Capítulo 14

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Daniela

Depois daquele incidente vergonhoso do trabalho que sai carregada pelo Samu, consegui reagendar a reunião, correu tudo bem, dei sorte, essa reunião me garantiu pontos extras com as chefias mais altas, o Edu ainda estava viajando, o Dê trabalhando mais do que o normal, mal nos falávamos, o Rodrigo do meu lado o tempo todo, acho que eu não queria admitir, mas éramos um casal em quartos separados e sem contatos físicos, com a consulta ao psiquiatra ele disse que iria me passar um remédio em dosagem baixa pra que eu me sentisse melhor, mas era pra fazer psicoterapia também, realmente todo o tratamento estava me fazendo bem, mas acho que a dedicação do Rodrigo fazia toda a diferença, hoje já era sexta feira novamente, a dedetização já tinha acabado, mas eu não queria voltar, foi só eu comentar isso ontem que hoje todas as minhas coisas já estavam como um passe de magica guardadas no meu quarto, o dia foi puxado, fiquei o tempo todo analisando mais e mais números, desta vez eu faria a visita sozinha, o Edu não poderia ir, além de que seria bom por eu ser um rosto novo me fingir de cliente, eu sairia na segunda feira bem cedo pra lá, a loja fica a uns 80 Km daqui, vou de ônibus mesmo, não tenho carta de motorista, agora eu só quero um banho e cama, meu jantar foi uma maçã que estava na geladeira.

Acordei no meio da noite morrendo de fome, a luz do quarto dele acesa, resolvo entrar, ao olhar pela porta entreaberta o vejo absorto, está se masturbando, eu travo, quero correr, não acho certo ficar olhando pelo "buraco da fechadura", mas ao mesmo tempo não consigo me mover, quero ficar olhando, pela primeira vez o vejo completamente nú, o corpo já havia visto varias vezes, principalmente naquele dia do banho, porém esta cena é inebriante, vejo sua excitação, sua cabeça tombando pra trás ao ver jatos tingirem sua mão e abdômen, fico excitada com este meu pequeno delito, confesso que há muito tempo não sentia nada assim, sempre me neguei qualquer tipo de desejo sexual, principalmente pq me faziam lembrar o passado, mas dessa vez fui a minha cama, me toquei como uma adolescente inexperiente que no fundo sou, conheci uma região do meu corpo que negligenciei por tantos anos, desta vez não me vinham lembranças de quando tinha doze anos, mas apenas as cenas de poucos minutos atrás, gozei ou pelo menos cheguei o mais próximo disso que consegui ao me tocar mais intensamente enquanto me lembrava dele gozando também.

Estávamos no quarto dele, com a meia luz que vi mais cedo, ele ainda se masturbava, mas dessa vez entrei, ele se assustou com minha presença mas o beijei e pedi pra que continuasse, quando ele passou a acelerar vi a boca dele se mexendo, mas os sons que saíam eram com a voz e as mesmas palavras usadas por aquele maldito, comecei a gritar, me debater pois o Rodrigo já tinha se transformado nele e aquele monstro me prendia contra a parede como na primeira vez, acordei com meu ultimo grito, estava sozinha em meu quarto, mas logo o Rodrigo chegou, acho que também ouviu, contei pra ele do sonho, de que o assisti, da minha primeira experiência me masturbando, não sei o que ele tem que me faz contar tudo, na verdade eu sei, acho que gosto dele o mesmo tanto que ele diz gostar de mim, sonhei que o havia beijado, fiz isso acho que duas ou três vezes durante a adolescência, mas quando sentia que o garoto começava a me pegar demais, mesmo que na inocência adolescente, eu dava uma desculpa e ia embora, era como se as mãos deles fossem aquelas mãos calejadas daquele monstro.

Não pensei muito, beijei o Rodrigo, foi uma merda, hoje reconheço isso, batemos dentes, tivemos problemas em nos encaixar, típico de alguém que não sabe o que está fazendo, obviamente eu no caso, ele apenas se entregou, me deixou explorar seu tórax, as costas, os ombros, ele se ateve a leves carinhos pelos meus ombros e cabelos, considero este meu primeiro beijo de verdade, ao nos soltarmos vi seus olhos brilhando de felicidade, mas eu não estava pronta para mais, ainda não, pedi pra que ele dormisse comigo apenas, o medo de voltar os pesadelos me abalava, guardei estes medos numa caixinha por tanto tempo que teve o mesmo efeito de uma caixa de pandora ao ser

aberta quando ele disse que me queria pra ele

Voltei a dormir, mas dessa vez enroscada nele, não me segurei, queria seu contato, e dormir abraçados era o que eu conseguia no momento, dessa vez foi mais difícil pegar no sono apenas pq queria aproveitar o momento, alguma hora me rendi ao sono, acordamos na mesma posição horas depois, ele deve ter ficado com o braço dormindo, mas não reclamou.

Tomamos o café da manhã misturado ao almoço, típico da preguiça de domingo, passamos à tarde na frente da televisão e a noite fui tomar banho, ele foi pro quarto dele, acho que sua intenção era respeitar meu espaço, mas depois de alguns beijos, muito carinho, e um dia maravilhoso não quis sair do lado dele, amanhã eu teria que ir viajar, ficaria dois dias fora se corresse tudo bem, logo agora que conheci este meu lado.

Entrei no quarto dele, as luzes já estavam apagadas, acho que devo ter demorado no banho, me enrosquei a ele e dormimos. Logo cedo ele me levou à rodoviária, pediu pra que ligasse sempre que possível e que voltasse rápido, pela primeira vez eu não queria ir, seria maravilhoso pelo meu trabalho, mas confesso que neste momento minha vida amorosa estava mais importante pra mim.

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