Normal é chato

490 42 14
                                    

Eram quase onze horas da noite quando ouvi batidas em minha porta, Rafa.

Ele tinha um semblante triste, os olhos estavam vermelhos e logo percebi que a conversa com Luis não havia sido boa. Foram quase duas horas tentando acalma-lo para que pudesse me contar o que aconteceu.

- Melhor migo? - Perguntei tirando o copo de água de sua mão e pousando na mesinha de centro quando sento-me ao seu lado.

- Um pouco. - Ele respira fundo. - Eu sei que não estava mais apaixonado por ele, mas não precisava ser assim... - Ele encosta as costas no sofá deixando a posição tensa de antes.

- Me conta o que aconteceu. - Sento-me de lado para vê-lo melhor.

- Ele... -Rafa gesticula com as mãos e então respira frustrado. - Ele estava com outra pessoa, acredita? - Suas sobrancelhas juntas mostram quem nem ele acredita ainda.

- Quê? Mas pensei que vocês tinham combinado o encontro. - Pergunto confusa.

- E tínhamos. - Diz arregalando os olhos. - Ele não teve nem a decência de conferir o horário do nosso encontro antes de chamar outro pra sua casa.

- Meu Deus. Eu sabia... - Nunca entendi porque não gostava do namoro de Rafael com esse cara, até porque aos olhos dele ele sempre foi maravilhoso. Agora entendo. - Sempre tive uma família inteira de pulgas atrás da orelha com ele, você sabe, já lhe disse isso antes.

- Disse, e eu não ouvi. - Ele se curva com os cotovelos no joelho novamente, cobrindo o rosto com as mãos. - Eu devia ter te ouvido, você é minha melhor amiga e só queria o melhor pra mim, não te ouvi e me ferrei. E agora eu estou aqui me sentindo um idiota.

- Não, não...- Passo o braço em seus ombros e ele deita a cabeça no meu. - Você não tinha como saber, ele é o idiota aqui.

- Está certo que íamos terminar de qualquer jeito, mas não precisava ser assim, agora eu fico pensando que tudo foi mentira. Ele sempre disse que tinha tudo comigo, não entendo, os homens são uma confusão. - Ele respira fundo. - Vou virar hétero. - Não consigo deixar de rir.

- Então você está ferrado porque mulheres são tão confusas quanto. - Ele limpa as bochechas nas costas da mão, funga e ri. Meu celular começa a tocar com o nome da Gabriela no mesmo.

- Eu vou atender, rapidinho okay? - Ele faz que sim com a cabeça, e eu resolvo ir até meu quarto para atender.

* Ligação *

- Oi. - Falo baixo.

- Oi, tudo bem?

- Tudo, e com você?

- Também. Ahn, por que está cochichando?

- Não estou. Por que ligou?

- Eu ia te convidar para... Deixa pra lá, você parece ocupada a gente se fala depois.

- Gabie, espera não desli... - Ela desligou sem mais nem menos.

- Ótimo. - Falo sarcástica com o ar. Volto para a sala e Rafa está deitado no sofá encarando o teto.

- Para de pensar sobre isso, a culpa não foi sua.

- Eu sei, eu não fiz nada de errado.

- Não mesmo. - Sento-me na ponta do sofá perto de seus pés.

- Na verdade eu deveria estar dando graças a Deus, pois independente de eu querer terminar ou não, esse relacionamento já estava fadado a falir.

- Isso mesmo, não tem nenhum motivo para se sentir culpado. - Ele respira fundo.

- Quem era?

- Quê? - Pressiono os lábios tentando parecer desentendida.

Suas FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora