-A aula acabou.
Essa frase, dita pelo professor de matemática, foi a única coisa capaz de tirar a atenção de Naya das nuvens em que estava.
Arrumou os seus cadernos e dirigiu-se à saída da New York University.
-Naya. Naya!
A morena seguiu a voz com a cabeça, avistando Henry correndo na sua direção.
-Caramba, baixinha! Estou a chamar-te à cinco séculos.
Naya sorriu desajeitada.
-Desculpa, altão. A minha cabeça não tem estado aqui.
E, mais uma vez, Naya reveu a cena de à dois dias atrás. E reveu aqueles caracóis perfeitos.
O coração apertou-se-lhe.
-Eu já tinha percebido. Enfim, tu,eu. Pipocas e um filme cómico. Na minha casa. Agora?
Naya riu. Adorava a maneira como o seu amigo a tratava.
Ao contrário do que Karla pensava, Henry não estava interessado nela. Não de maneira amorosa. Henry já lhe tinha falado até de uma amiga por quem se tinha apaixonado. O loiro era muito tímido e pediu-lhe sigilo. Porém, pela maneira que Henry a trata as pessoas de fora costumam até perguntar se eles estão juntos. Que idiotice!
-Eu adorava, mas tenho uns trabalhos para fazer...
-Que pena... Eu tenho todos os filmes do Johnny English e pipocas caramelizadas. Mas okay...
Naya morde a parte de dentro da bochecha semicerrando os olhos.
Ele sabe sempre como tocar onde mais dói!
Naya entrelaça o braço de Henry no seu e deu-lhe um leve toque na testa.
-Se eu descer as notas a culpa vai ser tua!
Riem juntos se dirigindo ao automóvel do loiro.
O que Naya não estava à espera era encontrar Evan no parque de estacionamento. Ele estava apoiado num poste fazendo qualquer coisa no telefone.
Ao que parecia, não tinha dado pela presença dela.
Porque é que o destino quer ser tão mau com ela? Naya quer afastar-se de Evan, não vê-lo em todas as ruas!
Pelo menos, a sua cabeça não quer.
Naya nunca tentou enganar-se a si mesma. Tinha noção de que Evan ainda não estava ultrapassado e sentia que ia demorar a esquecê-lo. Mas com ele ali as coisas ficavam um pouco mais complicadas.
O que faz ele no estacionamento da minha faculdade?
Naya ouve um par de dedos estalar à sua frente, tirando-a dos seus devaneios.
-Ouviste algo daquilo que eu acabei de dizer? -Diz Henry com uma expressão divertida.
A morena lança um último olhar a Evan antes de responder.
-Sim! Bem, talvez... Quer dizer, não. Desculpa, distraí-me.
-Isso eu já tinha percebido. Anda, entra no carro, sua despistada.
Naya lança um último olhar ao lugar onde Evan se encontrava. Dessa vez ela já não o viu.
-Para onde estás a olhar?
Naya virou-se assustada para trás, apesar de reconhecer muito bem aquela voz.
À sua frente estava agora um Evan com uma sombrancelha arqueada e braços cruzados. Alternava o olhar entre Naya e Henry.
Ele estava chateado?
Quem devia estar chateada era ela! Não ele.
Mas estava difícil. Evan estava a usar um novo perfume e ela conseguia sentir o cheiro invadir as suas narinas.
-Eu estava agora a perguntar-me o que fazes aqui. -Diz a morena cruzando os braços.
Isso, Naya. Confiança.
Evan sorri.
-Agora não se pode dar um saltinho aos Estados Unidos e fazer umas compras? Até mudei o perfume, reparaste?
Ah não. Agora ele estava mesmo a provocá-la!
-Primeiro: Tu não és rico. Segundo: Não me interessa o perfume que usas. E terceiro: Eu e o Henry já estamos atrasados.
O seu amigo, que não estava a entender nada, voltou o seu olhar para Naya ao escutar o seu nome.
-Henry, hã? Bonito nome. Sou Evan. Prazer. -Diz estendendo a mão para que Henry a apertasse.
-Igualmente... Naya, temos de ir.
A morena acena abrindo a porta do carro, fechando-a sem se despedir de Evan.
Henry fez a mesma coisa e assim foram embora.
-Não te vou perguntar quem era.
-Obrigada.
-Nem o que fazia lá.
-Excelente.
-Porque tu vais explicar-me tudo isso.
Naya revira os olhos e olha pelo vidro da janela, esperando o sinal vermelho dar lugar ao verde.
Henry ficou calado. Não lhe pediu que contasse quem era Evan nem insistiu que Naya lhe contasse todos os pormenores. Mas, o seu silêncio era pior do que ele ter insistido.
A morena suspirou e voltou o seu olhar para o loiro que estava focado na estrada.
-Evan é meu ex-namorado...
Assim Naya contou a história novamente, ocultando não ter esquecido o sentimento que tinha pelo dono dos caracóis mais perfeitos que já vira nem como tinha ficado encantada com o seu novo perfume (o cheiro não lhe saía da cabeça).
-Então ele perseguiu-te até cá? Os Estados Unidos da América? -Diz Henry fechando a porta da casa atrás de si.- Isso não me parece algo fruto de uma aposta.
Naya apenas deu de ombros. A verdade é que era realmente estranho. Aquela situação estava a dar-lhe uma pequena esperança de que Evan realmente gostasse dela.
-De qualquer forma, -Falou atirando-se para o sofá de cor creme.- Não tenho muita vontade de me preocupar com isso agora. Além disso, alguém me prometeu filmes do Johnny English e pipocas!
Henry dá uma gargalhada, fazendo Naya acompanhá-lo.
-Vou buscar as pipocas. Escolhe o filme na Netflix. Penso que tem.
Henry abandona a sala de estar.
Naya aproveita para observar o local.
A casa do seu amigo tinha um ar bem confortável. Qualquer visita ficaria mais à vontade ao ver a decoração. A sala era bem iluminada e, como não tinha tanto branco assim, ficava com um ar mais informal.Uns minutos depois Henry voltou com um pacote com uma boa quantidade de pipocas caramelizadas.
Descalçaram-se e Henry pegou numa manta, tampando os dois.
-Escolheste o filme?
Naya acena afirmativamente apontando para a televisão, onde já tinha o filme em pausa.
A morena ia dar play ao filme quando o telefone "assobia", recebendo uma mensagem.
-Caramba! Esqueci-me de o desligar.
Naya desbloqueia o smartphone, mas para lendo a mensagem pela barra das notificações.Tenho saudades tuas.
Uma mensagem daquelas não lhe devia causar um efeito assim, ainda mais sem ter o remetente identificado (apesar de Naya saber muito bem de quem se tratava), mas o facto é que a morena ficou a sentir borboletas, muito corada e não conseguia tirar os olhos da mensagem.
Naya apagou a mensagem, para não cair na tentação de responder, e desligou o telefone.
No entanto, durante todo o filme havia uma pequena pergunta que não lhe saía da cabeça: Como tem ele o meu número?
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Depois Do Ponto Final
RomanceNaya vivia o romance perfeito com o namorado perfeito. Bem, isso era o que ela pensava. No entanto, depois daquela que Naya pensou ter sido a melhor noite da sua vida, tudo foi por água abaixo... Aposta. Era essa a definição do 'amor' que Evan dizia...