguiu.

Depois Do Ponto FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora